Descubra os fatores que influenciam suas decisões na hora de investir
JAMILLE MENEZES
colaboração para a Livraria da Folha
Em 2008, a Bolsa de Valores caiu 30%, fazendo com que muitas pessoas sacassem do fundo de ações e vendessem seus títulos por menos do que valiam, perdendo dinheiro. Este comportamento foi sentido não só pelos investidores pessoa física, mas também por analistas profissionais. A informação é do economista e escritor Aquiles Mosca, autor do livro "Finanças Comportamentais", no qual ele apresenta os fatores que influenciam as tomadas de decisão na hora de investir e mostra como se precaver.
"A forma como as informações nos são apresentadas interferem na nossa atitude e tolerância frente ao risco. Dependendo da forma como seu gerente do banco, ou consultor financeiro, apresentar as alternativas de investimento, você será levado a correr mais ou menos risco", afirma o escritor.
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Segundo ele, existe um fator chamado saliência, que diz respeito a eventos raros, mas que são amplamente divulgados na mídia e causam alvoroço no mercado. Um exemplo são os acidentes aéreos. Apesar da probabilidade de um avião cair ser muito baixa, a visibilidade gerada pelos meios de comunicação, influencia o comportamento das pessoas. "Quando acontece um acidente aéreo, os cancelamentos de passagens são de 20% a 30% na semana seguinte. Não apenas na companhia aérea que foi alvo do acidente, mas também nas concorrentes", explica Mosca.
Outro comportamento analisado pelo escritor no livro é o chamado movimento de manada, que seria a necessidade de agir em conformidade com o grupo no qual estamos inseridos. O que a maioria fizer comanda as ações individuais. Um dos elementos que compõe este agente é a chamada prova social. Isto é, o indivíduo é levado a pensar que se a maioria está agindo daquela forma, deve haver um bom motivo, embora este não seja visível.
O economista cita o caso de um estudo realizado numa grande metrópole, que colocou uma pessoa parada em uma esquina, simplesmente olhando para o céu. Após 40 minutos, cerca de 3% das pessoas que passavam pelo local, paravam para tentar descobrir o que ele estava vendo. Quando o número era de cinco indivíduos olhando para o céu, cerca de 25% das pessoas paravam para olhar. Com 15 pessoas, o número subiu para 50%. Com 20 pessoas, cerca 80% das pessoas paravam para procurar o nada no céu.
O economista revelou também que o grande medo das pessoas não é perder, mas sim ver os outros ganhando e não estarem ganhado também. "O que incomoda não é a pobreza, é a desigualdade. Por isso, quando todos investem em uma determinada ação eu sinto o impulso de investir também. Quando todos saem, eu saio também porque não quero ser o ultimo a sair, a perder", explica ele.
Segundo Aquiles Mosca, o que o livro "Finanças Comportamentais" apresenta para o investidor são mecanismos para que ele possa identificar as influências do meio, tendo assim uma chance maior de sucesso. "Primeiro é preciso ter consciência de que estas tendências comportamentais existem e que influenciam o nosso comportamento como investidor. Na maioria das vezes, levando-nos para o lado errado", afirma.
Na hora de investir, o economista alerta para alguns cuidados, como o de tentar resistir agir em conformidade com o grupo. Outro fator essencial é a definição dos objetivos. Ou seja, saber para que se está poupando. Para comprar um carro? Uma casa? Para a aposentadoria? Cada um desses objetivos exige uma estratégia diferente.
Para quem vai investir na bolsa, ele fala que é importante ter calma e um horizonte de tempo de, no mínimo, um ano. "No Brasil, quem tem um horizonte superior a três anos, a observação de retornos acumulados negativos é quase zero. Em cinco anos, já é bem positiva, e em dez anos é extremamente positiva. Então, não entre com horizonte curto", aconselha.
"Finanças Comportamentais"
Autor: Aquiles Mosca
Editora: Campus-Elsevier
Páginas: 160
Quanto: R$ 36,90
Onde comprar: Pelo telefone 0800-140090 ou pelo site da Livraria da Folha
