Livraria da Folha

 
27/09/2010 - 20h13

"Felicidade está nas pequenas atividades do dia a dia", diz autor

da Livraria da Folha

Divulgação
Encontre a felicidade em pequenas ações rotineiras do seu dia
Encontre a felicidade em pequenas ações rotineiras do seu dia

A luta desenfreada pela felicidade plena tornou-se uma obsessão para a sociedade moderna. Diariamente, novos produtos chegam ao mercado com a promessa de trazer ou potencializar a alegria e bem-estar.

Em "Sete Prazeres: A felicidade Está ao seu Alcance", o professor e autor Willard Spiegelman propõe uma busca pela felicidade por meio de sete atividades cotidianas que estão ao alcance de todos nós.

Spiegelman ensina que é possível redescobrir a alegria do dia a dia e sentir uma grande satisfação em atividades corriqueiras e aparentemente banais, como o prazer proporcionado pela leitura, pela atividade física e pela música.

Acumular riquezas ou obter sucesso nem sempre garantem uma existência plena de realizações, afirma o autor.

Leia trecho:

*

Um segundo começo foi após um tête-à-tête entre duas pessoas que sabiam que nunca mais se veriam de novo. Conversas íntimas como essa ocorrem com frequência em bancos de bares, à noite, em lugares longínquos. A minha aconteceu no ano passado, enquanto viajava. Eu acabara de me sentar no avião e afivelar o cinto de segurança quando uma mulher atraente - 40 e poucos anos, bem-penteada, bem-vestida, de saltos altos e usando boas joias - sentou-se ao meu lado. Após a decolagem, trocamos amenidades: "Para onde você está indo?", "O que você faz?", esse tipo de pergunta. Em um dado momento, senti que o diálogo se dirigia para um tópico sempre desconfortável para um judeu agnóstico e secular irredutível como eu, mas, visto que minha agradável companheira não parecia uma típica evangélica proselitista, resolvi prosseguir com a conversa.

Ela perguntou sobre minha vida "espiritual", um convite cifrado, porém claro, para falarmos de religião e salvação. Disse-lhe, educada e firmemente, o que pensava. Então, ela contou que encontrara conforto, e muito mais, em Cristo e em Sua Igreja durante um período de dor e aflição especialmente torturante em sua vida. Se aquilo significava morte, doença, divórcio ou uma noite sombria da alma, ela não revelou. Em seguida, perguntou: "Qual o acontecimento mais horrível que você já viveu?" Raramente fico sem palavras, mas fiz uma pausa. Então, disse: "Nunca me aconteceu nada horrível na vida." Em iídiche, dizemos que um comentário como esse merece uma kine hora, uma praga reversa apotropaica: "Nada de mau- -olhado." Diga que algo maravilhoso acontecerá e pode ter certeza de que não acontecerá. Pior ainda: falar com segurança, e até mesmo com entusiasmo, é quase o mesmo que gabar-se, e isso sempre atrai imediatamente um desastre. Toda cultura insiste que é preciso fazer algo - cuspir, jogar sal por cima do ombro, bater na madeira - para espantar o mau-olhado. O orgulho precede a queda. "Nunca me aconteceu nada horrível na vida." Aí está. Agora está impresso, e nenhum raio me atingiu - ainda. Decepções corriqueiras ocorrem, tristeza, preocupações com pessoas amadas, momentos de incerteza e angústia, mas nada sério, profundo ou duradouro.

"O sofrimento", disse Wordsworth", é permanente, obscuro e negro,/ e compartilha da natureza do infinito." Nunca sofri perdas grandes. Tenho boa saúde. Não sofri nenhuma tragédia nem passei por fases negras crônicas, apenas por tons mais modestos de cinza. Todos têm o que chamo de vida fantasmagórica: prêmios não ganhos, empregos não conseguidos, amores não retribuídos. E daí? Se você perder um ônibus, pode pegar o próximo. Não devemos lamentar demais as decepções corriqueiras da vida, mas devemos celebrar - moderadamente, não convencida ou alucinadamente - seus prazeres comuns. Se tivermos sorte, eles bastarão. Certa vez, uma velha amiga me fez a mesma pergunta formulada por minha companheira de viagem de avião.

- Alguma vez você já ficou deprimido?

- Já fiquei triste, acho, mas nunca por muito tempo. O que você chama de depressão? - retruquei.

- Acordar em lágrimas todas as manhãs, incapaz de sair da cama.

- Não, nunca fiquei deprimido. - E duvido que tenha me enganado.

Como sou uma pessoa literária por inclinação e profissão, frequentemente penso - como farei nestas páginas - em termos literários, com ecos literários em meus ouvidos, nunca longe de meus pensamentos. Lembrei-me de Paul Ivory, um personagem de The Transit of Venus, escrito por Shirley Hazzard, que diz: "Nunca sofri muito... Se você conseguiu chegar aos 50 anos sem passar por uma catástrofe, você venceu. Escapou ileso." "Escapou ileso" implica que você cometeu um delito grave, que sua felicidade passou a perna no destino comum, que você deu a volta nele. A vida me sorriu. Escapei ileso. Tenho tido sorte, ou talvez ela tenha me acompanhado.

*

"Sete Prazeres: A felicidade Está ao seu Alcance"
Autor: Willard Spiegelman
Editora: Best Seller
Páginas: 256
Quanto: R$ 25,90
Onde comprar: pelo telefone 0800-140090 ou pelo site da Livraria da Folha

 
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