Livraria da Folha

 
12/12/2009 - 19h34

LITERATURA 2010: Brasil vai aprofundar debate sobre impacto do e-book

da Livraria da Folha

Em 2010, o mercado brasileiro do livro pretende aprofundar o debate sobre o impacto do e-book nos seus negócios. Em março, está prevista a realização de um evento internacional em São Paulo, com diversos especialistas, a fim de discutir como a indústria editorial vai se adaptar à nova tecnologia.

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Neste ano, o lançamento de leitores digitais, como o Kindle, aparelho colocado no mercado pela gigante Amazon, reforçou palpites pessimistas sobre o fim do livro físico. Há um temor de que a popularização do e-book derrube as margens de lucro do setor, pois a tendência é de redução dos preços, como ocorreu com a música digital nesta década.

Ben Margot -6.out.09/AP
Vendas do Kindle batem recorde mensal em novembro, diz Amazon
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Pesquisas mercadológicas tentam antecipar como será o futuro do mercado. É natural que, nessa discussão, repita-se o discurso de que o livro, como o conhecemos e folheamos, nunca morrerá, devido ao prazer tátil de folhear páginas, às facilidades de carregar e manuseá-lo.

Mas os empresários do livro olham para frente, para os potenciais clientes, para as estratégias do seu negócio a longo prazo. Por essa abordagem, os estrategistas já alertam: as futuras gerações vão encarar com mais naturalidade a incorporação de aparelhos digitais em sua rotina. Neste mês, saiu uma pesquisa apontando que consumidores de alto poder aquisitivo e elevado grau de escolaridade estão cada vez mais "viciados" em e-book.

Por enquanto, obviamente, o e-book é muito caro, restrito à elite cultural. E não teria como ser diferente neste momento. Afinal, toda nova tecnologia leva algumas gerações para ganhar o mundo, atingir camadas sociais de baixa renda. Os governos pelo mundo já escalam equipes para cuidar do tema, cada vez mais presente no noticiário.

Taiwan, por exemplo, já fala investir mais de US$ 65 milhões no setor de livro eletrônico (e-book) nos próximos cinco anos. Tudo por conta do potencial de negócios. As autoridades e empresários de lá querem elevar seus lucros com serviços de publicação digital, criando um serviço similar à livraria on-line Amazon.

Divulgação
Editora lança livro digital mais caro do que impresso
Editora lança livro digital de Rubem Fonseca mais caro do que impresso

Monte sua biblioteca sobre Rubem Fonseca

No Brasil, onde se disputa o título de "primeiro e-book do país", o romance policial "O Seminarista", de Rubem Fonseca, protagonizou neste ano uma situação curiosa. Era mais caro no formato de e-book do que impresso. Nos EUA, a situação é inversa, e o mestre do terror Stephen King, pioneiro em testar formatos digitais, até adiou o lançamento do seu e-book, a fim de evitar que a rede on-line de livrarias vendesse o livro a preço de banana, como já ocorre em alguns casos.

Monte sua estante sobre Stephen King

O governo brasileiro começa a ouvir as queixas da indústria do livro. No mês passado, o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) anunciou que o mercado editorial também terá acesso aos recursos de R$ 1 bilhão destinados a programas de apoio à cultura. O banco público quer oxigenar o setor com dinheiro para investimentos em novas mídias, como o e-book.

Essas questões vão ganhar mais visibilidade no ano que vem, com a visita dos organizadores da Feira de Frankfurt a São Paulo, em março, quando também se realiza 36º Encontro Nacional de Editores e Livreiros.

 
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