Livraria da Folha

 
23/08/2010 - 15h26

Livro provoca que "a infância é o período da humanização do indivíduo"; leia trecho

da Livraria da Folha

Divulgação
Atenção à necessidade de melhor diálogo entre crianças e adultos
Atenção à necessidade de melhor diálogo entre crianças e adultos

Entender a cabeça de uma criança não é tarefa fácil. Entre explosões de sentimentos, os pais e responsáveis tentam desvendar os gostos, as injúrias e as palavras e gestos soltos no ar. Os temperamentos variam, os gostos se multiplicam ou retraem. O que eles querem e o que estão pensando? O que fazer, enfim?

"Introdução à Psicologia da Criança" descreve um interessante ensaio a respeito da problemática infantil. Escrito pelo psicólogo clínico Paul Osterrieth, o profissional fundamentou suas ideias baseadas em estudos recentes, nas observações clínicas e em situações cotidianas.

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Pensado de forma didático e objetivo, o texto retrata a evolução do estudo. Ele aborda sucessivamente a "idade bebê" (de 0 a 15 meses); o período de expansão subjetiva (de 1 a 3 anos); a descoberta da realidade externa (de 3 a 6 anos); a desagregação da subjetividade primitiva (de 6 a 9 anos) e a maturidade infantil (de 9 a 12 anos).

O livro é indicado a todos os profissionais que, de alguma forma, trabalham com crianças. O conteúdo, à primeira vista complexo, é na verdade uma conversa interessante sobre o comportamento infantil e destaca um assunto de extrema importância e sempre pertinente.

Como o autor explica, "são bem raros os adultos que concedem à infância o interesse que ela merece: bem raros são os pais que possuem uma ideia de conjunto da evolução percorrida por seu filho ou que captam o significado de um momento determinado de seu desenvolvimento."

Leia trecho.

*

A criança e a infância: alguns elementos gerais

Diante da criancinha que acaba de nascer, os familiares emocionados reagem geralmente segundo duas tendências divergentes. Alguns se esforçam para encontrar no recém-nascido algum traço que possa lembrar seus ascendentes, enquanto outros procuram alguma característica original dele. Alguns são sensíveis à continuidade da vida, à continuação daquilo que já existiu, outros ficam mais impressionados por aquilo que cada existência humana traz de novo e de perfeitamente único.

Se semelhantes reflexões são ingênuas e banais, no entanto elas contêm uma profunda verdade: por meio desse recém-nascido, alguma coisa que vem de um passado bem longínquo vai uma vez mais se desenvolver e prosseguir, e no entanto essa continuação tomará inevitavelmente uma dimensão particular, fundamentalmente imprevisível e nova. Sabemos de fato que a criança terá semelhanças com os que a precederam, porém sabemos igualmente que ela será "ela mesma", isto é, diferente.

Significado da infância

Estas considerações contribuem para especificar o significado do fenômeno infância. "A criança não é criança porque ela é pequena", escrevia Claparède no início do século, "ela é criança para se tornar adulta." A infância é o período da "humanização" do indivíduo, do aprendizado da natureza humana. Esse aprendizado é longo. Será ainda mais longo quanto mais complexo e evoluído for o nível adulto a ser atingido.

Essa humanização só pode se produzir no cenário de um meio humano adulto que, incessantemente, revela e propões à criança os comportamentos característicos de sua espécie e do grupo do qual ela faz parte. A criança, em sua polivalência e em sua indeterminação, é por excelência um animal educandum, um ser que pede educação, como bem observou Langeveld.

Sem essa educação, ela não se torna um adulto de sua espécie. Isso significa que a infância nunca é tomada suficientemente a sério. Isso significa que longe de ser "este mal necessário", como muitas vezes nos referimos a ela, a infância é na realidade a via aberta para as realizações mais inesperadas e maravilhosas do psiquismo humano, do qual talvez não atinjamos a riqueza e as possibilidades. Mas, se o ser torna-se humano "segundo" a cultura na qual ele cresce e "segundo" o grupo familiar ao qual pertence, isso significa que seu meio o define em grande parte.

Sob a influência desse meio, como lembrou Watson, a criança é levada a elaborar um repertório comportamental inevitavelmente mais restrito do que aquele do qual, em princípio, ela é capaz: a criança poderia também aprender outra coisa diferente do que é admitido, estimulado e valorizado por seu grupo.

Logo, a educação abre caminhos, porém limita inevitavelmente seu número. Ela "humaniza", mas em uma direção determinada. Cabe ao adolescente e ao adulto alargar e completar o leque, mas isso só poderá ser feito partindo daquilo que sua infância fez dele.

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"Introdução à psicologia da criança"
Autor: Paul Osterrieth
Editora: Loyola
Páginas: 172
Quanto: R$ 32
Onde comprar: Pelo telefone 0800-140090 ou pelo site da Livraria da Folha

 
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