Livraria da Folha

 
02/10/2010 - 09h06

"A Misteriosa Sociedade Benedict" mistura aventura e jogos de inteligência

da Livraria da Folha

Reprodução
Em meio a clima misterioso, uma série de desafios testa os jovens aventureiros
Em meio a clima misterioso, desafios testam jovens aventureiros

"Você é uma criança genial à procura de oportunidades especiais?", questiona o anúncio. Quem é esperto, ou pelo menos se considerava ser, inscreveu-se no misterioso concurso.

Instigado pelo suspense e por uma série de aventuras e imprevistos, o leitor é transportado rapidamente para as páginas de "A Misteriosa Sociedade Benedict", de Trenton Lee Stewart.

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No melhor sentido de "devorar um livro", a narrativa prende os olhos ao usar elementos dos melhores livros de aventura. Desafios constantes, enigmas e personagens que ora parecem uma coisa, mas podem revelar-se outra. Alucinação ou não, nos momentos de maior aperto os mais sábios triunfarão.

Dentre todas as crianças "espertas" que se inscreveram no desafio, somente quatro passaram nos testes iniciais. Reynie, Kate, Sticky e Constance foram os aprovados e os escolhidos para uma tarefa especial: encontrar uma forma de evitar um plano que pode destruir todo o planeta.

Cada um com seu talento, imaginação e defeitos deve aprender a trabalhar em equipe em meio a situações extremas. Os quatro talentos formam a misteriosa Sociedade Benedict, e a verdadeira ação está prestes a começar.

Leia trecho do primeiro capítulo.

*

Em uma cidade chamada Stonetown, perto do porto de Stonetown, um menino chamado Reynie Muldoon estava se preparando para fazer uma prova muito importante. Era a segunda prova do dia (a primeira acontecera em um escritório do outro lado da cidade). Depois dessa primeira, tinham lhe dito que fosse até ali, no edifício Monk na rua Três, e que não levasse nada além de um único lápis e uma única borracha, e que não chegasse depois das 13 horas. Se por acaso se atrasasse, ou se levasse dois lápis, ou se esquecesse a borracha, ou se de qualquer outra maneira se desviasse das instruções, ele não teria permissão para fazer a prova, e seria o fim. Reynie, que queria muito fazer aquela prova, tomou cuidado ao seguir as instruções.

Curiosamente, ele não havia recebido nenhuma outra além daquelas. Ele não tinha recebido orientações a respeito de como chegar ao edifício Monk, por exemplo, e sentira a necessidade de pedir informações no ponto de ônibus mais próximo, de conseguir uma tabela de horários com um motorista desonesto que tentou enganá-lo e fazer com que pagasse por ela e de caminhar várias quadras para pegar o ônibus para a rua Três.

Não que qualquer uma dessas coisas fosse difícil para Reynie Muldoon. Apesar de ele só ter 11 anos, estava bem acostumado a descobrir as coisas sozinho. Em algum lugar do outro lado da cidade, um sino de igreja marcou a meia hora. Eram 12h30. Ele ainda tinha um tempinho para esperar. Quando foi averiguar as portas do edifício Monk ao meio-dia, estavam trancadas. Então Reynie comprou um sanduíche em uma barraquinha e se sentou no banco de praça para esperar. Pensou que um prédio alto no bairro mais movimentado de Stonetown devia ter muitos escritórios no interior.

Portas trancadas ao meio-dia parecia uma coisa bem esquisita. Mas, bom, o que não tinha sido esquisito naquela coisa toda? Para começar, o anúncio. Alguns dias antes, Reynie estava lendo o jornal no orfanato de Stonetown, compartilhando os cadernos com sua tutora, a Srta. Perumal. (Como Reynie já lera todos os livros didáticos sozinho, até os de ensino médio, o diretor do orfanato tinha designado para ele uma tutora especial enquanto as outras crianças iam à escola. A Srta. Perumal também não sabia muito bem o que fazer com ele, mas era inteligente e gentil, e, no tempo que ficavam juntos, passaram a apreciar o ato de compartilhar o jornal enquanto tomavam café da manhã e chá.)

O jornal, naquela manhã, trazia as manchetes de sempre, várias delas dedicadas ao que se conhecia como Emergência: as coisas tinham saído horrivelmente do controle, segundo as manchetes; o sistema escolar, o orçamento, a poluição, o crime, o clima... bem, na verdade, tudo estava a maior confusão, e cidadãos de todos os lugares exigiam uma grande (não, dramática) melhoria no governo. "As coisas precisam mudar AGORA!", era a frase de ordem estampada em outdoors por toda a cidade (era uma frase muito antiga), e apesar de Reynie quase nunca assistir televisão sabia que a Emergência era o assunto principal dos programas de notícias todos os dias, como já vinha sendo havia anos.

Naturalmente, quando Reynie e a Srta. Perumal se conheceram, tinham discutido a fundo a Emergência. Mas, ao perceberem que os dois concordavam bastante em relação à política, logo começaram a achar essas conversas chatas e resolveram deixar o assunto de lado. Em geral, conversavam sobre outras notícias, aquelas que variavam de um dia para o outro, e depois eles se divertiam com a leitura dos anúncios.

Foi esse o caso daquela manhã específica na qual a vida de Reynie de repente deu uma guinada.

-Gostaria de mais mel no seu chá? - a Srta. Perumal tinha perguntado (falando em tâmil, língua que estava ensinando a ele), mas, antes que Reynie pudesse responder que é claro que queria mais mel, o anúncio chamou a atenção da Srta. Perumal e ela exclamou:
- Reynie! Olhe só para isto! Você ficaria interessado?

A Srta. Perumal estava sentada à mesa à frente dele, mas como Reynie não tinha dificuldade em ler de ponta-cabeça, ele rapidamente examinou as palavras do anúncio escritas em negrito:

"VOCÊ É UMA CRIANÇA GENIAL À PROCURA DE OPORTUNIDADES ESPECIAIS?"

Que estranho, pensou. A pergunta era dirigida diretamente às crianças, não aos pais delas. Reynie nunca tinha conhecido os pais, que tinham morrido quando ele era pequenininho, e ficou contente de ler uma coisa que parecia levar essa possibilidade em conta. Mas, mesmo assim, era bem estranho. Afinal, quantas crianças leem o jornal? Reynie lia, mas ele sempre fora o único a fazer isso, sempre tinha sido considerado fora do comum. Se não fosse pela Srta. Perumal, era possível que ele já tivesse desistido de tudo a esta altura, para evitar algumas das gozações.

*

"A Misteriosa Sociedade Benedict"
Autor: Trenton Lee Stewart
Editora: Galera Record
Páginas: 392
Quanto: R$ 42,90 (disponível para venda a partir de 20/10)
Onde comprar: Pelo telefone 0800-140090 ou pelo site da Livraria da Folha

 
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