Superdimensionaram o público do filme "Lula", afirma autora de biografia

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Livro foi adaptado para compor a cinebiografia do presidente

Para Denise Paraná, autora do livro que deu origem ao longa-metragem sobre a vida do presidente Lula, a escolha de "Lula, o Filho do Brasil" para concorrer a uma vaga na disputa do Oscar de filme estrangeiro é o "reconhecimento da qualidade do nosso trabalho". Segundo ela, a cinebiografia "carrega em si uma série de características que são valorizadas na escolha do Oscar".

Entre as qualidades "oscarizáveis", explica Denise, está o fato de retratar "um drama pessoal pungente e uma história social dramática que tem como desfecho a superação da tragédia e a conquista de 'um novo lugar no mundo'".

"A vida de Lula, embora traduza a vida de milhões e milhões de brasileiros, é ao mesmo tempo uma história única e irrepetível. E a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood adora isso", pondera a escritora.

A alta qualidade técnica e os excelentes atores na produção são outros fatores. "Há gente acreditando que a Glorinha [Gloria Pires] pode ser indicada para melhor atriz", torce Denise.

Em entrevista à Livraria da Folha concedida por e-mail e telefone nesta quinta-feira, a jornalista conta que recebeu a notícia por meio dos amigos. O ator Rui Ricardo, intérprete de Lula, ligou para comemorar.

A cinebiografia é o resultado da adaptação da tese de doutorado de Denise, aprimorada com detalhes sobre a infância do petista e a relação com sua mãe, dona Lindu. Há histórias sobre a vida pobre em Pernambuco e a mudança para São Paulo.

Bilheteria

A pedido da reportagem, a autora avaliou o desempenho do longa, que levou cerca de 1,1 milhão às salas de exibição. "O que houve, no caso do nosso filme, é que superdimensionaram o público que o filme poderia ter. Tivemos mais do que 4 vezes a marca necessária para ser considerado um sucesso de público [cerca de 240 mil, no país, segundo a autora]".

	Otávio de Souza/Divulgação
	Cena de "Lula, o Filho do Brasil", de Fábio Barreto, que foi escolhido para representar o Brasil no Oscar

Futuro

Há mais novidades que rondam ainda tanto o livro como o filme baseados na vida de Lula. No entanto, tudo deve ser concretizado depois de ele deixar a presidência, em janeiro de 2010.

"Ainda é cedo para falar sobre o livro", desconversa Denise. Ela revela, no entanto, que o material filmado para o longa vai se transformar em uma minissérie de 10 capítulos, a ser exibida na TV aberta. "As emissoras se mostraram interessadas no projeto", conta.

A ideia é editar o excesso das filmagens que não foram exibidos na telona e usar inclusive os mesmos atores do filme.

Ônus

Questionada pela reportagem se espera que a notícia alavanque as vendas do livro, Denise aproveita para reiterar que os produtos sobre a vida de Lula não são peças de campanha.

"Espero que as pessoas consigam olhar para o filme e para o livro sem preconceito. Pagamos um preço altíssimo por tratar de um personagem vivo e tão polêmico. O que ninguém sabe é que tivemos muito mais ônus do que bônus", afirma.

"Aqui no Brasil", diz, "o filme foi visto com muito preconceito. No exterior foi visto com o distanciamento necessário para ser avaliado como uma obra de arte, com qualidades e defeitos reais. Aqui, o que se fez, na grande maioria das vezes, foi a análise política do presidente, e não a da peça cinematográfica".
Oscar

O anúncio de "Lula, o Filho do Brasil" para disputar a vaga ao Oscar de melhor filme estrangeiro aconteceu nesta quinta-feira. Formaram o júri Cássio Henrique Starling Carlos, Clélia Bessa, Elisa Tolomelli, Frederico Hermann Barbosa Maia, Jean Claude Bernardet, Leon Cakoff, Márcia Lellis de Souza Amaral e Mariza Leão Salles de Rezende.

O filme precisa, no entanto, entrar na seleção da Academia. A lista dos finalistas será divulgada no dia 25 de janeiro de 2011, e a cerimônia de premiação acontece em 27 de fevereiro.

	Divulgalção
	Jornalista Denise Paraná, autora da biografia de Lula; "Filme tem características valorizadas pelo Oscar"