Crítico reúne mais de 300 resenhas em livro para traçar panorama da música
DENISE DE ALMEIDA
colaboração para a Livraria da Folha
| Marcelo Maragni/Divulgação |
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| Músico Arthur Nestrovski (foto) em apresentação feita em São Paulo |
Com linguagem ágil e acessível mesmo para quem não está familiarizado com os clássicos, o livro "Outras Notas Musicais: da Idade Média à Música Popular Brasileira" (Publifolha, 2009) reúne 333 críticas do compositor, violonista e articulista Arthur Nestrovski, em um abrangente panorama da história da música.
Escritos ao longo de uma década, os textos que compõem a obra abordam grandes nomes como Tom Jobim, Chico Buarque, João Gilberto e Chopin, além da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp) e muitos outros compositores e intérpretes internacionais.
Nestrovski analisa em seus escritos diversos shows, concertos, alguns CDs e até livros, mas prioriza principalmente as apresentações ao vivo realizadas na efervescente capital paulista, de 1999 a 2009. A maioria das críticas foi publicada originalmente no jornal Folha de S.Paulo, no qual escreve sobre literatura e música desde 1992.
O livro dá continuidade a "Notas Musicais" (Publifolha, 2000), um dos títulos mais difundidos da crítica musical brasileira e que propõe outra maneira de ouvir e pensar a música, mas com o diferencial de que o primeiro privilegiava mais discos do que apresentações. A diferença se deve, principalmente, pela inauguração da Sala São Paulo, em 1999.
Segundo o crítico, o fato permitiu que a música clássica se tornasse, "pelo menos em alguma medida", mais popular. "Ainda há quem pense que o ambiente da música clássica é muito elitista; mas geralmente são pessoas que não frequentam os concertos --que, aliás, custam muito menos do que qualquer grande show de rock no Pacaembu ou de música pop no Credicard Hall", afirma.
Editor da Publifolha, Nestrovski é também organizador do volume "Folha Explica Música Popular Brasileira Hoje" e autor de "Lendo Música" e dos infantis "Agora Eu Era" e "Cores das Cores", entre outras obras. Confira abaixo um trecho da entrevista exclusiva que o crítico concedeu à Livraria da Folha.
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Livraria da Folha - No início da obra, você cita que a inauguração da Sala São Paulo transformou a vida musical da cidade. Você acredita que, com o aumento da oferta de concertos, o público deste tipo de espetáculo também cresceu?
Arthur Nestrovski - Certamente. Não só a inauguração da Sala, mas o estabelecimento de um programa semanal regular de apresentações da Osesp ajudou a criar um grande público de concertos. E o exemplo da orquestra serviu depois de modelo para muitas outras instituições, em São Paulo e também em outras cidades. Falta avançar muito, nesse sentido de ampliação e diversificação do público, mas as coisas já não são como eram há 15 anos.
| Divulgação |
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| Obra analisa shows, concertos, CDs e até livros sobre música |
Livraria - Como bom entendedor de música, quem você tem como ídolo (s)? Você já teve a oportunidade de fazer uma resenha sobre alguma obra desta pessoa?
Nestrovski - "Ídolo" é um pouco demais! Tenho, sim, admiração enorme por muitos músicos, tanto da música clássica como da música popular. E já tive a felicidade de escutar e escrever sobre muitos deles. Para citar só alguns: Martha Argerich, João Gilberto, Grupo Rumo, Maria João Pires.
Livraria - Há algum motivo especial para o livro reunir 333 resenhas?
Nestrovski - É um número cabalístico, cheio de implicações... (não estou falando sério!). 333 funciona como chamada pro livro, mas vai mais longe: é um número amplo o bastante para compor um panorama do que foi visto e ouvido ao longo de uma década, e me obrigou, por outro lado, a deixar de lado outro tanto, por critérios tanto musicais quanto estilísticos. Ficaram os melhores textos, do ponto de vista literário, e também os que abordavam os artistas e eventos mais significativos, para que o livro tivesse também valor de referência.
Livraria - De todas as apresentações e discos analisados, teve algum em especial que lhe chamou mais a atenção, seja por estar acima ou abaixo da sua expectativa?
Nestrovski - No campo da música clássica, a plateia pode se considerar privilegiada: é raro ouvir um concerto que não seja de muito bom para cima. E desde que voltei a ter atividade profissional como compositor e violonista de música popular, praticamente parei de escrever nessa área, para evitar conflitos éticos. Não saberia escolher um concerto, em particular, dentro de um universo tão grande. Mas, para não deixar você sem resposta, cito três concertos que me marcaram de modo inesquecível: o concerto de Martha Argerich e Nelson Freire, na Sala São Paulo, em 2004; um recital do pianista Daniel Barenboim, na mesma Sala São Paulo, em 2000; e o concerto da Osesp em Nova York, em 2002.
"Outras Notas Musicais: da Idade Média à Música Popular Brasileira"
Autor: Arthur Nestrovski
Editora: Publifolha
Páginas: 592
Quanto: R$ 45,00
Onde comprar: pelo telefone 0800-140090 ou pelo site da Livraria da Folha
