MARCELO JUCÁ
colaboração para a Livraria da Folha
Adriana Falcão responde o e-mail rapidamente. Em poucas linhas - e sem abreviações - aceita à solicitação de entrevista para um perfil. Perfil mais curto do que o comum, afinal, estamos na internet, mas ela não se queixa. "Eu adorei a ideia da entrevista". Passa os telefones e manda mil beijos.
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Adriana Falcão surpreende o público com seus textos leves e divertidos que destacam fatos do cotidiano |
Com essa rápida troca de e-mails, a escritora Adriana Falcão conseguiria fazer uma grande história de amor, ou de humor, ou do que for. Gosta de encontrar no simples, no detalhe e na palavra outras letras que continuem as já escritas. É seu jeito de ser, de explicar a vida. Tanto que o hábito virou um livro, o primeiro para o público infantil. "Mania de Explicação" (2001) é uma obra que se devora. Mesmo com frases curtas, percebe-se um estilo próprio da autora, o humor que escapa, a voz doce no diálogo e o carinho que tem ao construir cada sentença.
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Primeiro livro da autora surgiu depois do sucesso de uma crônica |
"O livro nasceu por acaso, sem pretensão", diz rindo. O texto era uma crônica que a autora havia feito para a Veja Rio, com o mesmo título "Mania de Explicação". Já na segunda-feira, entre elogios, um editor ligou com a ideia de transformar o texto em obra infantil. Adriana conta que ficou muito feliz com a proposta e o resultado, algo do qual ela tem muito orgulho que tenha nascido.
Sem muito tempo para respirar, no ano seguinte a autora carioca impressionava gente pequena e gente bem grandinha com "Luna Clara & Apolo Onze". O escritor Ziraldo, que entende um pouco do assunto, escreveu que esses eram daqueles livros que todo mundo sente invejinha de não ter feito, tamanha a beleza e a surpresa da história.
Em tom de brincadeira, Adriana conta que este foi seu "primeiro livro" de verdade, pois como a maré de sorte estava boa, resolveu sentar, pensar e escrever a obra. "Nossa, me honra muito o Ziraldo ter me elogiado. Depois até ficamos amigos. Foi maravilhoso", revela. A autora explica que na época, com três filhas crianças, estava muito antenada no que acontecia, e até a saga do bruxinho Harry Potter influenciou sua produção.
"Eu via minhas filhas lendo e relendo aqueles livros grossos, super entusiasmadas, decorando até trechos. E aí pensei em fazer um livro mais 'volumoso' voltado para o público jovem", explica.
ABC
Adriana Falcão nem sempre escreveu para crianças. Nascida no Rio de Janeiro e crescida em Recife (PE), formou-se em arquitetura e deixou o diploma de lado para descobrir sua vida.
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Adriana Falcão diz que ficou "muito surpresa e feliz da vida" ao saber que "Sete Histórias para Contar" foi indicado ao Prêmio Jabuti |
(Re) começou redigindo textos publicitários e até conseguia sorrir com isso, pois pelo menos escrevia. Até que a sorte, como ela conta, fez um texto seu cair nas mãos do cineasta Guel Arraes. De lá para cá, discretamente ganhou espaço e admiradores.
Já como roteirista na TV Globo, adaptou para a telinha e para a telona, ao lado de Guel Arraes, "Auto da Compadecida", participou de séries como "Comédias da Vida Privada" e "A Grande Família", e seu romance "A Máquina" foi transportado para o cinema e o filme foi dirigido pelo maridão, João Falcão, em 2006.
Não mais pelo e-mail, mas pelo telefone - como um saudoso samba - responde às perguntas e até parece se divertir. Fala de projetos e ri do futuro. Conversa como se fosse criança madura (ou ao contrário).
Atolada em muito trabalhos para o cinema e a televisão, Adriana conta um desejo de escrever um livro para a neta Isadora, de dez meses. "Minhas filhas cresceram e estou focada em outros projetos, mas quero tirar um tempo mais para o final do ano para escrever um livro para minha netinha. Não sei ainda como vai ser, mas estou com muita vontade de produzir algo para ela", derrete-se a carioca, mãe, avó e escritora Adriana Falcão.
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