Livraria da Folha

 
26/09/2010 - 12h00

De homem-macaco à vida de Jesus, há mais de 110 anos HQs deleitam leitores

FELIPE JORDANI
Colaboração para a Livraria da Folha

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"The Yellow Kid", considerado a primeira história em quadrinho a utilizar balão de fala
"The Yellow Kid", considerado a primeira história em quadrinho a utilizar balão de fala

As histórias em quadrinhos, assim como o cinema, nasceram no século 19, mas se desenvolveram primordialmente no centenário seguinte. Os primeiros trabalhos com tiras remetem à Suíça, com o artista Rudolph Töpffer (1799-1846), que começou a publicar nas primeiras décadas de 1800. A história norte-americana "The Yellow Kid" (1896), de R. F. Outcault, é considerada o marco inaugural do gênero. Ela registra a primeira aparição do balão de fala e uma estrutura mais parecida com a de hoje.

O início das HQs se concentrou nas tiras de humor. Nos anos 1930, no entanto, ela passou por uma revolução temática. Nessa época foram criados alguns dos principais personagens, como "Tarzan", "Flash Gordon", o policial "Dick Trace" e o primeiro herói mascarado, o "Fantasma".

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Tarzan foi uma das primeiras tiras de aventura; gênero no Brasil seguiu mais para o lado do humor
Tarzan foi uma das primeiras tiras de aventura; gênero no Brasil seguiu mais para o lado do humor

A partir desse período começou o império dos heróis, dominado por Super Homem, Homem-Aranha, X-Men e Batman e Robin, entre outros. O contraponto chegou décadas depois, nos anos 1960, quando estouraram os movimentos contraculturais. Seus principais expoentes são os quadrinistas norteamericanos Robert Crumb, com "Fritz, the Cat", e Gilbert Shelton, de "Fabulous Furry Freak Brothers". Os temas iam de críticas ácidas à cultura dos EUA até histórias cotidianas.

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Mais tarde, nos anos 1970, Will Eisner (1917-2005) deu início às grandes narrativas, conhecidas por graphic novels e marcadas por histórias mais longas e com temas mais profundos. Entre os principais trabalhos do autor estão "Pequenos Milagres" e "Avenida Dropsie: A Vizinhança".

Desde então, as narrativas se tornaram cada vez mais complexas, assim como os desenhos. Embora os estilos variem de artista para artista, em cada país os quadrinhos ganharam algumas particularidades. Os europeus são conhecidos por terem traços mais realistas, como na HQ erótica "Kamasutra", e personagens carismáticos como "Asterix e Obelix" e "Groo".

Na América Latina predominaram as tiras e os cartuns que tem Quino, o criador da "Mafalda", Lieners, com o "Macanudo", e os brasileros Laerte e Angeli como alguns dos principais expoentes. Mais recentemente, saíram publicações de mais fôlego, como "Cachalote", de Daniel Galera e Rafael Coutinho, "Yeshuah", de Laudo Ferreira, e "Memória de Elefante", de Caeto.

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Saga criada por Laudo Ferreia narra vida humanizada de Jesus Cristo com base na "Bíblia" e textos apócrifos
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Nos EUA, o mercado é gigantesco e percorre todos os gêneros. As tiras de humor, por exemplo, deram origem a personagens consagrados como "Calvin e Haroldo", "Snoopy" e "Hagar". Algumas editoras do país focam no público adulto, com temas mais pesados e desenhos ousados, outras se concentram nos super-heróis clássicos e outras ainda apresentam obras que ficam no campo da crítica e da sátira como a HQ "Kick-Ass", de John Romita Jr. e Mark Millar.

 
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