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25/09/2010 - 20h44

Biografia explica ligação de Lady Gaga com o público gay; leia trecho

da Livraria da Folha

Divulgação
Biografia conta história de Lady Gaga, do nascimento ao estrelato
Biografia conta história de Lady Gaga, do nascimento ao estrelato

Engajada na luta pelos direitos homossexuais e uma das principais vozes contra o "Don't Ask, Don't Tell" (lei norte-americana contra a presença de gays assumidos nas Forças Armadas), Lady Gaga é o ídolo pop do momento.

Stefani Joanne Angelina Germanotta, com seus 24 anos, fatura prêmios por onde passa. Suas músicas lideram a disputa nas mais tocadas das rádios e seus clipes são visto por milhões diariamente no You Tube.

Em seu caso, cada presença é um flash. Dos looks extravagantes aos tropeços, sua carreira é registrada com ferocidade pela imprensa de todo mundo. A cada aparição e entrevista surge uma manchete.

Não à toa, apesar de sua pouca idade, a cantora teve três biografias lançadas no Brasil neste ano. Cada uma com diversos enfoques em sua carreira. "Lady Gaga: A Revolução do Pop" lembra um dos primeiros grandes rumores a atingi-la. O boato de que ela era hermafrodita.

Quase nem mais citada ou lembrada pelos fãs da cantora, que se regozijam com os prêmios ganhos no último Vídeo Music Awards, da MTV norte-americana, a fofoca foi respondida diversas vezes, como no clipe de "Telephone", por exemplo. Em uma das cenas uma policial do presídio feminino dispara: "realmente ela tem uma vagina".

O capítulo "Ela? Ou ele?" aborda a questão e ainda explica o sucesso e a ligação de Gaga com o público homossexual. "Sou gay", chegou a dizer certa vez ao rapper Kanye West, antes de, juntos, iniciarem uma turnê.

Leia trecho.

Joel Page/Reuters
Em protesto, Lady Gaga pede a senadores que derrubem a proibição a gays assumidos no Exército americano
Em protesto, Lady Gaga pede a senadores que derrubem a proibição a gays assumidos no Exército americano

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Tratava-se disso? Fazer uma declaração sobre o suposto poder do pênis? Quem quer se esquecer que Lady gaga é uma artista da performance que assuma o risco. A performance como um todo faz parte de sua vida. Talvez ela só quisesse testar o terreno para ver como as pessoas iriam se comportar em relação a ela caso realmente julgassem que ela tinha um pênis. Por outro lado, talvez ela estivesse apenas se divertindo. E, de outro ponto de vista, pode nem sequer ter sido planejado. Talvez ela tenha pegado algo, ou deixado cair, ou foi fotografa de algum ângulo esquisito. Várias e possíveis eram as explicações. Se ela era hermafrodita? Definitivamente, não!

Uma das razões por trás da sua reticência pode ter sido uma leve maldade. Lady gaga parecia perfeitamente feliz ao ver o mundo em geral se fazendo de bobo ao afirmar que ela era uma hermafrodita, apesar da evidência física que quase todo mundo já tinha visto de relance e que era só senso comum. Mas outra razão, é claro, era o seu passado. Gaga não podia simplesmente afirmar que era um insulto a considerarem uma hermafrodita ou transexual pela simples razão de que ela se dava bem com tantos outros que compartilhavam desta condição que corria o risco de insultá-los. Além do mais, agora ela tinha assuntos mais importantes a resolver.

Acima de tudo, essa história provocou uma enorme publicidade e realmente não havia estrela viva mais apta a apreciar a importância disso. Como foi mencionado anteriormente, um dos primeiros fãs de Lady gaga foi Perez Hilton, blogueiro muito influente (que, incidentalmente, também criou uma persona artificial para si mesmo, com uma piscadela para Paris Hilton), e foi toda a publicidade que ele gerou para ela, colocando-a em seu site toda hora, que a ajudou a tornar-se uma estrela internacional. Gaga sabia que também tinha uma dívida com ele.

"Para mim, Perez Hilton é brilhante", ela admitiu. "Porque ele pegou algo que as pessoas não consideravam válido, não consideravam importante, e as tornou obcecadas por isso. As pessoas são obcecadas por ele: elas são obcecadas pelo seu site, são obcecadas pelo que ele faz. Elas o amam, todos o amam. Elas te amam ou te odeiam, o que não se quer é a indiferença. O dia em que lançar um disco e ninguém falar nada, será ruim."

Mas ela certamente não corria o risco de receber uma resposta indiferente ao seu novo projeto. Lady Gaga tinha acabado de gravar um novo videoclipe, "LoveGame", no qual ela é vista dançando com ambos os sexos, inclusive uma mulher vestida de policial (Gaga também usa um body que revela tanto que o boato sobre ser hermafrodita parar mais tolo ainda). O relacionamento com sua própria sexualidade parecia estar ficando mais complicado a cada dia: embora ela parecesse satisfeita em falar sobre o desejo pela relação ocasional com mulheres, ela não era lésbica (ou não parecia ser). O mundo do qual ela vinha não era tanto de mulheres gays, mas de homens gays.

"A motivação real é apenas fazer o mundo virar gay", ela explicou a um repórter. "Eu quero muito injetar a cultura gay no mainstream. Comprometi-me com eles e eles se comprometeram comigo, é por causa da comunidade gay que estou onde estou hoje. Sinto-me intrinsecamente inclinada a um estilo de vida mais gay. Eu mesma não sou uma mulher gay, sou uma mulher de espírito livre. Tive namorados e casos com mulheres, mas nunca fui do tipo 'descobri a homossexualidade quando eu tinha tantos anos...'"

Então esclareceu tudo. Ela estava sendo realmente séria em relação àquilo. Estava prestes a embarcar em uma turnê dos EUA com Kanye West e o advertiu de que a popularidade dela no mundo gay poderia ter um efeito sobre ele: "Só quero ser clara ante que decidamos fazer isso juntos: sou gay", ela disse. "Minha música é gay, meu show é gay e eu adoro que seja gay. E adoro meus fãs gays e eles todos vão vir para o nosso show e ele vai continuar sendo gay", mas West não demonstrou ter ficado preocupado.

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"Lady Gaga: A Revolução do Pop"
Autor: Emily Herbert
Editora: Globo
Páginas: 240
Quanto: R$ 29,90 (veja preço especial)
Onde comprar: 0800-140090 ou na Livraria da Folha

 
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