Livraria da Folha

 
21/12/2009 - 08h45

Aventura de Michael Crichton traz um fascinante relato dos guerreiros vikings

da Livraria da Folha

Mais do que um escritor, Michael Crichton é um grande contador de histórias. Os seus livros venderam mais de 150 milhões de cópias em todo o mundo, diversos deles adaptados para o cinema, como "Mundo Perdido", "Sol Nascente", "Congo", além da popular série médica de TV, "Plantão Médico", pioneira no gênero de séries médicas.

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Aventura mistura relatos históricos com influência de poemas épicos
Aventura mistura relatos históricos com influência de poemas épicos

No livro "Os Devoradores de Mortos", Crichton, o autor leva o leitor ao começo da idade média, seguindo um embaixador árabe que viaja com um grupo de vikings para proteger um vilarejo de misteriosos demônios que aparecem junto da névoa. A história foi adaptada ao cinema no longa "O 13o Guerreiro", de 1999, que contou com Antonio Banderas no papel principal.

Crichton se baseou nesses relatos históricos para vencer um desafio de um colega escritor que afirmava que o poema épico Beowulf era desinteressante. Ele usou registros históricos para criar uma possível origem histórica para o mito arquetípico de monstros que descem das montanhas antigas para devorar os homens.

O livro segue uma figura histórica real, o embaixador Ahmad ibn Fadlan, que é enviado pelo sultão de Badgá a abrir relações com os vikings do rio Volga no século 10 como punição por ter se envolvido um pouco demais com a esposa de um nobre. Atribui-se a ele os primeiros relatos de diversos costumes nórdicos, como os famosos funerais vikings, nos quais os corpos de reis eram queimados em barcos. Lá ele acaba embarcando em uma aventura para salvar um dos vilarejos mais afastados dos ataques de misteriosos "demônios da névoa" que, diz a lenda, não podem ser mortos e se alimentam da carne humana.

Nesta narrativa, o autor mostra um profundo conhecimento histórico sobre o assunto (uma característica forte de Crichton é a pesquisa exaustiva na construção de mundo, mesmo que isso não ocorra a custo do ritmo da narrativa, que costuma enfatizar a aventura). O personagem de Ahmad ibn Fadlan é intrigante. Por terem um império extenso e tolerância de culto, os árabes eram grandes observadores do mundo antigo e muito tolerantes com relação a outros credos. Mesmo que comente alguns hábitos que considera impróprios, como a falta de higiene dos nórdicos, o embaixador apenas relata o fato e segue com uma descrição surpreendentemente isenta de preconceitos.

Através desses olhos, Crichton monta um retrato fascinante dos vikings. São um povo apaixonado pelo mar, que enxerga a morte com respeito, porém nunca com medo. Também é curioso como são flexíveis com relação à monogamia. Quando Ahmad pergunta a um dos nórdicos se ele não espera que sua mulher seja casta enquanto ele viaja, o viking responde: "A cada viagem eu posso ficar fora por anos ou não voltar nunca mais. Minha mulher tem suas necessidades, ora".

A exata natureza dos misteriosos demônios da névoa, chamados pelos vikings de wendol, criou debates entre os historiadores que duram até hoje. No momento em que Ahmad consegue ver um dos demônios de perto ele descreve seus traços faciais como se fosse uma espécie de homem pré-histórico, o que faz com que muitos afirmem que seu relato seja um indício de uma espécie paralela de hominídeo que conseguiu sobreviver até o início da Idade Média.

 
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