Livraria da Folha

 
10/09/2010 - 13h11

Estante GLS: Romance mostra drama de viver amor lésbico longe das metrópoles

da Livraria da Folha

Divulgação
Autora mostra como acontece amor entre mulheres longe das metrópoles
Autora mostra como acontece amor entre mulheres longe das cidades
Siga a Livraria da Folha no Twitter
Siga a Livraria da Folha no Twitter

"Shangrilá" (Editora Malagueta, 2009), de Marina Porteclis, descreve como se dá o amor entre mulheres que vivem afastadas das metrópoles. Uma das questões preponderantes é a preocupação em viver a orientação sexual com honestidade e respeito.

Neta de donos de engenho de cana-de-açúcar na região da mata de Alagoas, Mariana desperta a paixão em várias jovens que a conhecem. A veterinária Januária é uma delas, tanto que se culpará por algo inferior ao amor que sente por Mariana --o preconceito.

"Mariana não compactuaria mais com aquele eterno discurso, com aqueles despautérios, com aquela negação constante, aquela fuga da outra, que dizia não ser "lésbica" como se tal título tornasse o amor das duas uma coisa suja, para ser evitada e, logo em seguida, vinha lhe pedir desculpas e dizer-se exatamente igual a ela."

O volume trata com delicadeza a questão da família, do preconceito e da coragem de uma mulher homossexual de se assumir diante de quem quer que seja. A história de Mariana é a síntese da coragem e do enfrentamento em busca da defesa de si própria e de quem ama.

Leia abaixo um trecho do livro, no qual Mariana e Januária fazem as pazes de forma temporária.

*

Fechando os olhos, Januária cedeu ao abraço e encaixou os quadris em Mariana que, cheirando seus cabelos e beijando sua nuca, respirava fundo. Sem qualquer pudor, Januária começou a beijar as mãos que ainda tapavam sua boca. Em segundos, sentindo a respiração da outra se intensificar, ela começou a valer-se da língua que, audaciosa e quente, passou a deslizar por entre os dedos de Mariana. Inovando, como se simulasse penetrá-la, Januária começou a meter a língua nas fendas entreabertas dos dedos longos de Mariana que, sem conseguir mais se conter, a virou e tomou sua boca com um beijo. Puxando-a para um canto mais escuro, perto do jasmineiro, ela encochou Januária na parede e, sem piedade, ergueu sua saia, afastou a calcinha já ensopada e, vigorosamente, afundou-lhe dois dedos, que foram engolidos pelo desejo. E o cheiro das duas, intensificado pela saudade, misturou-se ao do jasmineiro.

Mas o dia seguinte viria e, com ele, alguns fantasmas.

 
Voltar ao topo da página