Livraria da Folha

 
04/11/2009 - 09h20

Eventos comemoram bicentenário de Louis Braille; veja livros para crianças cegas

DENISE DE ALMEIDA
colaboração para a Livraria da Folha

Steve Mitchell/AP
O sistema de leitura em braile, criado em 1829, que possibilita a leitura por pessoas cegas
O sistema de leitura em braile, criado em 1829, que possibilita a leitura por pessoas cegas

Há 200 anos nascia, em Coupvray, na França, um homem que se tornaria --anos mais tarde-- um ícone por revolucionar a vida dos deficientes visuais do mundo com um sistema de leitura que permitiu uma maior inclusão das pessoas cegas: Louis Braille. Com apenas três anos, o pequeno Louis feriu seu olho com uma ferramenta ao brincar na oficina do pai. A infecção da ferida atingiu também o outro olho, provocando perda total de sua visão.

Para que o filho pudesse ser educado mesmo com condição especial, seus pais o matricularam em uma escola comum, onde Louis demonstrou grande facilidade para aprender. Já aos dez anos, ele ganhou uma bolsa de estudos no Instituto Real de Jovens Cegos de Paris, onde teve seu primeiro contato com um sistema de escrita e leitura --ainda bastante rudimentar-- específico para este público. Aos 15 anos, em 1824, Louis Braille concluiu o aperfeiçoamento de um desses sistemas, constuído por pontos em alto relevo com códigos para letras, números e símbolos especiais. O método, utilizado até hoje e que ganhou o nome de seu inventor, foi publicado no ano de 1829.

Para homenagear o bicentenário do nascimento de Braille, os Correios lançaram um selo comemorativo e, a partir do dia 5 (quinta-feira), o selo será apresentado em um evento que também promove a inclusão de deficientes visuais. A exposição "De Olhos Vendados - uma experiência tátil" traz esculturas de Adriana Rizkallah feitas em papel machê, que poderão ser manipuladas, permitindo aos cegos um contato maior com a arte. A mostra ocorre até o dia 30 de novembro, das 10h às 20h, no Casarão Brasil (R. Frei Caneca, 1057 - Consolação - região central).

Confira abaixo uma seleção de livros feita pela Livraria da Folha para crianças que nasceram cegas ou, assim como Braille, perderam a visão ainda na infância. Para conhecer todos os livros disponíveis em nosso site com o sistema braile clique aqui

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Divulgação
Abordando as diferenças, livro mostra às crianças a importância da amizade
Abordando as diferenças, livro mostra às crianças a importância da amizade

"Dança Down" - conta a história da menina Aninha que conheceu uma nova amiga na escola, a Cuca, que tem Síndrome de Down. A menina é um pouco diferente, mas bem divertida. Embora tenha dificuldades para aprender a ler e a escrever, Cuca é dotada de outros talentos, como a habilidade para dançar.

Narrativa breve, na voz de uma criança sem a síndrome, Cláudia "brinca" com a palavra down, criando neologismos como showdown, downvertido, downçar.

A autora Cláudia Cotes resolveu contar a história de um jeito especial, com transcrição do texto e das ilustrações para o braile, para que todas as crianças --as que enxergam ou não-- pudessem ler e provar que as diferenças podem conviver harmoniosamente.

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"Que Será que a Bruxa Está Lavando?" - A abordagem deste livro prova que as diferenças podem conviver harmoniosamente. Crianças que enxergam ou não podem ler e divertir-se com a divertida história de uma bruxa ocupadíssima com os afazeres domésticos, que corre pra lá e pra cá lavando tudo o que encontra pela frente.

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"Era uma Vez uma Página em Branco" - Neste livro, a criança não vidente entra em contato com o ponto, ilustrado em verniz texturizado, para que ela tenha a exata noção da figura. A partir dele, trabalhará com os espaços no centro da página, lado superior, inferior, lado direito, lado esquerdo (lateralidade), proporção (ponto pequeno, médio, grande) e espaço vazio.

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Divulgação
Inspirada pela natureza, autora cria fábula sobre sentimento de inveja
Inspirada pela natureza, autora cria fábula sobre sentimento de inveja

"Firirim Finfim" - A Galinha, com sua sombrinha, e o Macaco, com seu casaco, foram passear para exibir seus presentes. No passeio, encontraram Dona Cabra, com seus cabritinhos, que se juntou a eles. A Garça, vestida de branco de noiva e princesa, veio cumprimentá-los, mas inesperadamente bicou a sombrinha, o casaco e arregalou um olho feio para os cabritinhos. A Graça foi derrubada pela inveja! Bem que o Macaco quis revidar, mas pensou melhor e fugiu. Atrás dele os outros bichos. A garça, sozinha, pensou, pensou de novo e achou melhor se desculpar. Agora a Garça tinha descoberto a humildade! Desculpas aceitas, os bichos entraram em um bate-papo animado, musicando toda a mata. Elizete Lisboa, inspirada pela Natureza e conhecedora dos bichos, criou uma fábula, moderna e sem fechamentos morais sobre a inveja, esse sentimento perverso que rompe relações de amizade. E nos ensinou à tinta e em braille que quando a reflexão e o bom senso prevalecem, os amigos se unem para um encontro mais fortalecido.

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"A Bruxa Mais Velha do Mundo" - Cuidado! Uma bruxa brincalhona, que já fez muitos e muitos aniversários e adora cantar no meio da noite, cismou que vai se casar no ano que vem, e está à procura de um marido que goste de cantar e que seja bem velho. E bem feio!

 
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