FABIO ANDRIGHETTO
da Livraria da Folha
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Nas versões mais simplistas da história, a Independência do Brasil aconteceu em 7 de setembro de 1822, com um grito de dom Pedro 1º (1798-1834) às margens do rio Ipiranga. O ato ficou imortalizado no Hino Nacional e em um quadro de Pedro Américo. Mas estudiosos ainda divergem sobre o caráter do "herói".
Historiadores concordam, contudo, que a emancipação política começou com a vinda da corte portuguesa para as terras brasileiras, em 1808, quando a dinastia bragantina fugia da ameaça de Napoleão Bonaparte.
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Quadro do artista Pedro Américo (1843-1905) que imortalizou o momento do grito de Independência, às margens do rio Ipiranga |
O fato de o processo de independência ter sido conduzido e concluído por um membro da alta nobreza dá um ar de singularidade ao evento histórico. Dom Pedro 1º era príncipe regente e herdeiro natural da coroa portuguesa, nascido em solo lusitano.
Suas características são diferentes das de Simon Bolívar (1783-1830) e José de San Martín (1778-1850) --responsáveis pela independência de grande parte dos países latino-americanos-- ou mesmo do norte-americano George Washington (1732-1799), que lutou contra os ingleses e se tornou o primeiro presidente de seu país.
Chamado de "rei-soldado" pelos portugueses e de "o libertador" pelos brasileiros, para a historiadora Isabel Lustosa, autora de "D. Pedro I" (Companhia das Letras, 2006), o imperador era impulsivo, mal-educado, xucro e sem caráter. Um herói macunaímico perfeito para dar errado.
Já em "Brasil: uma História" (LeYa, 2010), Eduardo Bueno o apresenta como um jovem bonito, "bolinador de escravas", humilde e de reconhecido bom coração. Era também um péssimo escritor e um excelente músico.
Laurentino Gomes --autor do best-seller "1808" (Planeta, 2007) e de sua aguardada sequência, "1822" (Nova Fronteira, 2010)-- descreve o governante como um homem de pulso firme e corajoso, muito diferente de dom João 6º (1767-1826), seu pai.
A divulgação da história brasileira feita nos últimos tempos por Laurentino, Isabel e Eduardo foi realizada pelo pioneiro Paulo Setúbal (1893-1937) há mais de 80 anos. Na década de 1920, o sucesso editorial sobre o tema era "As Maluquices do Imperador" (Geração Editorial, 2010), relançado neste ano. A obra, que abordava todas as facetas do monarca, influenciou gerações de escritores, entre eles os que creem que o "libertador" tenha sido um amante canalha, um corajoso infantil ou um imoral de bom coração. Talvez o verdadeiro Macunaíma.
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Historiadores retratam dom Pedro 1º o "herói" da Independência do Brasil, de várias maneiras diferentes |
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