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01/11/2010 - 19h01

Psicopata sedutora cria legião de fãs assassinos em "Coração Maligno"

da Livraria da Folha

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Após escapar da cadeia, a "serial killer" Gretchen Lowell, apelidada de Beleza Mortal, é suspeita de uma rede de assassinatos em "Coração Maligno", da escritora norte-americana Chelsea Cain.

A psicopata, que estrela os thrillers "Coração Ferido" e "Coração Apaixonado", é bela e inteligente ao extremo. Com seus atributos, começa a tornar-se uma celebridade e a cultivar um séquito de fãs que passam a realizar novos crimes.

Divulgação
Gretchen Lowell assassina vítimas à sangue frio e, com sua beleza, ganha séquito de imitadores
Gretchen Lowell assassina vítimas à sangue frio e, com sua beleza, ganha séquito de imitadores

O detetive Archie Sheridan, capturado e torturado por ela no primeiro volume e com quem vive um quase romance no segundo, se torna responsável por investigar o caso. Caberá a ele desvendar o paradeiro da assassina e descobrir se os admiradores dela agem por conta própria ou se suas ações estão influenciadas pela manipulação de Gretchen.

A trilogia criada por Chelsea Cain tornou-se best-seller instantâneo nos Estados Unidos e figura entre os principais lançamentos de suspense do país.

Leia primeiro capítulo.

*

A parada de beira de estrada na I-84, na margem do rio Columbia que fica no estado do Oregon, era infame até pelos padrões de paradas de estrada. Pichações cobriam as paredes brancas; não havia toalhas de papel nem papel higiênico nos recipientes adequados, mas sim espalhados pelo chão de concreto. Duas das portas de metal das cabines haviam sido arrancadas da dobradiça superior e pendiam em ângulos estranhos. O local cheirava a escada de estacionamento, aquele casamento peculiar de urina com cimento.

A 29 quilômetros do banheiro mais próximo, e eles tinham ido dar em uma parada destruída por vândalos. Mas não havia escolha. Amy colocou as mãos nos quadris e encarou a filha de 11 anos.

- Vem, Dakota - disse.

Os olhos azuis de Dakota se arregalaram.

- Eu não vou entrar aí - disse ela.

A viagem inteira tinha sido assim. Eles saíam de Bakersfi eld todo verão, desde que Dakota era bebê, e pegavam a estrada para visitar a família de Erik em Hood River. Ela sempre adorara. Este ano havia passado toda a viagem enviando mensagens de texto para as amigas e ouvindo o iPod. Talvez Amy tivesse sido mais compreensiva se Dakota não tivesse se comportado como uma pentelha nos últimos dois dias.

- Se agacha em cima do vaso e pronto - disse Amy.

Dakota mordeu o lábio, deixando uma marca de gloss no dente da frente.

- É nojento - disse.

- Quer que eu veja se o banheiro masculino está melhor? - perguntou Amy.

Dakota ficou vermelha.

- De jeito nenhum - respondeu.

- Você disse que precisava ir ao banheiro - disse Amy. Na verdade, pouco depois de não ter ido ao banheiro no restaurante em que haviam parado para jantar, Dakota já começara a insistir que sua bexiga ia estourar e que se isso acontecesse, ela usaria o fato para exigir o status de menor emancipada pelas leis da Califórnia. Amy nem sabia o que essa porra queria dizer, mas parecia sério. Portanto, ali estavam eles, na parada de beira de estrada no meio do nada.

Alguém bateu na porta.

- O que vocês duas estão fazendo aí dentro? - gritou Erik. Eles estavam a vinte minutos da casa da irmã dele. Se não chegassem logo, Amy sabia que Erik iria acabar se estressando. Nos últimos 15 quilômetros, ele vinha agarrando o volante com tanta força que as articulações de seus dedos estavam brancas. Mas ela queria enganar quem? Era ela que iria se estressar.

- Ela não quer usar nenhum dos banheiros - gritou Amy para o marido.

- Então vem aqui fora e vai atrás de uma árvore - gritou Erik em resposta.

- Pai! - disse Dakota.

Amy escancarou a porta do último reservado. Estava mais limpo do que os outros, ou, melhor dizendo, menos imundo. Papel higiênico no lugar certo. Nenhum excremento humano à vista. Era um começo.

- Que tal esse? - perguntou Amy à fi lha.

Amy avançou alguns passos vacilantes atrás dela e deu uma olhada no interior do vaso sanitário.

- Tem alguma coisa lá dentro - disse, apontando timidamente para a água cor-de-rosa no vaso.

Amy não tinha tempo para explicar à filha o efeito da beterraba na urina.

- Dá descarga - disse Amy. Ela mesma apertou o botão e foi esperar perto da fileira de pias brancas. Ouviu a descarga e sentiu uma pequena parte da tensão fluir de seus ombros. Logo estariam na estrada.

A irmã de Erik teria um vinho de prontidão para esperá-los. A irmã de Erik sempre tinha um vinho de prontidão.

- Mãe? - Amy ouviu a filha chamar.

O que foi agora?

Amy virou-se e viu a fi lha de pé na cabine, a porta de metal oscilando aberta. O rosto de Dakota estava branco, vago, os punhos cerrados. O vaso estava transbordando, a água escorria sobre a tampa para o chão, formando um charco que quase parecia ser uma correnteza. Só que havia alguma coisa na água. O redemoinho tinha veios vermelhos. Parecia quase menstrual. E por um segundo Amy pensou: Será que Dakota ficou menstruada?

A água ensanguentada escorria pelo exterior do vaso sanitário branco, pelo chão, sob os tênis de Dakota, e na direção do local onde Amy estava paralisada. Havia alguma coisa no vaso, alguma coisa que subira até a superfície e agora se encontrava na altura da borda. Um pedaço de alguma coisa crua. Carne. Como se algum maníaco tivesse removido a pele e afogado um rato. Aquilo fi cou na borda do vaso por um instante e daí resvalou para o chão e deslizou para a frente, roçando o tênis de Dakota e desaparecendo embaixo do reservado ao lado.

Dakota gritou e se jogou para fora da cabine e nos braços de Amy, sem sequer olhar para trás quando o iPod deslizou de suas mãos e caiu ao pé do vaso sanitário com um chapinhar amortecido.

Amy forçou-se a engolir a saliva quente que subiu por sua garganta, juntando forças para não vomitar. Não era um rato. Defi nitivamente, não era um rato.

- Mãe? - chamou Dakota.

- O que é? - sussurrou Amy. O iPod continuava tocando. Amy ouvia uma canção pop bobinha pelos fones de ouvido brancos parcialmente submersos. Então, de repente, o aparelho parou.

- Eu não preciso mais ir ao banheiro - disse Dakota.

*

"Coração Maligno"
Autor: Chelsea Cain
Editora: Suma de Letras
Páginas: 296
Quanto: R$ 33,92 (preço especial, por tempo limitado)
Onde comprar: Pelo telefone 0800-140090 ou pelo site da Livraria da Folha

 
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