Livraria da Folha

 
23/09/2010 - 13h44

Casal precisa conversar sobre finanças, defende "Até que o Dinheiro nos Separe"

ARIADNE ARAÚJO
colaboração para a Livraria da Folha

Divulgação
Autora defende que parceiros discutam questões financeiras
Autora defende que parceiros discutam questões financeiras

Dizia o Tim Maia, "quando a gente ama não pensa em dinheiro". A tese romântica do compositor ainda é válida para muitos, mas especialistas em finanças e casamentos não pensam bem assim. Para eles, a delicada questão da grana na vida a dois tem peso grande e deve ser levada muito a sério. Pesquisadora do assunto, a psicóloga Cleide Maria Bartholi Guimarães escreveu "Até que o Dinheiro nos Separe - a questão financeira nos relacionamentos (Saraiva)". Para ela, desde o namoro, os temas dinheiro e gastos devem entrar na conversa.

Óbvio, nem pensar em fazer interrogatório sobre a vida financeira do parceiro ou parceira. O assunto deve vir normalmente, na troca de ideia sobre temas do dia a dia. Por exemplo, perguntar quanto ele ou ela consegue economizar por mês, como guarda dinheiro para aquelas férias que estão pensando em fazer juntos, ou de que jeito ele ou ela pensa em pedir aumento ao patrão, é uma forma de puxar o assunto sem ser agressivo. Importante, diz a psicóloga, é que a questão do dinheiro não seja um tema tabu entre o casal.

Bem no coração, bem no bolso. Sem esse equilíbrio, o desconforto de uma das partes pode fazer o relacionamento gorar. Nos atendimentos clínicos, terapeutas de casais observam que a falta ou excesso de dinheiro é, em geral, fator de brigas, disputas, mágoas e desentendimentos conjugais. Por isso o guia prático de finanças para casais de Cleide Bartholi mostra como economistas e estudiosos veem a relação entre um casal e o orçamento doméstico. Para esquentar o debate, ela introduz trechos de 4 casais, em diferentes situações financeiras.

Você quer trocar o carro todo ano, seu parceiro quer investir em previdência privada. Está comprovado em estudos, homens e mulheres têm desejos, percepções e maneiras diferentes de decidir como gastar o dinheiro. De acordo com Cleide Bartholi, diante de uma decisão de compra, principalmente quanto a bens duráveis, "há um jogo de poder implícito". Segundo pesquisa, elas têm poder de influência mais nas compras mais voltadas para o uso familiar. Já eles, têm interesse e influência mais em como investir, multiplicar, controlar o dinheiro.

De um modo geral, o que os estudos comprovam é que o dinheiro tem uma conotação afetiva para as mulheres e objetiva para os homens. Elas procuram decidir sobre gastos de maneira mais coletiva e ele mais individual. Mas a importância dada ao dinheiro não está, segundo a psicóloga, ligada à questão de gênero, mas sim ao contexto social, valores sociais, valores pessoais e familiares. A combinação amor-grana parece algo "imoral", sem romantismo, mas, afinal, na realidade de hoje, homens e mulheres casam por amor ou por dinheiro?

Com a nova mulher independente, o amor cedeu espaço para a razão na hora de escolher o parceiro. O novo homem também busca essa mulher independente, que garante a sociedade conjugal. Assim, sem resposta tipo sim ou não para a questão, devemos lembrar que estamos inseridos numa sociedade de consumo. Mesmo que o dinheiro não garanta felicidade, ele financia projetos em comum. Mas a "moeda invisível" é ainda, segundo Bartholi, a compreensão, o amor, o apoio mútuo e aprendizado com experiências vividas.

 
Voltar ao topo da página