Livraria da Folha

 
25/07/2010 - 16h18

Autor de "Carinhoso", Braguinha atuou também como roteirista de cinema

WILLIAM MAGALHÃES
colaboração para a Livraria da Folha

Reprodução
Com 60 páginas, livro em capa dura traz tudo sobre Braguinha, além de CD com 14 faixas
Com 60 páginas, livro em capa dura traz tudo sobre Braguinha, além de CD com 14 faixas

"Ele foi Carlos Alberto Ferreira Braga para o registro civil, Carlinhos para a família, Braguinha para os amigos e João de Barro para a música popular brasileira". Foi assim que, três dias após a morte de Braguinha, o jornalista Sérgio Cabral escreveu um especial para a Folha contando a origem de tantos nomes pelos quais o compositor e cantor era conhecido.

Braguinha nasceu em 29 de março de 1907 no Rio de Janeiro. Morou na Gávea e em Botafogo, mas foi em Vila Isabel que cresceu e passou a maior parte da infância. Ainda criança costumava cantar acompanhado ao piano por sua avó.

A música se fez presente em sua vida na juventude. No Colégio Batista, onde estudou, tornou-se amigo do violinista Henrique Brito. Aos 16 anos, compôs letra e música de "Vestidinho Encarnado", sua primeira canção. Em 1928, fundou o conjunto "Flor do Tempo", que mais tarde iria se tornar o "Bando de Tangarás".

Noel Rosa juntou-se ao grupo no ano seguinte, quando gravaram o primeiro disco pela Odeon. Foi nesta época que Braguinha mudou seu nome para João de Barro, porque seu pai não queria o nome da família ligado à musica popular.

A década de 30 foi uma das mais produtivas e significativas na carreira do cantor. Com Alberto Ribeiro criou "Balancê", que fez muito sucesso na voz de Carmem Miranda. Com Henrique Froes, o Almirante, compôs "Yes, Nós Temos Bananas".

Em meados de 1934, quando conheceu o americano Wallace Downey, foi convidado a trabalhar com cinema e começou a carreira como roteirista e assistente de direção. Desta forma, compondo trilhas, aproximou-se também do mercado fonográfico.

Escreveu argumentos e composições de filmes como "Alô, Alô Carnaval", de 1936. Nesta obra destaca-se a marcha "Cantoras do Rádio", cuja criação divide com Lamartine Babo. A música foi interpretada pelas irmãs Aurora e Carmem Miranda. Em janeiro de 1938, casou-se com Astréa Rabelo Cantolino e foi morar na Tijuca.

Musicalmente, Braguinha foi um compositor eclético. Entre as mais de 500 composições, criou muitas marchinhas carnavalescas, dentre as quais "Chiquita Bacana". Ao lado de Pixinguinha, compôs o choro "Cochichando", do instrumentista. Foi co-autor de "Carinhoso", em 1935, quando deu letra a melodia que já existia desde 1928.

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Ainda na área da música e do cinema, na década de 40, o compositor começa a fazer dublagens para filmes de Walt Disney. Em 1943, assume a direção da gravadora Continental.

No fim dos anos 50, a carreira como compositor passou a chamar menos atenção, com a diminuição das marchinhas de carnaval. Ainda assim, nas décadas seguintes, teve muitos intérpretes para suas composições, Jorge Goulart com "Laura"; "Onde Vais, Morena?", pelos Anjos do Inferno e "Funciona Cocota", pelo comediante Chico Anysio.

Tendo atravessado quase um século, Braguinha foi homenageado diversas vezes por sua obra. Morreu aos 99 anos na véspera de Natal, no ano de 2006, vítima de falência múltipla dos órgãos, causada por uma infecção generalizada.

Sucessos

No ano em que Getúlio Vargas chegou ao poder, o compositor e cantor Braguinha gravou suas primeiras canções. Dada a efervescência daquela época, considerada a era áurea do Carnaval, compôs marchinhas de sucesso que entraram para a história da MPB e caíram no gosto popular.

De apelo nacionalista, valorizando a cultura e o produto nacional, em sua obra destacam-se as marchinhas "Yés, Nós Temos Banana" e "Chiquita Bacana".

Braguinha vivenciou ainda a Era de Ouro do Rádio, tendo criado um de seus maiores sucessos "Cantoras do Rádio".

O compositor, trabalhando na indústria cinematográfica, também foi o responsável por muitos roteiros. Com a vigência da Ditadura Militar, após o golpe de 1964, fez grande sucesso suas adaptações das histórias da Disney durante a década de 70, editadas pelo selo Disquinho.

Em 1984, ano em que o Sambódromo foi inaugurado e o carnaval começava a trilhar outros rumos, recebeu uma das maiores homenagens de sua vida, virando tema do samba-enredo da Mangueira.

 
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