Livraria da Folha

 
07/08/2010 - 09h51

Saiba mais sobre R. Crumb e Gilbert Shelton; Mestres da HQ falam neste sábado na Flip

FELIPE JORDANI
colaboração para a Livraria da Folha

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Fat Freddy, Freewheelin` Franklin e Phineas; trupe de hippies maconheiros em "Fabulous Furry Freak Brothers", de Gilbert Shelton
Fat Freddy, Freewheelin` Franklin e Phineas; trupe de hippies maconheiros em "Fabulous Furry Freak Brothers", de Gilbert Shelton

Donos de traços livres, caricaturais e com temáticas até então vistas como tabu, os quadrinhistas americanos Robert Crumb e Gilbert Shelton, revolucionaram o mundo das HQs no clima da contracultura dos anos 1960 e 1970.

Os dois se apresentam neste sábado (7) na mesa "A origem do universo" da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), no Rio, às 19h30. O encontro discute a história dos quadrinhos.

"Fritz, the Cat" (Conrad), de Crumb, e "Fabulous Furry Freak Brothers" (Conrad), de Shelton, são histórias consideradas como marcos das publicações alternativas nos EUA. A primeira, idealizada em 1964, traz a história de um gato intelectual, politicamente incorreto e mulherengo que vive em uma metrópole povoada por animais. Já a segunda, criada em 1967, capta o estilo de sexo, drogas e rock`n`roll da época. A HQ narra as confusões vividas por Fat Freddy, Phineas e Freewheelin` Franklin, uma trupe de hippies maconheiros e picaretas.

Em confronto direto com os valores de sua época, como o consumismo exagerado e o conservadorismo sexual e político, os trabalhos da dupla foram inicialmente publicados na revista alternativa "Zap Comix" (Conrad).

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Autorretrato de Robert Crumb; Os primeiros trabalhos do autor foram publicados na coletânea "Zap Comix"
Autorretrato de Robert Crumb; Os primeiros trabalhos do autor foram publicados na coletânea "Zap Comix"

Entre as obras célebres de Crumb está "Mr. Natural" (Conrad), uma espécie de guru que por meio de seus conselhos e máximas, termina por satirizar muitos dos aspectos da sociedade pós-moderna. O autor não tem um alvo específico, "perdedores", machistas, conservadores, moralistas e "almofadinhas", todos passam por sua crítica bem humorada. Seus personagens são marcados pelos corpos desproporcionais, por vezes roliços e cheios de lascívia.

Em "Gênesis" (Conrad), inspirador do nome da mesa da Flip ("A origem do universo") e seu trabalho mais recente, o quadrinhista desenha sua própria versão da criação bíblica do mundo. Com todos os estupros, guerras e momentos polêmicos do texto original, o artista não tem a intenção de satirizar e mantém o texto do livro religioso.

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Trechos de "Genêsis"; Versão da história bíblica do cartunista Robert Crumb inspirou mesa da Flip com o autor
Trechos de "Genêsis"; Versão da história bíblica do cartunista Robert Crumb inspirou mesa da Flip com o autor

Crumb também realizou parcerias célebres. A série "American Splendor" (sem publicação no Brasil), idealizada por Harvey Pekar e adaptada para o cinema em 2004, por exemplo, ganhou vida pela primeira vez nos traços do artista. As vivências da dupla podem ser acompanhadas na publicação "Bob & Harv" (Conrad).

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O Fantástico Porco-Verruga frequentou alguns volumes da "Zap Comix" nos EUA
O Fantástico Porco-Verruga frequentou alguns volumes da "Zap Comix" nos EUA

O autor também já adaptou textos de escritores célebres, como em "Kafka de Crumb" (Desiderata), sobre o escritor Franz Kafka (1883-1924).

Gilbert Shelton é responsável por "Wonder Wart-Hog (the Hog of Steel)" (que poderia ser traduzido como "O Fantástico Porco-Verruga: O Suíno de Aço" --não lançado no Brasil), realizada em conjunto com Tony Bell. Trata-se de uma sátira das histórias de super-heróis, principalmente do super-homem.

Atualmente, o artista trabalha na produção de um longa-metragem animado com os irmãos maconheiros.

Quase todos os anos a Flip reserva espaço para a chamada nona arte. Em 2009 a arte sequencial foi representada pela nova geração de quadrinhistas brasileiros com Rafael Coutinho, de "Cachalote", os irmãos Fábio Moon e Gabriel Bá, de "Meu Coração, Não Sei Por Quê" (Via Letras), e Rafael Grampá, que participou da coletânea "Bang Bang" (Devir).

No ano anterior foi a vez do cultuado escritor Neil Gaiman, autor da série de quadrinhos "Sandman" (Panini Comics). Ele atraiu legiões de fãs que foram ao evento unicamente para vê-lo.

 
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