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02/01/2010 - 14h19

Obras reunidas de Roberto Piva escavam as profundezas da matéria-poesia

da Folha Online

Roberto Piva é um dos três únicos poetas brasileiros que fazem parte do "Dicionário Geral do Surrealismo", publicado na França. Em 1961, ele estreou na literatura ao participar da "Antologia dos Novíssimos", de Massao Ohno, na qual vários poetas brasileiros, até então iniciantes, foram lançados.

Divulgação
Livro é o terceiro volume que reúne as obras do poeta Roberto Piva
Livro é o terceiro volume que reúne as obras do poeta Roberto Piva

"Estranhos Sinais de Saturno" é o terceiro e último volume de suas obras reunidas --"Um Estrangeiro na Legião" e "Mala na Mão & Asas Pretas", organizadas e apresentadas pelo professor da Unicamp e crítico literário Alcir Pécora, lançado no ano passado pela Editora Globo.

Neste último volume, Piva esclarece o que é marginalidade e como a condição, de certa forma, o manteve marginal. Para ser marginal, segundo ele, basta ser poeta. Ao som do jazzista John Coltrane, o leitor sente o aquecimento da poesia. O amor grita em sua garganta assim como o garoto, a serpente e o absurdo.

Piva tenta nos mostrar que o caos mora ao lado. "Que você conheça o relâmpago chamado mundo sombrio", o autor deseja ao leitor. Em "A bengala alienígena de Artaud", Piva conclui por Sartre que "o marxismo é uma violência idealista às coisas". É um meio poema, meio manifesto, segundo o próprio autor.

Nos dois primeiros volumes, Piva declara seu amor por realidades não humanas, de preferência pagãs. Seu poema é metralhadora que dispara tiros de surrealismo como represália à intervenção sufocada pelo dito sistema. Piva é a infração do caos, a imobilidade que não aceitamos por comodidade.

Os escritos retomam a temática do amor a ser conquistado e preservado, e também as possibilidades do corpo e das relações afetivas, sejam elas hetero ou homossexuais. O sexo é experimentado como a via de acesso à arte. Segundo Piva, o pleno gozo é obtido por meio de relações afetivas, como a amizade.

 
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