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22/07/2010 - 12h51

"Os Arquivos do Semideus" orienta filhos de deuses gregos; leia trecho

da Livraria da Folha

Divulgação
Guia traz passatempos e histórias inéditas para os fãs da série
Guia traz passatempos e histórias inéditas para os fãs da série

Para finalizar a história de Percy Jackson e sua luta contra Cronos para salvar a civilização ocidental, o escritor norte-americano Rick Riordan reuniu em "Os Arquivos do Semideus" informações sobre os personagens e entrevistas com os principais, além de histórias inéditas.

Escrito como se fosse uma orientação a novos campistas, filhos de deuses gregos imortais, traz passatempos e informações úteis para passar uma temporada no Acampamento Meio-Sangue, como um mapa e o que levar na mala.

As aventuras do jovem filho de Poseidon contam como ele conheceu os imortais e terríveis filhos de Ares, a verdade sobre o dragão de bronze e como Hades adquiriu uma nova arma secreta com a ajuda forçada de Percy.

"Os Arquivos do Semideus" é lançado simultaneamente com o último volume da série, "Percy Jackson e o Último Olimpiano".

Leia abaixo trecho da aventura "Percy Jackson e a Quadriga Roubada":

*

Eu estava no quinto tempo, na aula de ciências, quando ouvi sons vindos de fora.

SCRAUC! AU! SCRECH! eia!

Era como se alguém estivesse sendo atacado por uma galinha possuída. E, acredite, essa é uma situação que já vivi. Ninguém mais pareceu notar o tumulto. Estávamos no laboratório, e todo mundo estava conversando, então, não foi difícil olhar pela janela enquanto fingia que lavava meu béquer.

Como eu suspeitava, havia uma garota no beco empunhando uma espada. Ela era alta e musculosa como uma jogadora de basquete, tinha cabelos castanhos oleosos e usava jeans, coturnos e jaqueta de brim. Estava golpeando um bando de pássaros pretos do tamanho de corvos. Havia penas presas a suas roupas em vários lugares. Um corte acima de seu olho esquerdo sangrava. Enquanto eu a observava, um dos pássaros lançou uma pena como se fosse uma flecha, que se alojou no ombro dela. Ela praguejou e tentou acertar o animal, mas ele voou para longe.

Infelizmente, reconheci a garota. Era Clarisse, minha antiga inimiga no acampamento para semideuses. Ela costumava passar o ano inteiro no Acampamento Meio-Sangue. Eu não tinha ideia do que Clarisse fazia no Upper East Side no meio de um dia de aula, mas, obviamente, ela estava com problemas. E não ia aguentar por muito mais tempo.

Fiz a única coisa que podia.

- Sra. White - chamei -, posso ir ao banheiro? Acho que vou vomitar.

Sabe quando os professores ensinam que as palavras mágicas são por favor? Isso não é verdade. A palavra mágica é vomitar. Ela tira você da sala de aula mais rápido do que qualquer outra coisa.

- Vá! - respondeu a sra. White.

Corri para a porta, tirando os óculos de proteção, as luvas e o avental do laboratório. Então saquei minha melhor arma: uma caneta esferográfica chamada Contracorrente.

Ninguém me parou nos corredores. Saí pelo ginásio. Cheguei ao beco a tempo de ver Clarisse acertar um pássaro demoníaco com a lateral da espada como numa rebatida de beisebol. O pássaro guinchou e voou para longe em espiral, batendo na parede de tijolos e escorregando para dentro de uma lixeira. Mesmo assim, ainda havia uma dúzia deles em volta dela.

- Clarisse! - gritei.

Ela me lançou um olhar furioso, descrente.

- Percy? O que você está fazendo...

Ela foi interrompida por uma saraivada de penas que zuniram sobre sua cabeça e espetaram-se na parede.

- Essa é a minha escola.

- Que sorte a minha - Clarisse resmungou, mas estava muito ocupada para reclamar mais.

Destampei minha caneta, que se tornou uma espada de bronze de um metro de comprimento, e entrei na batalha golpeando os pássaros e desviando as flechas com a lâmina. Juntos, Clarisse e eu atacamos e atingimos os pássaros até que todos fossem reduzidos a pilhas de penas no chão.

Nós dois respirávamos com dificuldade. Eu tinha alguns arranhões, mas nada além disso. Arranquei do meu braço uma pena. Ela não tinha me perfurado muito. Se não fosse venenosa, eu ficaria bem. Tirei um saquinho de ambrosia do bolso da jaqueta, onde sempre o mantinha para emergências, parti um pedaço ao meio e ofereci um pouco a Clarisse.

- Não preciso da sua ajuda - murmurou ela, mas pegou a ambrosia mesmo assim.

Engolimos alguns pedaços, mas não muitos, já que a comida dos deuses pode queimar até as cinzas se ingerida em excesso. Acho que é por isso que não há muitos deuses gordos. De qualquer forma, em poucos segundos nossos cortes e arranhões desapareceram.

Clarisse colocou sua espada na bainha e bateu a sujeira da jaqueta.

- Então... a gente se vê.

- Espere aí! - retruquei. - Você não pode ir embora assim.

- Claro que posso.

- O que está acontecendo? O que está fazendo fora do acampamento? Por que aqueles pássaros estavam perseguindo você?

Clarisse me empurrou, ou tentou me empurrar. Eu estava bastante acostumado com seus truques, então apenas dei um passo para o lado e deixei que ela passasse direto por mim.

- Vamos lá - insisti. - Você quase foi morta na minha escola. Isso agora virou assunto meu.

- Não virou, não!

- Deixe eu ajudar você.

Ela deu um breve suspiro. Senti que realmente queria me bater. Mas, ao mesmo tempo, havia desespero em seus olhos, como se ela estivesse com sérios problemas.

- São meus irmãos - começou ela. - Eles estão aprontando comigo.

- Ah - respondi, sem muita surpresa. Clarisse tinha muitos irmãos no Acampamento Meio-Sangue. Todos implicavam uns com os outros. Acho que isso era esperado, já que são filhos e filhas do deus da guerra, Ares.

- Que irmãos? Sherman? Mark?

- Não - respondeu ela, parecendo assustada como eu nunca tinha visto. - Meus irmãos imortais. Phobos e Deimos.

*

Os Arquivos do Semideus
Autor: Rick Riordan
Editora: Intrínseca
Páginas: 168
Quanto: R$ 24,90
Onde comprar: Pelo telefone 0800-140090 ou pelo site da Livraria da Folha

 
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