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02/10/2009 - 18h39

O que faz do Rio o Rio: a literatura

da Folha Online

Dona de uma beleza natural que encanta a todos, a cidade do Rio de Janeiro e suas lindas paisagens inspiraram diversos livros. São poetas que se deslumbraram com suas praias -- e com as curvas femininas--, com os tradicionais bairros boêmios e com a natureza que transborda em cada canto da cidade. Sendo uma das primeiras cidades do Brasil, cada bairro da capital fluminense tem muitas histórias para contar. E pelos olhos dos poetas e escritores que contaram algumas destas histórias, descobrimos que o Rio é lazer, cultura, boemia, arte e beleza. Conheça algumas destas obras:

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A Música

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A história e as histórias da Bossa Nova, o ritmo que marcou o Rio
A história e as histórias da Bossa Nova, o ritmo que marcou o Rio

Uma cidade que inspirou grandes artistas, que por sua vez produziram diversas músicas e criaram novos ritmos, o Rio de Janeiro é responsável pelo surgimento da Bossa Nova. E são vários os livros que unem a música, a cidade e seus artistas como uma coisa só.

Boate por boate, tiete por tiete, história por história, o biógrafo e jornalista Ruy Castro conta a irresistível história da bossa nova e reconstitui a vida boêmia carioca da época no livro "Chega de Saudade". É um romance, cheio de paixões e traições, amores e desamores, protagonizados por figuras como João Gilberto, Tom Jobim, Vinicius de Moraes, Nara Leão, Elis Regina e mais uma legião de jovens que eles seduziram com seu charme e suas canções.

Em "Rio Bossa Nova", o mesmo Ruy Castro apresenta um roteiro turístico, no Rio de Janeiro, pelos lugares que fizeram a história da bossa nova. Alguns prédios já não existem, mas estão repletos de grandes histórias, pois são lugares onde viveram ou trabalharam Tom Jobim, Vinicius de Moraes e Nara Leão. O roteiro segue uma sequência geográfica, que inclui também lugares onde ainda se ouvem os sucessos da Bossa Nova.

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A História do Brasil

Como uma das mais antigas cidades do Brasil, o Rio é berço de nossa história. Principalmente com a mudança da família real para o Brasil. Em "Entre a Corte e a Cidade", o autor se volta para 1808, quando o Brasil se depara com uma grande mudança: de mera colônia, irá se tornar o centro do Império português. No centro de toda essa metamorfose está a cidade do Rio de Janeiro, que, para receber a Família Real e a Corte, passa por diversas mudanças. Detalhista, o autor retrata, por exemplo, as obras feitas para a instalação da Corte, o espaço urbano da época e os costumes e comportamentos que eram obrigados a ser modificados ou habituados aos novos moradores.

Em "O Porto e a Cidade", a trajetória do porto do Rio de Janeiro durante quatro séculos, de 1565 a 1910, é revelada. Cerca de 200 imagens, entre mapas, pinturas, desenhos, gravuras e fotografias, mostram como a evolução do Rio de Janeiro e do porto se entrelaçam. Fotos e textos ressaltam as invasões estrangeiras e revoluções --como a Revolta da Armada, em 1893, e a Revolta da Chibata, em 1910. A obra também conta algumas curiosidades como quando o Rio sofreu um surto de febre amarela, no início do século 20, e alguns comandantes proibiram o desembarque de tripulantes e passageiros na cidade.

O antropólogo e jornalista, o australiano Patrick Wilcken se aventurou na história escrevendo "Império à Deriva". O livro fala sobre a transferência da corte portuguesa para o Rio de Janeiro, entre 1808 e 1821 revertendo historicamente o modus operandi do sistema colonial.

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A Cidade e as Praias

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Rui Castro mostra como Ipanema floresceu no início do século 20
Rui Castro mostra como Ipanema floresceu no início do século 20

Em "Ela É Carioca", Ruy Castro evidencia sua paixão pela praia de Ipanema: ela é a protagonista de seu romance. Adorada pelos moradores do bairro e turistas de todas as partes do mundo, Ipanema é um dos emblemáticos endereços do Rio de Janeiro. Além das personagens célebres, como Helô Pinheiro, Tom Jobim e Vinícius de Moraes, Castro mostra como Ipanema floresceu a partir do início do século 20.

"Cidade Submersa" mergulha na cidade que inspira Chico Buarque: Rio de Janeiro. Chico traça um itinerário afetivo que parte de Copacabana até o subúrbio carioca dos dias de hoje. Na obra, falam sobre Mangueira, Ipanema, Leblon, Paciência, Jardim Botânico, Encantado, Gávea. Fala o imaginário poético de Chico Buarque traçado no mapa de tantas cidades submersas no Rio.

Em um estudo sobre a realidade dos marginalizados do Brasil, realizado pelo médico Dráuzio Varella, o livro "Maré, mergulha no universo das favelas e apresenta a Maré, o maior complexo de favelas do Rio de Janeiro. São 16 comunidades e mais de 130 mil habitantes. A obra é um panorama da realidade da favela e o cotidiano de seus moradores, e aborda temas como a passagem da infância para a adolescência, o convívio com o tráfico, e também as transformações urbanísticas ocorridas nas comunidades, com suas multiplicidades de arquiteturas, espontâneas ou projetadas.

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Paisagens e Poesias

A beleza da cidade inspirou os poetas e a junção dos dois gerou alguns livros como "Rio Literário", onde a cidade é apresentada através de textos literários de vários autores, alguns cariocas, outros não. São poemas, contos, ou trechos de romances que seguem uma ordem cronológica de autores, iniciando com Vinicius de Moraes e Clarice Lispector, até chegar a Chico Buarque e Cecília Giannetti. A ideia não é conduzir o leitor por pontos turísticos, mas convidá-lo a perder-se pela cidade por caminhos e roteiros já percorridos por outras pessoas, repletos de histórias que incentivarão quem lê a escrever a sua própria.

Em "Roteiro Lírico e Sentimental da Cidade do Rio de Janeiro", o projeto foi trabalhado por Vinicius de Moraes ao longo de décadas, e contém poemas e fotos da cidade, com autoria de Márcia Ramalho. Completam a obra as "Reportagens Poéticas" e "Outros Lugares", duas pequenas coletâneas fiéis ao espírito do Roteiro lírico.

 
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