Livraria da Folha

 
21/11/2009 - 12h25

Editoras espanhola e brasileira lançam livros do escritor Roberto Bolaño

da Livraria da Folha

"Una Novelita Lumpen", editado pela espanhola Anagrama, ainda não foi traduzido para o português, mas não importa. Outra obra do escritor chileno Roberto Bolaño, morto em 2003, desponta para a leitura, desta vez, focando a infelicidade humana e as recompensas falsas dentro da infelicidade, da coragem para mudar o rumo dos acontecimentos e da lucidez súbita sobre o rumo da vida de cada um.

O escritor consegue apresentar doses de realismo inteligente sem sermão para o leitor. Bolaño utiliza-se da piedade difusa, da amargura da vida e da vitalidade psicológica para trazer personagens de escassa complexidade, porém em relatos complexos.

A trama transcorre em Roma, com personagens de biografias complicadas. Bianca, a protagonista, é uma cabeleireira de pouco futuro, amante mecânica de um par de tipos misteriosos que vivem em sua casa. Não sabemos a idade dela, mas notamos que carrega alguns anos a mais do que poderia. Não há melodrama, autocompaixão e fantasias redentoras.

Há a mera ilusão de melhorar de vida. A cabeleireira é dotada de uma irresistível inocência ao narrar uma breve fase de sua vida, permeada por intrigantes facetas de sexualidade e engano. Notamos, por meio dela, a inteligência sentimental do escritor chileno.

Neste mês, a Companhia das Letras também lança outro livro de Bolaño, "Estrela Distante". Alberto Ruiz-Tagle é um jovem poeta esquivo e sedutor que frequenta, nos primeiros anos da década de 1970, as oficinas literárias da Universidade de Concepción, no Chile. O personagem possui várias facetas, as quais o autor tenta seguir o rastro. O romance é um retrato subjetivo da geração do escritor, que tinha em torno de 20 anos quando ocorreu a derrubada do governo Salvador Allende e a implantação da ditadura militar.

Veja outras obras de Roberto Bolaño já publicadas no Brasil:

"Amuleto" (2008) : O livro trata da invasão do campus da Universidade Nacional Autônoma do México pelas tropas do exército, em 1968. Aqui, temos a única narradora feminina em toda a obra do escritor chileno. Seu relato configura uma homenagem aos poetas e artistas do México, mexicanos ou exilados espanhóis e latino-americanos.

"Putas Assassinas" (2008) : Do escritor desconhecido que vagabundeia pela França e pela Bélgica ao filho de uma prostituta que revê os filmes censurados da mãe grávida, Bolaño mergulha-os em sua amarga ironia e acaba se identificando com cada um deles.

"A Pista de Gelo" (2007) : Primeiro romance publicado por Bolaño, em 1993, este romance policial revela a trama aos poucos e envolve o leitor como o detetive que analisa as pistas e desvenda o mistério.

"Os Detetives Selvagens" (2006) : Com humor e ironia, Bolaño faz o balanço de uma geração intelectual jovem quando havia projetos de transformação radical da América Latina e do mundo.

"Noturno do Chile" (2004) : Um denso monólogo composto por dois parágrafos: o primeiro ocupa quase todo o livro, e o segundo é uma frase de apenas oito palavras. Bolaño mistura personagens reais e ficcionais, e acerta suas contas com a ditadura chilena e com a vida literária do país.

 
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