Livraria da Folha

 
27/08/2010 - 22h11

Sonetos de Shakespeare ganham tradução personalizada de celebridades como Lázaro Ramos

da Livraria da Folha

Divulgação
Personalidades traduziram seus sonetos favoritos de Shakespeare
Personalidades traduziram seus sonetos favoritos de Shakespeare

Em "Sonetos de Shakespeare: Faça Você Mesmo" --que será lançado pela editora Objetiva em setembro--, atores, roteiristas e escritores traduziram, de forma muito particular, alguns de seus sonetos favoritos do dramaturgo e poeta inglês (1564-1616).

O ator Lázaro Ramos, por exemplo, lembra que ficou muitos dias pensando em uma palavra certa para completar um verso. A experiência foi uma tarefa curiosa e inesquecível para ele.

O volume revela que nem Shakespeare foi tão rigoroso assim em seus 154 sonetos, escritos nos anos 1590 e publicados em 1609. O 126 tem apenas 12 versos, rimando de par em par. Veja abaixo mais curiosidades sobre os sonetos shakesperianos e sobre como fazer um soneto, segundo Carlos Pena Filho.

*

Nem Shakespeare foi tão rigoroso. Entre os 154 sonetos escritos nos anos 1590 e publicados pela primeira vez em 1609, alguns fogem ao padrão:

- O número 29 repete uma rima B no lugar da F. Usa até a mesma palavra (state).
- O 87 começa rimando ABAB, e assim continua, mas os outros dois quartetos rimam palavras terminadas em -ing (como a rima A), embora todas diferentes (-sing, -anting, -erving, -owing, -aking).
- O 99 tem quinze versos, mas o primeiro funciona como uma introdução. É um soneto.
- O 126 tem só doze versos, rimando de par em par. É um soneto?
- O 145 não é pentâmetro, mas tetrâmetro iâmbico.

*

Se você tiver quatorze versos, você terá um soneto.

1. My mistress' eyes are nothing like the sun;
2. Coral is far more red than her lip's red;
3. If snow be white, why then her breasts are dun;
4. If hair be wires, black wires grow on her head;
5. I have seen roses damask'd, red and white,
6. But no such roses see I in her cheeks;
7. And in some perfumes is there more delight
8. Th an in the breath that from my mistress reeks.
9. I love to hear her speak, yet well I know
10. Th at music hath a far more pleasing sound:
11. I grant I never saw a goddess go;
12. My mistress, when she walks, she treads on ground.
13. And yet, by heaven, I think my love as rare
14. As any she belied with false compare.

*

Para Fazer um Soneto

Tome um pouco de azul, se a tarde é clara,
E espere pelo instante ocasional.
Nesse curto intervalo Deus prepara
E lhe oferta a palavra inicial
Aí, adote uma atitude avara:
Se você preferir a cor local,
Não use mais que o sol de sua cara
E um pedaço de fundo de quintal.
Se não, procure a cinza e essa vagueza
Das lembranças da infância, e não se apresse,
Antes, deixe levá-lo a correnteza.
Mas ao chegar ao ponto que se tece
Dentro da escuridão a vã certeza,
Ponha tudo de lado e então comece.

Carlos PENA FILHO
(Recife, 17 de maio de 1929 - Recife, 1º de julho de 1960) - Livro Geral.

 
Voltar ao topo da página