Livraria da Folha

 
16/09/2010 - 20h12

Adriana Falcão remexe em sonhos e fala de novos projetos

MARCELO JUCÁ
colaboração para a Livraria da Folha

Adriana Falcão responde o e-mail rapidamente. Em poucas linhas - e sem abreviações - aceita à solicitação de entrevista para um perfil. Perfil mais curto do que o comum, afinal, estamos na internet, mas ela não se queixa. "Eu adorei a ideia da entrevista". Passa os telefones e manda mil beijos.

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Adriana Falcão continua a surpreende o público com seus textos leves e divertidos, destacando fatos do cotidiano
Adriana Falcão surpreende o público com seus textos leves e divertidos que destacam fatos do cotidiano

Com essa rápida troca de e-mails, a escritora Adriana Falcão conseguiria fazer uma grande história de amor, ou de humor, ou do que for. Gosta de encontrar no simples, no detalhe e na palavra outras letras que continuem as já escritas. É seu jeito de ser, de explicar a vida. Tanto que o hábito virou um livro, o primeiro para o público infantil. "Mania de Explicação" (2001) é uma obra que se devora. Mesmo com frases curtas, percebe-se um estilo próprio da autora, o humor que escapa, a voz doce no diálogo e o carinho que tem ao construir cada sentença.

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Primeiro livro da autora surgiu depois do sucesso de uma crônica
Primeiro livro da autora surgiu depois do sucesso de uma crônica

"O livro nasceu por acaso, sem pretensão", diz rindo. O texto era uma crônica que a autora havia feito para a Veja Rio, com o mesmo título "Mania de Explicação". Já na segunda-feira, entre elogios, um editor ligou com a ideia de transformar o texto em obra infantil. Adriana conta que ficou muito feliz com a proposta e o resultado, algo do qual ela tem muito orgulho que tenha nascido.

Sem muito tempo para respirar, no ano seguinte a autora carioca impressionava gente pequena e gente bem grandinha com "Luna Clara & Apolo Onze". O escritor Ziraldo, que entende um pouco do assunto, escreveu que esses eram daqueles livros que todo mundo sente invejinha de não ter feito, tamanha a beleza e a surpresa da história.

Em tom de brincadeira, Adriana conta que este foi seu "primeiro livro" de verdade, pois como a maré de sorte estava boa, resolveu sentar, pensar e escrever a obra. "Nossa, me honra muito o Ziraldo ter me elogiado. Depois até ficamos amigos. Foi maravilhoso", revela. A autora explica que na época, com três filhas crianças, estava muito antenada no que acontecia, e até a saga do bruxinho Harry Potter influenciou sua produção.

"Eu via minhas filhas lendo e relendo aqueles livros grossos, super entusiasmadas, decorando até trechos. E aí pensei em fazer um livro mais 'volumoso' voltado para o público jovem", explica.

ABC

Adriana Falcão nem sempre escreveu para crianças. Nascida no Rio de Janeiro e crescida em Recife (PE), formou-se em arquitetura e deixou o diploma de lado para descobrir sua vida.

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Adriana Falcão diz que ficou "muito surpresa e feliz da vida" ao saber que "Sete Histórias para Contar" foi indicado ao Prêmio Jabuti
Adriana Falcão diz que ficou "muito surpresa e feliz da vida" ao saber que "Sete Histórias para Contar" foi indicado ao Prêmio Jabuti

(Re) começou redigindo textos publicitários e até conseguia sorrir com isso, pois pelo menos escrevia. Até que a sorte, como ela conta, fez um texto seu cair nas mãos do cineasta Guel Arraes. De lá para cá, discretamente ganhou espaço e admiradores.

Já como roteirista na TV Globo, adaptou para a telinha e para a telona, ao lado de Guel Arraes, "Auto da Compadecida", participou de séries como "Comédias da Vida Privada" e "A Grande Família", e seu romance "A Máquina" foi transportado para o cinema e o filme foi dirigido pelo maridão, João Falcão, em 2006.

Não mais pelo e-mail, mas pelo telefone - como um saudoso samba - responde às perguntas e até parece se divertir. Fala de projetos e ri do futuro. Conversa como se fosse criança madura (ou ao contrário).

Atolada em muito trabalhos para o cinema e a televisão, Adriana conta um desejo de escrever um livro para a neta Isadora, de dez meses. "Minhas filhas cresceram e estou focada em outros projetos, mas quero tirar um tempo mais para o final do ano para escrever um livro para minha netinha. Não sei ainda como vai ser, mas estou com muita vontade de produzir algo para ela", derrete-se a carioca, mãe, avó e escritora Adriana Falcão.

 
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