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25/12/2009 - 09h00

Entenda o significado cristão do presépio de Natal

da Folha Online

O espírito natalino aparece por todos os lados durante o mês de dezembro. Anjos, papéis noéis, e presépios espalham-se por toda a cidade e tornam-se pontos turísticos. Mas muitas vezes esquece-se os significados por trás destas tradições.

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Presépios fazem parte da cultura natalina do mundo todo mas sua origem é cristã
Presépios fazem parte da cultura natalina do mundo todo mas sua origem é cristã

Com um significado religioso, a data celebra o nascimento de Jesus Cristo. Por isso algumas tradições de Natal possuem um fundo cristão ou um sentido perdido e adaptado com o tempo. O presépio, por exemplo, representa o momento do nascimento do menino Jesus e a chegada dos Reis Magos para entregar-lhe os presentes.

Mas qual seria a razão para cada personagem estar presente? Teria realmente acontecido daquela forma a chegada do Filho de Deus a Terra? Publicado pela editora Santuário, de Aparecida, o livro "Natal" resgata as bases cristãs das festas de fim de ano e aprofunda as razões para utilizar as decorações de costume.

Veja abaixo trecho do livro que explica o surgimento do presépio e o significado de cada personagem:

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O Presépio

São Lucas, como aludimos acima, diz, em poucas palavras, que Maria deu à luz seu filho primogênito, envolveu-o em faixas e reclinou-o numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na sala (LC 2,7). A tradição, com muita imaginação, situou esse lugar como sendo uma gruta ou estábulo com feno, animais, cochos. No meio de tudo isso, Maria, José e o menino. Mas, não faltando, sem dúvida, o burrinho que transportou a família de Nazaré para Belém.

A reconstituição dessa cena denominou-se Presépio. Historicamente sua origem remonta a São Francisco de Assis. Tomás de Celano, biógrafo do Santo, é a fonte do relato. Apresentamos aqui um resumo:

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Entenda os símbolos natalinos pelo ponto de vista da religião cristã
Entenda os símbolos natalinos pelo ponto de vista da religião cristã

Corria o ano de 1223 e aproximava-se o Natal. Francisco que, segundo Celano, não deixava dia e noite de meditar os inefáveis mistérios da vida, paixão e morte de Jesus Cristo, resolveu celebrar de maneira nova e original a festa do nascimento de Cristo. Achando-se no eremitério de Fonte Colombo, disse a João Velita, amigo e admirador seu, membro da Ordem Terceira:

-- Senhor João, se quiser me ajudar, celebraremos este ano o Natal mais belo que jamais se viu!

E o amigo retrucou logo:

-- Certo que quero, meu Pai.

Então Francisco completou:

-- Num dos bosques que cercam o eremitério de Greccio, há uma gruta semelhante à de Belém. Desejaria representar a cena do Natal. Ver com os olhos do corpo a pobreza na qual Jesus Menino veio ao mundo. Tal como foi colocado numa manjedoura entre o boi e o asno. Já tenho autorização do Santo padre para fazer esta evocação da Natividade de Cristo!

João, decidido, apenas acrescentou:

-- Compreendi. Deixe tudo por minha conta, meu pai!

Na noite de Natal, os sinos do vale de Rieti bimbalhavam festivamente e os habitantes, avisados da nova celebração, acorriam das aldeias, dos castelos, dos casarios mais distantes, pelos caminhos saibrosos, sob a cintilação das estrelas, pela noite gelada, mas límpida. Acorriam todos, levando oferendas como os pastores da Judéia, enquanto dos eremitérios de Fonte Colombo e de Poggio Bustone e de outros lugares vinham os Frades em procissão com tochas acesas, entoando litanias, meio devotos, meio curiosos da grande novidade. As tochas, escreve Celano, ajudavam a iluminar a noite que era iluminada todos os dias e anos com sua brilhante estrela. Por fim, chegou o santo, e, vendo tudo preparado, ficou satisfeito...

Greccio tornou-se uma nova Belém, com um novo tipo de evocação do nascimento de Jesus Cristo, honrando a simplicidade, louvando a pobreza e recomendando a humildade do divino Salvador. A noite ficou iluminada como o dia, e estava deliciosa para os homens e para os animais...

O povo foi chegando e se alegrou com o mistério, ressoava com as vozes ecoando nos morros. Os Frades cantavam, dando os devidos louvores ao Senhor, e a noite inteira se rejubilava.

Durante a solene missa, São Francisco, que era diácono, encarregou-se de cantar o evangelho com voz forte, doce, clara e sonora. Com imenso carinho e emoção fala depois ao povo ali presente sobre o nascimento de Jesus pobre. E na consagração adora a presença sacramental do Senhor, que realiza naquele momento o Natal. E, na comunhão, ele o recebe com uma devoção inusitada. Para Francisco, o Menino está realmente presente. Seus braços o apertam, seus olhos o vêem, seu coração se inunda de amor e gratidão...

E se, passados tantos séculos, o presépio continua sendo, depois da missa, a celebração mais digna do Natal, é porque um gênio de poeta e santidade o imaginou para, de modo bem plástico e didático, continuar fazendo os homens relembrarem o supremo gesto de amor do Filho de Deus, como escreve Santo Agostinho.

O presépio foi organizado por São Francisco para visualizar, sensibilizar, facilitar a meditação da mensagem evangélica do conteúdo do mistério de Jesus Cristo, que nasce na pobreza, na simplicidade, para fazer o homem mais humano: Filho de Deus, irmão de todos os demais homens, harmonizado com o cosmos. Cada figura do presépio tem seu conteúdo evangelizador. É preciso explicitá-lo, captá-lo e vivenciá-lo:

a) José: o esposo, o companheiro; o pai, o homem que ama, trabalha, é responsável; o homem que respeita, que sustenta, que orienta; o homem de oração...

b) Maria: a esposa, a mãe, a companheira fiel, pura, digna, cumpridora da vontade de Deus (Eis aqui a serva do Senhor...); a mulher que educa, ora, medita em seu coração os mistérios da maternidade; é toda doação e dedicação...

c) Os pastores e os sábios: os simples e os sábios: os simples e os cultos, pessoas à escuta, em busca, que sabem ler os sinais dos tempos, saem de si para encontrar os outros, lêem no outro a presença de Deus...

d) Os animais, o feno, a gruta: a natureza toda a serviço do homem e de Deus, e quem acolhe o homem, acolhe a Deus...

e) A estrela: guia, luz, ideal, sentido...

f) Os anjos: mensageiros de Deus, comunicadores da Boa Notícia.

"Natal"
Autora: Israel José Nery
Editora: Santuário
Páginas: 160
Quanto: R$ 18,20
Onde comprar: Pelo telefone 0800-140090 ou pelo site da Livraria da Folha

 
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