PAULA DUME
colaboração para a Livraria da Folha
No alto de um morro em Juazeiro do Norte, a 500 km de Fortaleza, foi erguida, em 1969, a estátua de padre Cícero, com 27 metros. A polêmica em torno dele divide a Igreja Católica e os fiéis. Para a Igreja, ele era uma farsa. Para seus seguidores, um milagre.
Renato Parada/Divulgação |
Lira Neto, autor de livro lançado pela Cia. das Letras, responde se padre Cícero era charlatão |
Em "Padre Cícero: Poder, Fé e Guerra no Sertão", Lira Neto conta a história de "padim Ciço" com base em extensa pesquisa em arquivos do Vaticano e da Igreja Católica no Ceará. Em entrevista à Livraria da Folha durante a 4ª Balada Literária, Neto disse que seus biografados são escolhidos pelo potencial de ambivalência, de ambiguidades e de contradições. "Eu gosto de personagens que levaram existências em sobressalto, nunca existências em linha reta. É muito mais difícil, você tocar a alma desses personagens que viveram de modo tão radical", declarou. Dentre eles, estão "Maysa: Só numa Multidão de Amores", José de Alencar em "O Inimigo do Rei" e Castello: Marcha para a Ditadura".
O autor afirmou que padre Cícero continua um enigma. "A pergunta que ecoa ao longo das 570 páginas deste livro é: 'Afinal de contas, quem foi esse homem? Um santo ou um impostor? Um charlatão ou um visionário?'", explicou. Neto faz questão de não deixar essa resposta pronta e acabada para o leitor. "Eu, como biógrafo, digo: é um homem absolutamente surpreendente e, portanto, indefinível".
A partir desta semana, Neto começa uma série de lançamentos pelos Estados brasileiros. Brasília e Fortaleza são as primeiras cidades visitadas.