Livraria da Folha

 
09/09/2010 - 12h31

Literatura brasileira tem visto internacional (quase) permanente

PAULA DUME
colaboração para a Livraria da Folha

Leticia Moreira/Folhapress
Benjamin Moser descobriu autora Clarice Lispector enquanto estudava português; ficou apaixonado por ela imediatamente
Benjamin Moser descobriu autora Clarice Lispector enquanto estudava português; ficou apaixonado por ela imediatamente

Os estrangeiros leem nossos clássicos ou contemporâneos? Para discutir a importância da nossa literatura fora do país, o projeto Conexões Itaú Cultural organizou o "Mapeamento da Literatura Brasileira no Exterior" em 2009.

O encontro avaliou o resultado de dois anos de estudo com o 2º Encontro Internacional de Literatura Brasileira. A pesquisa revelou que os Estados Unidos são os maiores estudiosos de nossos textos.

Especialistas estrangeiros interessados não só na literatura, mas na cultura brasileira, não faltam. O escritor e jornalista norte-americano Benjamin Moser publicou, em 2009, "Clarice,", ensaio biográfico de Clarice Lispector (1920-1977).

Em entrevista à Livraria da Folha, Moser disse que descobriu Clarice estudando português. "Estava fazendo um curso para aprender uma língua que você nunca sabe se vai ser útil, e essa foi a grande descoberta". O primeiro contato com a escritora foi com "A Hora da Estrela". Logo de cara, encantou-se pela autora. "Foi a partir de Clarice que eu a descobri, assim como suas raízes, que me levaram pelo Brasil inteiro. Eu fiquei apaixonado por ela".

Em 2005, quando soube da homenagem à escritora na Flip, embarcou para o Brasil. Desde então, se dedicou a autora e ao seu mundo. No mesmo curso também conheceu Graciliano Ramos (1892-1953), João Guimarães Rosa (1908-1967) e Jorge Amado (1912-2001).

Moser reconhece que há poucos livros no idioma sobre o Brasil. "Existem, mas não se pode comparar com a quantidade e a qualidade disponível para quem quer saber mais sobre o Japão, a Rússia ou a Alemanha, por exemplo".

Divulgação
Em "Gênio", norte-americano Harold Bloom destaca virtuosos da escrita
Em "Gênio", norte-americano Harold Bloom destaca virtuosos da escrita

Tradutor de "Os Sertões", de Euclydes da Cunha (1866-1909), para o alemão, o professor do Instituto Latino-Americano da Universidade Livre de Berlim Berthold Zilly veio ao Brasil pela primeira vez em 1968 e descobriu a obra do autor poucos anos depois.

O clássico fez com que se tornasse um pesquisador da história e literatura brasileiras. Não parou por aí. Traduziu obras de Machado de Assis (1839-1908) e Lima Barreto (1881-1922), entre outros escritores brasileiros, para o alemão.

A professora e crítica literária Luciana Stegagno Picchio (1920-2008), especialista italiana de Estudos Portugueses e Brasileiros, revelou sua paixão pela literatura nacional em "História da Literatura Brasileira" (2004).

Já o crítico norte-americano Harold Bloom atravessou séculos para mostrar quem são os virtuosos da escrita ao longo do tempo. Em "Gênio" (2003), não se esqueceu dos textos primorosos de Machado de Assis (1839-1908).

 
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