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01/11/2010 - 16h16

Em biografia, Tostão afirma que Ronaldo não estava preparado para a fama

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Parar de jogar futebol e continuar no mundo da bola é prática comum entre os ex-jogadores. Uns atuam nas comissões técnicas, outros como agentes de atletas iniciantes e, a grande maioria, tenta a sorte na imprensa. Eduardo Gonçalves Andrade, o Tostão não só tentou, como conseguiu, e com méritos.

Divulgação
Tostão fala sobre futebol, suas crônicas e os mais variados temas
Tostão fala sobre futebol, suas crônicas e os mais variados temas

No caso do meia, grande ídolo do Cruzeiro e campeão mundial pela seleção brasileira em 1970, a sorte não teve nada a ver com sua entrada no mundo das letras. Depois que abandonou o futebol, Tostão se formou em medicina, deu aulas na faculdade e, com saudades da bola, passou a estudar partidas, ver vídeos de Copas e muito mais para, só então, se arriscar no jornal "Estado de Minas", em 1996. Atualmente o ex-jogador atua na Folha e, recentemente, recebeu o Prêmio Comunique-se na categoria jornalista de esportes em mídia eletrônica".

O livro "Trocando os Pés Pelas Mãos" (Maquinaria Editora, 2010), do jornalista Gílson Yoshioka, aborda a personalidade reflexiva do craque por meio de suas opiniões singulares sobre o universo do futebol e outros variados temas.

Entre outras histórias, Tostão fala sobre o dia em que conheceu Ronaldo. Na época, o Fenômeno tinha apenas 16 anos e atuava no Cruzeiro. Leia mais sobre o episódio no trecho reproduzido abaixo.

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Os filhos André e Mariana o levaram à Copa de 90, na Itália, onde, emocionado, retomou o interesse pelo jogo. O caçula também foi o responsável pelo retorno do maior ídolo do Cruzeiro de todos os tempos a um jogo no Mineirão, em 1993. O objetivo? Ver um dos principais destaques do campeonato regional daquele ano: o garoto Ronaldo, de apenas 16 anos. Franzino, leve e rápido, ele recuava ao meio campo para receber a bola, driblava e trocava passes até fazer o gol. Afirmou que o adolescente só não seria titular no Mundial dos Estados Unidos porque o Brasil já tinha Bebeto e Romário, dois excepcionais atacantes.

Alguns dias depois, a repercussão da declaração promoveu o encontro dos craques de gerações distintas para a realização de uma matéria na residência de Tostão. O artilheiro perguntou ao veterano se o imóvel tinha sido comprado com o dinheiro ganho no futebol. "Ele já demonstrava ser um jovem sonhador e ambicioso, como são os grandes campeões. Certamente, não imaginava que anos depois ia faturar em um mês o preço do apartamento." Após a entrevista, o menino foi embora, mas esqueceu a carteira, talvez motivado pelo desejo inconsciente de retornar. Voltou e conversaram mais um pouco sem os repórteres, e ainda ouviu o conselho para preservar a intimidade, porque, no mesmo dia, tinha aparecido deitado na cama numa foto de um jornal. "Não deve ter escutado. Os jovens, com razão, estão preocupados com coisas alegres e imediatas. Ele nunca soube separar a vida pública da privada. Não estava preparado para a fama. Ninguém está."

A experiência como cronista esportivo deu a Tostão a possibilidade de conhecer de perto os novos talentos do futebol e também de encontrar e conviver com pessoas queridas que ele não via há muito tempo. Era poder falar de um assunto de que gosta e que compreende.

"Voltar ao futebol é reencontrar-me comigo mesmo, com meu passado, apagar as mágoas, decepções que tive durante a minha carreira. Eu tinha uma imagem preconceituosa, a de que o esporte cultivando o corpo é um assunto menor, não intelectual, primário, popular. Saindo dele faria uma carreira maior, mais importante, mais culta. Estava enganado. É uma atividade humana altamente criativa e principalmente rica em emoções."

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"Trocando os Pés Pelas Mãos"
Autor: Gílson Yoshioka
Editora: Maquinária Editora
Páginas: 128
Quanto: R$ 24,00
Onde comprar: Pelo telefone 0800-140090 ou pelo site da Livraria da Folha.

 
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