Livraria da Folha

 
12/07/2009 - 15h27

Escritora francesa que descreveu orgias sexuais diz não se importar com críticas

GABRIELA ALBUQUERQUE
colaboração para a Livraria da Folha

"As críticas aos meus livros me divertem e, ao mesmo tempo, me causam indiferença. Não me ferem, na verdade me dão uma ideia do estado de espírito dos meus contemporâneos". É dessa forma que a crítica de arte Catherine Millet define o que sente em relação às avaliações já recebidas por seus dois livros autobiográficos, "A Vida Sexual de Catherine M." (Ediouro, 2001) e "A Outra Vida de Catherine M." (Agir, 2009).

Arnaud Frévier/Divulgação
Escritora e crítica de arte, Catherine Millet lança segundo livro no Brasil
Escritora e crítica de arte, Catherine Millet lança segundo livro no Brasil

Com a primeira obra, a intelectual causou alvoroço na Europa. Sem pudores, revelou detalhes de sua movimentada vida sexual, iniciada aos 18 anos, e descreveu minúcias de orgias das quais participou --algumas delas envolviam até 150 pessoas. Depois do constrangimento inicial da opinião pública, veio a resposta: desde o lançamento, em 2001, os direitos autorais foram comprados por vários países e cerca de 1,2 milhão de exemplares foram vendidos em todo o mundo.

Mas toda a repercussão que o livro teve é resultado da curiosidade natural que existe em torno da temática do sexo, tratada ainda hoje como um tabu em grande parte das sociedades? Não. Pelo menos não é isso que a autora pensa. Ela atribui o sucesso da obra ao interesse das pessoas pela sua personalidade. "O livro traz descrições precisas sobre o ato sexual, claro. Mas acho que o que mais desperta o lado curioso das pessoas é o fato de eu ser uma mulher burguesa, que tem uma profissão, que trabalha com a arte e, ao mesmo tempo, pode falar abertamente sobre sexualidade", explica a escritora em entrevista à Livraria da Folha.

Só no Brasil, 20,4 mil exemplares de "A Vida Sexual de Catherine M." chegaram às mãos dos leitores. "Eu sei que o livro teve uma boa recepção no país e teve um impacto bastante positivo entre o público. Foi formidável", revela. Se o primeiro livro foi bem aceito, as expectativas para o segundo são igualmente positivas.

Catherine Millet está no Brasil --país pelo qual ela tem grande admiração-- para promover o lançamento de "A Outra Vida de Catherine M.". Igualmente autobiográfica, esta nova publicação traz uma protagonista que se rendeu às armadilhas do ciúme por Jacques Henric, seu marido há mais de 30 anos e com quem mantém um casamento aberto. Ao descobrir casos extraconjugais do companheiro ela, paradoxalmente, se viu assustada e enciumada. Ao falar sobre qual das duas obras teve mais facilidade em escrever, ela brinca: "certamente foi muito mais divertido relembrar detalhes da minha vida sexual do que falar sobre um sentimento que me fez sofrer tanto".

Com suas obras espalhadas em todos os continentes, a escritora diz que gosta de encontrar o público e de receber cartas e e-mails para saber a reação àquilo que escreve. Para ela, publicar um livro autobiográfico é de certa forma dizer aos leitores "Vejam como as coisas se passaram pra mim", "Veja como me senti" e, em seguida, provocar a pergunta "E agora? Como tudo isso se passa para você?".

França e Brasil

Nesta terça-feira (7), Catherine esteve no Sesc Vila Mariana e falou com a plateia sobre o trabalho desenvolvido à frente da revista de arte que dirige há 36 anos, a Art Press. A palestra integra o circuito de eventos que marcam a comemoração do ano da França no Brasil.

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"A Outra Vida de Catherine M."
Autor: Catherine Millet
Editora: Agir
Páginas: 200
Quanto: R$ 39,90
Onde comprar: pelo telefone 0800-140090 ou pelo site da Livraria da Folha

 
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