Livraria da Folha

 
19/07/2010 - 12h16

Filho de Poseidon precisa lutar contra Cronos em último livro de série

da Livraria da Folha

Desde que descobriu que Cronos era o grande vilão por trás das que acusações que caíam sobre sua cabeça no primeiro volume, Percy Jackson se preparou para enfrentar a ira do titã.

Agora, com 16 anos, o filho de Poseidon terá que reunir toda a sua coragem e seus aliados para evitar o fim da civilização ocidental.

Este é o enredo do quinto e último livro da série "Percy Jackson e os Olimpianos". Escrita por Rick Riordan, narra a vida de um jovem semideus que precisa conciliar a vida moderna com seu treinamento para ser um típico herói grego da mitologia.

"Percy Jackson e o ÚItimo Olimpiano" chega ao Brasil na primeira quinzena de agosto, ao mesmo tempo que "Os Arquivos do Semideus", guia com histórias inéditas e atividades.

Leia abaixo um trecho do primeiro capítulo de "Percy Jackson e o ÚItimo Olimpiano":

*

Divulgação

Capítulo Um - Embarco em um cruzeiro explosivo

O fim do mundo começou quando um pégaso pousou no capô de meu carro.

Até então, minha tarde estava ótima. Tecnicamente, eu não devia estar dirigindo, pois ainda faltava uma semana para completar dezesseis anos, mas minha mãe e meu padrasto, Paul, levaram a mim e a minha amiga Rachel para um trecho de estrada em uma praia particular em South Shore, e Paul nos emprestou seu Prius para uma voltinha.

Ora, eu sei que você está pensando: Puxa, isso é uma grande irresponsabilidade dele, blá-blá-blá, mas Paul me conhece muito bem. Ele já me vira fatiar demônios e saltar de janelas de escolas em chamas, então provavelmente concluiu que guiar um carro algumas centenas de metros não era exatamente a coisa mais perigosa que eu já havia feito.

Seja como for, Rachel e eu estávamos sozinhos no carro. Era um dia quente de agosto. O cabelo vermelho de Rachel estava preso em um rabo de cavalo e ela usava uma blusa branca sobre o maiô. Eu nunca a tinha visto com outra roupa que não camisetas velhas e jeans rabiscados, ela estava bonita como um milhão de dracmas de ouro.

- Ah, pare ali! - ela me disse.

Estacionamos num recuo que dava para o Atlântico. O mar é sempre um de meus locais favoritos, e naquele dia estava especialmente bonito - de um verde resplandecente, e liso como vidro, como se meu pai o estivesse mantendo tranquilo só para nós dois.

Meu pai, por falar nisso, é Poseidon. Ele pode fazer esse tipo de coisa.

- E então? - Rachel sorria para mim. - Sobre aquele convite.

- Ah... certo. - Tentei parecer animado.

Bem, ela me convidara para passar três dias na casa de praia de sua família na ilha de St. Thomas. Eu não recebia muitos convites assim. A ideia de férias bacanas para minha família era um fim de semana em um chalé velho em Long Island, com alguns filmes alugados e pizzas congeladas, e a família de Rachel estava me chamando para ir com eles para o Caribe.

Além disso, eu precisava mesmo de férias. O último verão fora o mais árduo de minha vida. A possibilidade de descansar por alguns dias era realmente tentadora.

Ainda assim, a expectativa era que algo importante acontecesse a qualquer dia. Eu estava "à espera" de uma missão. Ainda pior, meu aniversário seria na semana seguinte, e havia aquela profecia que dizia que quando eu completasse dezesseis anos coisas ruins aconteceriam.

- Percy - ela disse -, sei que a hora é ruim. Mas é sempre ruim para você, não é?

O argumento dela era bom.

- Eu quero ir, de verdade - garanti. - É só...

- A guerra.

Assenti. Eu não gostava de falar sobre isso, mas Rachel sabia. Ao contrário da maioria dos mortais, ela podia ver através da Névoa - o véu mágico que distorce a visão humana. Ela vira monstros.

Conhecera alguns dos outros semideuses que lutavam contra os titãs e os aliados deles. Ela, inclusive, estava presente no último verão, quando o despedaçado Senhor Cronos se ergueu de seu caixão em uma forma nova e terrível, e conquistara meu respeito eterno ao acertá-lo no olho com uma escova de cabelos de plástico azul.

Ela pôs a mão em meu braço.

- Pelo menos pense a respeito, o.k.? Só vamos daqui a dois dias. Meu pai... - Sua voz falhou.

- Tem tido problemas com ele? - perguntei.

Rachel sacudiu a cabeça, infeliz.

- Ele está tentando ser legal comigo, o que é quase pior. Quer que eu vá para a Academia de Moças de Clarion no outono.

- A escola que sua mãe frequentou?

- É uma escola estúpida para garotas da sociedade, lá em New Hampshire. Você consegue me ver em uma escola para moças?

Tinha de admitir que a ideia parecia bastante estúpida. Rachel gostava de se dedicar a projetos de arte urbana, de alimentar os sem-teto, de frequentar manifestações de protesto para "Salvar o Pica-pau-de-barriga-amarela em Risco de Extinção" e de coisas desse tipo. Eu nunca nem mesmo a vira usar um vestido. Era difícil imaginá-la aprendendo a ser uma socialite.

Ela suspirou.

