Livraria da Folha

 
18/08/2010 - 16h11

Neta de Monteiro Lobato relembra convivência com avô em visita à Bienal do Livro

PAULA DUME
colaboração para a Livraria da Folha

Paula Dume/Folhapress
"A Menina do Narizinho Arrebitado", primeira obra de Monteiro Lobato, em iPad, na Bienal
"A Menina do Narizinho Arrebitado", primeira obra de Monteiro Lobato, em iPad, na Bienal

Na manhã desta quarta-feira (18), Joyce Campos Kornbluh, 80, primeira neta de Monteiro Lobato (1882-1948), decidiu visitar a 21ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo. Estava ansiosa para conhecer a exposição dedicada ao avô no evento. Não ficou decepcionada.

"Melhor não podia ser. Está muito bom, não reclamei de nada", afirma. A arquiteta formada na Universidade Mackenzie teve a oportunidade de ver "A Menina do Narizinho Arrebitado", primeira obra escrita pelo avô em 1920, em iPad, no pavilhão do Anhembi.

Em entrevista à Livraria da Folha no estande da Globo Livros, Joyce, filha de Martha --primogênita de Lobato--, disse que conviveu com o avô até os 18 anos, quando ele morreu.

Até os 8, passava a maior parte do tempo na casa dos avós Purezinha e Juca (apelido dado à José Bento Monteiro Lobato), no bairro da Aclimação, zona sul de São Paulo. "Fugia da minha casa pra ir pra casa deles", lembra.

Lá, Joyce e sua amiga Maiah Pinsard possuíam uma liberdade que não tinham em seus lares. "Líamos o que devia e o que não devia. Brincávamos de casinha dentro dos caixotes de livros do meu avô".

Paula Dume/Folhapress
Joyce, neta de Monteiro Lobato, brincava de casinha dentro dos caixotes de livros do avô
Joyce, neta de Monteiro Lobato, brincava de casinha dentro dos caixotes de livros do avô

A biblioteca de Lobato vivia encaixotada, por conta das constantes viagens do escritor para fora do país. A neta tinha oportunidade de desfrutar da companhia do avô durante as temporadas de férias no chalé em Campos do Jordão (a 181 km de São Paulo) ou quando Juca retornava para sua casa, na Aclimação.

Questionada se Lobato indicava leituras ou contava histórias, Joyce disse que o escritor era muito liberal, deixava as meninas à vontade em sua casa para escolher o que ler e do que brincar.

Ela dividia as peraltices com a amiga e vizinha Maiah. "Morria de inveja, porque ela tinha professores particulares em casa e eu não". A arquiteta estudava na Graded School, tradicional escola norte-americana do Morumbi, em SP.

Joyce nasceu em Nova York, época em que Lobato era adido comercial do governo Washington Luís (1926-1930) em solo norte-americano. Aos nove meses, veio para o Brasil com os pais --Martha Lobato Campos e Jurandir Ubirajara Campos, ilustrador do "The New York Times".

A arquiteta morou na Aclimação até 1974. Atualmente vive no Jardim Paulistano, mas não esquece do perímetro quadrado de brincadeiras na zona sul da capital. Ela tem uma filha única que mora nos Estados Unidos e dois netos (um de 19 e outro de 7 anos).

 
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