Livraria da Folha

 
14/10/2010 - 15h20

Pobres agora têm mais chances de entrar para a política, constata livro

colaboração para a Livraria da Folha

João Brito-1.out.10/Folhapress
Cidade de Tiririca significa "pedra lascada" em tupi guarani; saiba mais sobre Itapipoca
Cidade de Tiririca significa "pedra lascada" em tupi guarani; saiba mais sobre Itapipoca
Divulgação
Pobres têm mais chances de entrar para a política, constata autor
Pobres têm mais chances de entrar para a política, constata autor
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Vestido como palhaço Tiririca, o cearense Francisco Everardo Oliveira Silva, 45, foi o deputado federal mais votado do Brasil nas eleições do dia 3 deste mês, com 1,3 milhão de votos obtidos em São Paulo. Mas para assumir a vaga na Câmara dos Deputados, ele terá de provar que sabe ler e escrever.

Voto de protesto? Alguns acreditam que sim. Mas polêmica à parte, de origem humilde, nascido em Itapipoca, no litoral oeste do Ceará, a eleição de Tiririca também pode representar um fenômeno que vem sendo verificado por estudiosos desde o final dos anos de 1990: a popularização da classe política no Brasil.

Ao comparar as eleições de 1998 com as de 2002, o cientista político Leôncio Martins Rodrigues, autor de "Mudanças na Classe Política Brasileira" (Publifolha), constatou que a composição social da Câmara dos Deputados se tornou significativamente mais popular e menos elitista.

"Essa popularização, entendida como a entrada de políticos originários das classes populares e médias numa das mais importantes instâncias do poder político brasileiro, e que reflete os variados contextos regionais, pode ser interpretada não só como sendo uma popularização da classe política, mas também como uma democratização social de nossa vida política", defende Rodrigues.

O autor acredita que esse processo, aparentemente, deve ajudar a consolidar o sistema democrático ao mostrar que a participação no sistema de poder não está fechada para quem vem das classes populares e que as disputas políticas não são um jogo reservado às elites.

"Os plebeus podem tornar-se ex-plebeus, chegar às camadas altas não só por meio do êxito econômico e profissional, mas também por meio da ascensão na carreira política", argumenta.

Para chegar a essa conclusão o autor, faz uso dos seguintes indicadores:

- Redução do número de deputados federais que eram (ou são ainda) empresários e o correlato aumento dos que vieram de ocupações ou profissões típicas das classes médias e baixas.

- Comparação entre os níveis de escolaridade dos parlamentares da legislatura anterior com a atual
- Crescimento da bancada do PT e dos partidos de esquerda, mais especialmente do PC do B, é diminuição da bancada do PFL (hoje DEM -Democratas), PSDB, PMDB e PP, que possuem mais empresários em suas bancadas e têm um valor médio de patrimônio mais elevado.

- Aumento do número de sindicalistas e pastores entre as eleições Leôncio Martins Rodrigues ressalva que os dados sobre a popularização da Câmara dos Deputados dizem respeito às origens dos deputados antes de obterem o primeiro mandato, ou seja, antes da entrada na classe política.

"A partir daí, se inicia um movimento ascensional de aumento mais significativo para os que tinham menos. Desse modo, se, de um lado, a entrada de políticos vindos das classes baixas age no sentido da popularização do campo político, de outro, do ponto de vista individual, significa 'aburguesamento' dos que conseguem ascender politicamente", afirma o autor.

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"Mudanças na Classe Política Brasileira"
Editora: Publifolha
Páginas: 184
Quanto: R$ 8,99 (preço promocional, por tempo limitado)
Onde comprar: 0800-140090 ou na Livraria da Folha

 
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