Livraria da Folha

 
26/09/2009 - 18h19

Indicados na categoria Infantil avaliam chances de ganhar Prêmio Jabuti

DANIELA SILVEIRA
da Livraria da Folha

Na próxima terça-feira, 29, a Câmara Brasileira do Livro (CBL) divulga os três vencedores de cada uma das 20 categorias do 51º Prêmio Jabuti. Os ganhadores participarão da cerimônia que premiará o "melhor livro do ano de ficção" e "melhor livro do ano de não ficção" , no dia 4 de novembro, na Sala São Paulo (região central da capital paulista).

Às vésperas da divulgação dos nomes que passarão para a segunda fase da premiação, nove dos dez autores indicados na categoria Infantil se dividem em sentimentos como alegria, surpresa e satisfação.

Para saber mais sobre as obras finalistas, a Livraria da Folha conversou com os escritores e perguntou sobre suas expectativas para o prêmio.

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Lista dos finalistas na categoria Infantil

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Veja a opinião dos autores finalistas.

Leticia Wierzchowski

Divulgação
História de um elegante felino que se casa com uma bruxa moderna
História de um elegante felino que se casa com uma bruxa moderna

Como você sintetizaria "Era Outra Vez um Gato Xadrez"?
Leticia - Bem, o livro nasceu das histórias que conto para meu filho mais velho, João. Meu pai contava para nós uma história de bruxa que ele mesmo inventara, e que caiu no nosso gosto de tal forma que minhas duas irmãs e eu lembramos da história inteirinha até hoje. Eu contava essa mesma história para o João, sempre com o mesmo prólogo: "essa é a história da bruxa que o vovô inventou". Até que, uma noite, meu filho propôs: "mãe, você inventa histórias, né? Por que não inventa uma história de bruxa pra ti?". Assim, resolvi contar minha história a começar pelo gato. E veio a história do gato xadrez, um felino culto e elegante, que se casa com uma bruxa moderna e que adora internet. Para sintetizar o livro, e não a sua gênese, "Era Outra Vez um Gato Xadrez" é a história de um gato que amava poesia, mas que detestava seu pelo. Em busca de mudar sua aparência, ele viaja meio mundo e acaba conhecendo uma bruxa maluquinha que vive no alto de uma montanha. Talvez seja uma história de amor para crianças.

Ficou surpresa com a indicação?
Leticia - Surpresa não seria a palavra. Fiquei foi feliz mesmo.

Acha que suas chances de vencer são grandes?
Leticia - Já tive um livro infantil indicado ao Jabuti antes ("Todas as Coisas Querem Ser Outras Coisas", ed. Record) e não ganhei. Então, não sei se ganharei dessa vez e, no final, ganhar não importa tanto assim. Ao menos, estou no caminho certo. Ademais, os jabutis andam devagar. Talvez daqui a alguns anos ele chegue até mim.

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Adriana Falcão

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Escritora ficou "muito surpresa e feliz da vida" com a indicação
Escritora ficou "muito surpresa e feliz da vida" com a indicação

Como você sintetizaria "Sete Histórias para Contar"?
Adriana - São histórias que eu colecionei durante o tempo em que contava histórias para as minhas filhas dormirem. Agora elas já estão com 30, 19 e 17 anos, e, em dezembro próximo, eu já vou ter uma neta para botar para dormir contando essas e outras histórias.

Ficou surpresa com a indicação?
Adriana - Fiquei muito surpresa e feliz da vida.

Acha que suas chances de vencer são grandes?
Adriana - Acho que não. Talvez uma única história caracterizasse mais um livro infantil. Esse talvez esteja mais para um "livro de contos".

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Luiz Antonio

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Em "Minhas Contas", Luiz Antonio discute preconceito e intelorância religiosa
Em "Minhas Contas", Luiz Antonio discute preconceito e intolerância religiosa

Como você sintetizaria "Minhas Contas"?
Luiz Antonio - Dois amigos são proibidos de brincar por terem religiões diferentes. Nei, o personagem principal, fica confuso com essa situação. E acaba partindo em busca de respostas para seu problema. "Minhas Contas" é um livro sobre amizade. Mas também sobre liberdade, liberdade de escolha. É uma história que toca em um assunto muito profundo e delicado, que é a intolerância religiosa. Principalmente a intolerância em relação às religiões de matriz africana, como o candomblé. Mas tudo sob o ponto de vista de uma criança que, no fundo, só quer saber de brincar e bagunçar.

