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25/11/2009 - 17h15

"Mordomo de Sarney tem garotões musculosos"; leia trecho de livro

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Livro mais vendido no país na categoria não-ficção, "Honoráveis Bandidos - Um retrato do Brasil na era Sarney" foi lançado no final de setembro e, em menos de dois meses, alcançou o topo da lista. Seu segredo? Escolheu o personagem do ano no noticiário político do país: José Sarney, presidente do Senado, envolvido em denúncias de nepotismo devido aos atos administrativos secretos.

Mas o texto do jornalista Palmério Dória também se volta para o séquito em volta da família Sarney. No capítulo 8 ("O lado feminino"), ele apresenta figuras que circulam no Maranhão como que abençoadas pelos Sarney.

Leia trecho do livro.

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Divulgação
Os bastidores do enriquecimento e tomada do poder pela família Sarney
Os bastidores do enriquecimento e tomada do poder pela família Sarney

Chegando ao Maranhão, o colunista aposentado era implacável. Falamos de Reinaldo Loyo, amazonense que se fez no Rio de Janeiro, decano dos colunistas sociais, imenso no tamanho, na mordacidade e na alegria de viver. Segundo Reinaldo, Sarney é o dono do Estado, da televisão, do jornal e do colunista social: Pergentino Holanda, uma das coisas mais loucas que eu já vi na vida. O PH.

Pergentino Holanda é aquela figurinha carimbada. Não se trata daqueles que fazem mal aos outros, mas, seguramente, faz muito bem a si próprio. Desfila pelas velhas e estreitas ruas da ilha de São Luís ao volante de uma de uma luzente Mercedes-Benz último tipo, vindo de uma cinematográfica propriedade nos arredores da ilha. PH faz e desfaz no society maranhense. Aos domingos, em O Estado do Maranhão, assina um caderno, onde seu monograma é contornado por uma estrela dourada. Estrela das grandes, cintilante. PH, saibam todos, depois de Roseana, é a maior estrela do Maranhão.

Seus aniversários são bancados por amigos generosos. Um banca a bebida; outro, o bufê; algum deslumbrado manda imprimir os convites na nec plus ultra tipografia Paul Nathan, do Rio; outro maceteia as passagens de alguma empresa aérea e o PH traz seus convidados do sul. Todo o mundo de gala e suando em bicas. Igualzinho Manaus, um calor das trevas dos infernos e a canalhada toda tomando o champanha que o Edemar Cid Ferreira, aquele do Banco Santos, pagou superfaturado, e o pessoal se achando o máximo. Mas o PH virou um grande lobista. Ganha os tubos. Se abrirem a caixa-preta, não tem como justificar a imensa riqueza. São raros os colunistas que passam pelo imposto de renda. Nem eu!

O genial humorista da televisão Chico Anysio, sentindo-se atingido por uma nota malvada publicada por PH em sua coluna, não perdoou. No belo Teatro Arthur de Azevedo, no centro histórico de São Luís, lotado de gente saindo pelo ladrão, dá um show de humor e competência. Aplaudido de pé, sorridente e simpático, pede silêncio ao público e carimba, impiedoso, o seu detrator, com esta tirada da Escolinha do Professor Raimundo:

"Ah, eu me esqueci! O Maranhão é o único lugar do mundo onde se escreve fresco com PH."

Secreta, o Rebolativo, leva mais cal à pá

Seu nome é Amaury de Jesus Machado, mas pode chamá-lo de Secreta que ele gosta - forma abreviada de secretário. Aos 51 anos, funcionário do Senado, Secreta mora na cidade-satélite do Guará, onde dispõe de um plantel de garotões musculosos e amestrados.

Na campanha eleitoral de 1998, quando Marcelo Amaral, filho do colunista Gilberto Amaral, candidatou-se a deputado, Secreta tomou-lhe o dinheiro para fazer uma festa de estilo de quermesse, apresentá-lo e arrumar votos.

O pessoal da campanha chegou, apareceram uns garotões tratados a pão-de-ló, aquilo não ia render nem meia dúzia de votos.

O chefe da campanha me contou que, em vésperas do pleito, após tomar muita grana, Secreta ainda apresentou mais uma despesa absurda. Não pagaram, rolou um estresse e ele se deu por liberado para atacar outro candidato.

A rebolativa figura anda cheia de joias de ouro, colares, pulseiras. Goza de absoluta confiança de Roseana e de toda a família Sarney. Faz o estilo "cunhã". Mas chamar de mordomo fica mais chique. Secreta recebe do Senado como "assessor de gabinete", mas trabalha na casa de Roseana.

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"Honoráveis Bandidos"
Autor: Palmério Dória
Editora: Geração Editorial
Páginas: 208
Quanto: R$ 29,90
Onde comprar: Pelo telefone 0800-140090 ou pelo site da Livraria da Folha

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Lançamento de "Honoráveis Bandidos" vira caso de polícia após pancadaria na sede do Sindicato dos Bancários, em São Luís
Lançamento de "Honoráveis Bandidos" vira caso de polícia após pancadaria na sede do Sindicato dos Bancários
 
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