- Ele acha que se fizer um monte de coisas legais para mim vou me sentir culpada e ceder.

- E foi por isso que ele concordou em me deixar ir com vocês de férias?

- Sim... mas, Percy, você estaria me fazendo um imenso favor. Seria tão melhor se você estivesse conosco. Além disso, tem um assunto que eu queria comentar... - Ela se deteve abruptamente.

- Um assunto que você quer falar comigo? - perguntei. - Quer dizer... é tão sério que precisamos ir a St. Thomas para conversar a respeito?

Ela franziu os lábios.

- Olhe, esqueça isso por ora. Vamos fingir que somos um casal de pessoas normais. Saímos para dar um passeio e estamos olhando o oceano, porque é legal ficar junto.

Eu podia ver que algo a incomodava, mas ela exibiu um sorriso corajoso. A luz do sol fazia seu cabelo parecer feito de fogo.

Havíamos passado um bocado de tempo juntos naquele verão. Eu não havia exatamente planejado desse modo, porém, quanto mais séria a situação ficava no acampamento, mais eu tinha necessidade de ligar para Rachel e dar uma escapada, só para respirar um pouco. Precisava me lembrar de que o mundo mortal ainda estava lá, distante de todos os monstros que queriam me usar como saco de pancadas.

- O.k. - concordei. - Apenas uma tarde normal e duas pessoas normais.

Ela assentiu.

- E então... hipoteticamente, se essas duas pessoas se gostassem, o que seria preciso para que o garoto estúpido beijasse a garota, hein?

- Ah... - Eu me senti como uma das vacas sagradas de Apolo: lento, burro e vermelho. - Hã...

Não posso fingir que não pensava em Rachel. Era tão mais fácil ficar na companhia dela do que na de... bem, do que na de algumas outras garotas que eu conhecia. Eu não precisava me esforçar, nem tomar cuidado com o que falava, nem queimar o cérebro para decifrar o que ela estava pensando. Rachel não escondia muito. Ela demonstrava o que sentia.

Eu não sei o que teria feito a seguir - mas estava tão distraído que não percebi a forma enorme e escura descendo do céu até quatro cascos pousarem no capô do Prius com um WUMP-WUM-CRUNCH!

Ei, chefe, disse uma voz acima da minha cabeça. Que carro bacana!

O pégaso Blackjack era um velho amigo, então tentei não ficar muito aborrecido com as crateras que ele acabara de abrir no capô; mas não achava que meu padrasto fosse ficar muito alegre.

- Blackjack! - Suspirei. - O que você está...

Então vi quem o estava montando e percebi que meu dia estava prestes a se complicar... e muito.

- E aí, Percy?

Charles Beckendorf, líder do chalé de Hefesto, faria a maioria dos monstros chorar chamando pela mamãe. Ele era enorme, tinha músculos muito definidos por causa do trabalho nas forjas todo verão, era dois anos mais velho que eu e um dos melhores ferreiros de armadura do acampamento. Ele criou verdadeiras engenhocas mecânicas para mim. Um mês antes, montara um mecanismo grego incendiário no banheiro de um ônibus de turismo que levava um bando de monstros para o outro lado do país. A explosão liquidou uma legião inteira de seres malignos de Cronos assim que a primeira harpia deu a descarga.

Beckendorf estava vestido para o combate. Usava um peitoral de bronze, um elmo de guerra, calça de camuflagem preta e uma espada presa por correia na lateral do corpo. Sua sacola de explosivos pendia a tiracolo.

- Está na hora? - perguntei.

Ele assentiu, sombriamente.

Um nó formou-se em minha garganta. Eu sabia que aquilo estava por vir. Havíamos planejado durante semanas, mas eu de certo modo esperava que nunca acontecesse.

Rachel olhou para Beckendorf.

- Oi.

- Ah, ei. Eu sou Beckendorf. Você deve ser Rachel. Percy me falou... hã, quer dizer, ele mencionou você.

Rachel ergueu uma sobrancelha.

- Verdade? Bom. - Ela olhou para Blackjack, que batia os cascos no capô do Prius. - Acho então que vocês precisam salvar o mundo agora.

- É por aí - concordou Beckendorf.

Olhei para Rachel, impotente.

- Você pode dizer a minha mãe...

- Eu digo a ela. Tenho certeza de que já está acostumada. E explico a Paul sobre o capô.

Fiz um gesto com a cabeça, agradecendo. Pensei que provavelmente seria a última vez que Paul me emprestava seu carro.

- Boa sorte. - Rachel me beijou antes que eu pudesse sequer reagir. - Agora, vá, meio-sangue. Mate alguns monstros por mim.

Minha última visão dela foi sentada no banco do carona do Prius, de braços cruzados, olhando Blackjack descrever círculos no ar, cada vez mais alto, levando-me com Beckendorf para o céu. Imaginei o que Rachel queria falar comigo, e se eu viveria tempo suficiente para descobrir.

- Então - disse Beckendorf -, acho que você não vai querer que eu comente aquela pequena cena com Annabeth.

- Ah, céus! - murmurei. - Nem pense nisso.

Beckendorf deu uma risadinha, e juntos fomos planando acima do Atlântico.

*

O Último Olimpiano
Autor: Rick Riordan
Editora: Intrínseca
Páginas: 462
Quanto: R$ 29,90
Onde comprar: Pelo telefone 0800-140090 ou pelo site da Livraria da Folha

 
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