Ficou surpreso com a indicação?
Luiz Antonio - Quem não ficaria? O Prêmio Jabuti é o mais disputado e um dos mais queridos prêmios da literatura nacional. Lembro de ainda criança ouvir falar no prêmio e me divertir com o nome dele, Jabuti. Acho que até o mais experiente dos escritores se surpreende ao ler seu nome nessa lista. Mas mais do que surpreso, fiquei orgulhoso da obra. O livro é finalista em três categorias, contando a de ilustração, graças ao ótimo trabalho do Daniel Kondo.

Acha que suas chances de vencer são grandes?
Luiz Antonio - Posso ser sincero? Não faço a menor ideia.

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Ellen Pestili

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Para escritora Ellen Pestili, o livro "é uma visão poética do rio São Francisco"
Para escritora Ellen Pestili, o livro "é uma visão poética do rio São Francisco"

Como você sintetizaria "Alma de Rio"?
Ellen - O livro "Alma de Rio" é uma visão poética do rio São Francisco. Rio importante tanto para toda a população de humanos que em volta vive, como para a fauna e flora ali contida. Nas páginas do livro, o corpo sente o rio. A cabeça, as pernas, os pés, as mãos, e o coração manifestam suas emoções ao ter contato com as águas do rio.

Ficou surpresa com a indicação?
Ellen - Sim! Não esperava.

Acha que suas chances de vencer são grandes?
Ellen - Acredito no livro, acredito no poema e acredito nas ilustrações. Mas sei que outros também têm força. Estou na torcida!

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Hermes Bernardi Jr.

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Neste poema-brincadeira, Hermes Bernardi Jr. utiliza elementos reais e imaginários
Neste poema-brincadeira, Hermes Bernardi Jr. utiliza elementos reais e imaginários

Como você sintetizaria "E um Rinoceronte Dobrado"?
Hermes - Um poema-brincadeira no qual passeio nos campos do possível e do impossível, entre elementos leves e pesados, grandes e pequenos, reais e imaginários. Tudo colocado dentro de uma caixa de sapatos--a representação da infância--repleta de imagens sobrepostas que se alternam involuntariamente, tal qual o pensamento infantil que, num lapso de segundos, transita do real ao surreal e faz mais poética a vida.

Ficou surpreso com a indicação?
Hermes - É da natureza defensiva dos seres rígidos camuflar Poesia sob seus cascos para estrategicamente nos surpreenderem, revelando-a quando mais necessitamos dela. Apesar de estar andando sobre "toneladas" de alegria, pois essa indicação vem da crítica especializada, vasculha-me a auto-exigência quanto à produção futura.

Acha que suas chances de vencer são grandes?
Hermes - Se eu pensar que não tenho chances minha escolha pelo ofício de escrever para crianças terá sido um enorme equívoco. Desacreditar é poluir a fonte, suponho. Como já disse Paulo Freire, a desesperança não é maneira de estar sendo natural do ser humano.

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Braulio Tavares

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Livro de Braulio Tavares é inspirado em lendas indígenas sobre a criação do mundo
Livro de Braulio Tavares é inspirado em lendas indígenas sobre a criação do mundo

Como você sintetizaria "A Invenção do Mundo pelo Deus-Curumim"?
Braulio - Meu livro é uma história inspirada em algumas lendas indígenas sobre a criação do mundo. Peguei alguns elementos soltos destas lendas e os misturei com coisas que eu mesmo inventei. A ideia é que Deus é um indiozinho que vive na aldeia e a mãe o proíbe de abrir um coco que fica guardado na oca. Ele desobedece, e começam a sair de dentro do coco uma porção de coisas que acabam formando o mundo como nós o conhecemos.

