Livraria da Folha

 
11/12/2009 - 11h31

Professor de literatura de Stanford propõe a análise da literatura por computador

da Livraria da Folha

O professor da Universidade de Stanford Franco Moretti propõe um método diferente para estudar o romance, gênero literário que domina a literatura ficcional há mais de dois séculos. Ao invés de se concentrar em análises de passagens, estilo, narrativa, ele propõe que os livros sejam estudados "de longe", com a utilização da informática para enxergar através de gráficos, mapas, ramificações o desenvolvimento da literatura.

Divulgação
Obra propõe um método estatístico para ver tendências na literatura
Obra propõe um método estatístico para ver tendências na literatura

Moretti utiliza programas de computador para localizar certas palavras chave em uma obra, transformando o texto em uma espécie de nuvem de tags, onde as mais reincidentes se tornam maiores e mais visíveis. Dessa forma, ele consegue encontrar termos muito comuns no texto, dando indícios interessantes sobre o estilo empregado. Sua teoria é explicada em "A Literatura Vista de Longe"

Ao estudar autores da Inglaterra Vitoriana, Moretti uniu 250 romances e os enviou para cientistas da IBM transformarem em uma "nuvem" revelando as palavras mais comuns, adjetivos como "forte", "brilhante", "bela". Isso confirmou sua hipótese de que os autores da época enxergavam que os traços físicos das pessoas eram indicadores de sua moralidade. Adjetivos que, em inglês, são ambíguos e podem ser utilizados tanto para características físicas quando da personalidade.

Em outra ocasião, estudou 7 mil livros dos séculos 18 e 19 para descobrir uma correlação entre a diminuição do tamanho dos títulos das obras e o desenvolvimento da indústria editorial, uma vez que títulos menores são mais fáceis de serem divulgados e vendidos. Moretti agora trabalha na criação de um software que saiba classificar o gênero de um livro através da análise de suas palavras mais comuns.

Essa aproximação estatística para analisar a literatura pode parecer fria e até próxima à ficção científica, mas em um momento no qual empresas como o Google tem a ambição de digitalizar todos os livros criados pela humanidade, não deixa de ser tentador imaginar as implicações desse experimento crítico. E afinal, os computadores mostram a sua supremacia apenas para colher informações. A análise dos resultados continua sendo, ao menos por hora, uma tarefa humana.

 
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