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26/11/2009 - 18h03

"Pau faz mal, é o cigarro do novo milênio", diz Fernanda Young; leia trecho

da Livraria da Folha

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Fernanda Young diz ser a única coelhinha da história da "Playboy" com romances publicados
Fernanda Young diz ser a única coelhinha da história da "Playboy" com romances publicados

"Pau faz mal, é o cigarro do novo milênio. Xô, pau." É o que alerta Fernanda Young em "O Pau", seu novo livro.

Coelhinha da "Playboy" em ensaio de nudez nas bancas deste mês, a escritora, apresentadora do canal pago GNT e roteirista usa a palavra "pau" no sentido sexual de pênis. Ao longo do texto, ela --casada com o roteirista e escritor Alexandre Machado-- repete "pau" mais de 170 vezes. São 184 páginas, ou seja, é quase um "pau" por página.

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O livro conta a história da balzaquiana Adriana, uma designer de joias, traída pelo namorado 14 anos mais jovem e louca por uma vingança. Será que vai encarnar a Lorena Bobbit, aquela que mutilou o membro sexual do namorado em 1994, e ele acabou virando ator pornô?

Leia trecho do livro.

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Livro de Fernanda Young usa mais de 180 vezes a palavra "pau"
Livro de Fernanda Young usa mais de 170 vezes a palavra "pau"

- Calma, não se mexe. Você não gosta de tatuagens? Então. Estou fazendo uma em você. E da maneira mais tradicional, igual os piratas faziam: com bico de pena. Doi um pouco mais, mas se você ficar se mexendo vai ser pior, porque vai sair tudo borrado. Você não quer ter um borrão tatuado no pau, quer? Não, não quer. E eu estou tatuando uma coisa tão bonitinha... Uma palavra. Por isso até que eu tive que pôr um Viagra debaixo da tua língua: para que seu pau desse uma crescidinha. Preciso de área para escrever, está entendendo? Se você for inteligente e quiser colaborar, vira pra televisão: coloquei um DVD de sacanagem. Não é necessário que o pau fique duro, mesmo porque isso já seria impossível, mas murchinho demais eu não consigo tatuar a palavra inteira. Então sossega e colabora, para o seu próprio bem. Eu não sou de ferro, foi uma longa noite, estou cansada, e pra mim também não é nem um pouco animador ficar vendo um bando de gente dando o cu, lambendo cu, pica sendo lambida depois de comer cu, e pica suja de merda sendo metida em bocêta. Não banque o jovem rebelde e se esforce para manter o júnior no mínimo meia-bomba, pode ser? Inclusive, vai evitar sangramento. Não é como escrever num papel, compreende? É difícil - tem que ficar assim, espetando, pra tinta penetrar na pele. Depois, quando eu terminar, prometo que passo um gelinho. E você vai se ver livre de mim, para ganhar o mundo. Dentes falsos para um mundo falso; sorrindo, broxa para sempre. Desculpa a falastronice, eu sei que vocês não gostam de mulheres que falam muito, principalmente as que falam bem o Português, assim como eu, mas confesso que estou trincada de adrenalina. Nunca tatuei ninguém. Já me dei umas cortadas, mas é diferente. Acho que está ficando bom, apesar de tudo. Quer dizer, as letras não estão certinhas, tá meio estilo tatuagem de penitenciária, mas vai dar pra ler perfeitamente. Você deve estar doido pra saber que palavra é essa, que eu escolhi para tatuar, mas é surpresa. Não vou ser grossa, pode ficar tranquilo. Não é nenhum palavrão ou coisa parecida. Sou uma mulher fina, você sabe melhor do que ninguém. Jamais escreveria uma grosseria no pau de ninguém. Fica calminho e se comporta. Se comporta porque há sempre a possibilidade de eu perder a minha paciência e meter uma garrafa na tua bunda. Ou beliscar teu saco com minha pinça de sobrancelhas. Ajuda, então, que é melhor. Às vezes - não querendo defender os assassinos - a pessoa mata porque a vítima não colaborou. Vamos facilitar, por favor. Sei o quanto deve estar doendo, mesmo não tendo nenhuma tatuagem, porque faço depilação. Não existe homem que toleraria a dor de ter de se depilar de 15 em 15 dias, vocês são fracos demais. E a sua sorte é que eu me decidi só por essa palavra, cheguei a pensar em frases completas. Decoradas com arabescos. Portanto, querido, aguenta firme. Tem horas que doi mais porque é preciso passar a tinta várias vezes no mesmo ponto, até fixar. É, eu não tenho tatuagem mas tenho cultura. Adoro aquele programa que tem uns tatuadores em Miami, sabe qual é? Meu traço não está tão retinho quanto o deles, principalmente porque você continua se mexendo. Vai ficar feio e depois você não vai gostar. Se eu tivesse tido mais tempo pra me preparar, teria comprado uma máquina de tatuagem. Se bem que esse traço rústico, de repente, dá até uma enobrecida, uma cara mais antiga. Você pode mentir que fez em Bali, com um tatuador quase cego. À luz do luar. E que essa palavra quer dizer uma coisa linda, em balinês. As pessoas vão achar super in. Você diz que, em balinês, chato significa livre. Ihhh, dei com a língua nos dentes, agora você já sabe. A palavra que estou tatuando é chato. Sem duplo-sentido, chato de chatice mesmo. Como já disse, sou uma mulher fina. Quem ler e pensar num carrapato nojento é que tem a mente suja. Enfim, é chato no sentido da personalidade. E não me pergunte o que eu quero dizer com isso - pense a respeito. Eu poderia tatuar qualquer coisa que eu quisesse e tatuei a palavra chato; por que será? Será que é arte conceitual e você é muito burro para entender?

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"Para! Chega! Se não gozou, não vai mais gozar, esquece! Porque seu pau está me assando, tira ele daí! Que cara chato! Com esse pau maior do que o necessário!", escreve Fernanda Young em seu livro "O Pau"
"Para! Chega! Se não gozou, não vai mais gozar, esquece! Porque seu pau está me assando, tira ele daí! Que cara chato! Com esse pau maior do que o necessário!", escreve Fernanda Young em seu livro "O Pau"

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"O Pau"
Autora: Fernanda Young
Editora: Rocco
Páginas: 184
Quanto: R$ 25
Onde comprar: 0800-140090 ou na Livraria da Folha

 
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