Ficou surpreso com a indicação?
Braulio - Quando a gente publica um livro, sempre acha que ele é bom, que as pessoas vão gostar, e que vão ver nele os mesmos méritos que a gente vê. Se o livro é indicado para um prêmio, o autor geralmente acha isto normal, porque vê qualidades no livro.

Acha que suas chances de vencer são grandes?
Braulio - Para mim a indicação já é um belo reconhecimento. Claro que se vencer é melhor ainda, mas acho que todos os indicados têm chances iguais.

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Fernando Vilela

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Escrito e ilustrado por Fernando Vilela, "Comilança" se passa na Amazônia
Escrito e ilustrado por Fernando Vilela, "Comilança" se passa na Amazônia

Como você sintetizaria "Comilança"?
Fernando - É uma história que se passa na floresta amazônica, que tem um aspecto lúdico e trágico de animais que se devoram em uma cadeia alimentar. Mas tem um aspecto surpreendente no desfecho dela. É um livro totalmente ilustrado, no qual o texto e a ilustração estão em um diálogo íntimo. Um complementa o outro, um ajuda o outro a contar a história.

Ficou surpreso com a indicação?
Fernando - Este é um livro que eu gosto muito e que é muito bem recebido tanto pelos adultos quanto pelas crianças, então eu fiquei feliz com a indicação.

Acha que suas chances de vencer são grandes?
Fernando - Isso eu não sei te dizer. A gente não sabe quais são os critérios dos jurados, mas eu acho que a pré-seleção foi muito boa e eles [os livros indicados] estão em pé de igualdade. Então, qualquer um que ganhar será merecido.

Mas você acha que tem chance de ganhar?
Fernando - Eu acho que tem. A gente tem que achar, não é? (risos).

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Maria Valéria Rezende

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Escritora Maria Valéria Rezende se inspirou nos haicais japoneses para escrever o livro
Escritora Maria Valéria Rezende se inspirou nos haicais japoneses para escrever o livro

Como você sintetizaria "No Risco do Caracol"?
Maria Valéria - É um livro feito para qualquer idade, que foi inspirado nos haicais japoneses --pequeno poema de três linhas inventado pelos poetas japoneses. Só que eu fiz os haicais encadeados. O último verso de uma página é o primeiro verso da página seguinte. E dentro da tradição do haicai, na verdade, é uma referência ao ciclo do inverno e do verão no Nordeste do Brasil. De maneira que é um livro circular. Você pode começar a ler em qualquer página, dar a volta e ele faz sentido, porque é justamente a ideia de que não tem nem começo, nem meio, nem fim. É uma história que acompanha o que acontece todos os anos no inverno e no verão.

Ficou surpresa com a indicação?
Maria Valéria - Fiquei surpresa, porque não sabia que ele [o livro] estava inscrito [para concorrer ao Prêmio Jabuti]. Nem imaginava. Comecei a receber parabéns por email sem nem saber por quê. Aí eu descobri.

Acha que suas chances de vencer são grandes?
Maria Valéria - Olha, não faço a menor ideia. Não conheço as outras obras que estão concorrendo. Realmente, não acompanhei muito os critérios, então, não sei. Fiquei surpresa por ter sido indicada.

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Alberto Martins

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História busca confrontar o horror de uma sociedade escravagista
História busca confrontar o horror de uma sociedade escravagista

Como você sintetizaria "A História de Biruta"?
Alberto - Bem, por um lado tenho vontade de dizer que ela já foi sintetizada e o produto da síntese é o próprio livro. Por outro, entendo o que você quer dizer. Penso que se trata de uma história que procura confrontar o horror de uma sociedade escravagista, vista pelos olhos de um cachorro "diferente, engraçado", que "por fora, abanava a cauda / e mostrava os dentes; / mas, por dentro, pensava / e falava que nem gente".

Ficou surpresa com a indicação? Acha que suas chances de vencer são grandes?
Alberto - Quanto às perguntas 2 e 3, sinceramente, acho que elas não têm real interesse e eu mesmo não pensei a esse respeito.

 
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