da Livraria da Folha
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Obra adaptada para o cinema narra cotidiano dos policiais do BOPE |
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"Elite da Tropa (Edição de Bolso)" (Editora Objetiva, 2008), do antropólogo Luiz Eduardo Soares e dos policiais André Batista e Rodrigo Pimentel, serviu de base para o filme "Tropa de Elite", de José Padilha, um dos maiores sucessos de bilheteria do cinema nacional.
O livro narra histórias de crime e violência sob o ponto de vista de integrantes do Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais). O grupo executa missões estratégicas contra membros fortemente armados do crime organizado no Rio.
Contestados por seus métodos violentos, estes profissionais também são conhecidos por serem menos seduzíveis à corrupção.
A obra permite entender um pouco melhor como é organizado o tráfico de drogas no Rio de Janeiro e as ferramentas que o Estado tem para combatê-lo.
Veja trecho de "Elite da Tropa (Edição de Bolso)".
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Subiram uma ruela sinuosa e entraram numa casinha de dois andares, próxima a um beco. Sala e cozinha escuras e apertadas, separadas por uma cortina engordurada, azul-marinho. A geladeira ficava na sala, ao lado da televisão. Um sofá rasgado e uma cadeira, sob um tapete de parede com motivos venezianos: gôndolas, pontes, canais. A escada lateral de madeira, íngreme. Um dos irmãos repetia que a mãe era doente, um AVC a deixara paraplégica, passava os dias em casa e morreria se soubesse que os filhos tinham qualquer problema com a polícia. Nestor, paternal e compreensivo, fazia o contraponto a Amparo:
- Se vocês derem as armas não vai acontecer nada com vocês, nem com sua mãe.
A porta rangeu.
- Quem está aí?
A voz feminina vinha do segundo andar. Provavelmente era verdadeira a história da mãe doente.
- Somos nós, mãe. Fica tranquila. Os policiais só vieram ver se tem alguma coisa errada, aqui - disse o cara da pistola, que era mais alto e um pouco mais velho.
- A senhora fica aí em cima. Não queremos nada com a senhora - disse o Nestor.
- Agora deixem de viadagem e passem logo os fuzis. Onde estão as peças? - Amparo fazia o papel do meganha durão: - Vamos, porra. Não temos a manhã toda não, caralho.
E sentou a mão na cara do mais baixo.
- Porra, seu polícia, não esculacha. Tô dizendo que não sei de arma nenhuma. A única arma era aquela pistola. Estou falando a verdade.
- Não fode - Amparo respondeu com uma coronhada e um chute no joelho.
O rapaz envergou e começou a chorar.
- Não sei de armas, porra; não tenho peça nenhuma.
A mulher gritava lá em cima:
- Os meninos são trabalhadores. Nossa família é honesta, Não tem arma em casa. Deixem eles em paz.
- Não se mete, porra - Amparo respondeu.
E aumentou o tom:
- Cala essa boca, sua puta. Se não fechar essa boca suja, eu vou encher de porrada esses filhos-da-puta.
- É melhor a senhora ficar na sua, senão as coisas podem complicar - ponderou Nestor, a voz hierática de um sacerdote da segurança pública.
- E você, seu vagabundo de merda?
Amparo deu um tapa de mão aberta na cara do menino mais alto. Nelson Rodrigues dizia que tapa não dói, mas o som do estalo humilha. Não sei se não dói. Conhecendo a força de Amparo, não sei não.
*
"Elite da Tropa (Edição de Bolso)"
Autores: André Batista, Luiz Eduardo Soares, Rodrigo Pimentel
Editora: Objetiva
Páginas: 316
Quanto: R$ 6,90 (preço especial, por tempo limitado)
Onde comprar: 0800-140090 ou na Livraria da Folha
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