Livraria da Folha

 
02/10/2010 - 15h21

Em "A Escrava Isaura e o Vampiro", autor debocha do que se escreve sobre vampiros

PAULA DUME
colaboração para a Livraria da Folha

Divulgação
"A escrava Isaura, graças à novela, ficou conhecido do grande publicou que não lê"
"A escrava Isaura, graças à novela, ficou conhecido do grande publicou que não lê"

O estilista Clodovil Hernandes (1937-2009) e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao lado da escrava Isaura e de um vampiro? O roteirista, humorista e escritor Jovane Nunes coloca esses personagens na berlinda e na trama de "A Escrava Isaura e o Vampiro", obra recriada que compõe a coleção "Clássicos Fantásticos", publicado pelo selo Lua de Papel, da editora LeYa.

Essa versão do romance "A Escrava Isaura" (publicado originalmente em 1875), de Bernardo Guimarães (1825-1884), tem um breve "guia para a leitura".

Nunes adverte o leitor que o romantismo empregado nas páginas do volume é o mesmo com que Clodovil, com sapatos bicolores e terno bordado em cristais, cantaria a música "Fascinação" em um karaokê da avenida Paulista, em São Paulo.

Em entrevista à Livraria da Folha, o escritor disse que, do texto original, preservou só 20%. Aproveitou a ideia, alguns personagens e fez uma brincadeira com o romantismo.

"O livro de Bernardo Guimarães continua lá. Esse ["A Escrava Isaura e o Vampiro"] que eu escrevi é outro", esclarece. Nunes concedeu os louros do sucesso de "A Escrava Isaura" à telenovela homônima, que foi exibida pela TV Globo.

"A escrava Isaura, graças à novela, ficou conhecida do grande publicou que não lê. De certa forma, a história está no imaginário do povo."

Ironia é o tempero da recriação de Nunes. Ele explica o porquê da escolha dos seres sugadores de sangue. "Levei em consideração o que se fala e se escreve sobre vampiros, e debochei de tudo isso".

Questionado se faria o processo inverso de extrair os elementos fantásticos e deixar somente os originais em alguma obra, o escritor respondeu com uma pergunta. "Imagine tirar todo o fantástico e todo o imaginário que existe em "Grande Sertão: Veredas" [de João Guimarães Rosa]?".

 
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