Livraria da Folha

 
28/01/2010 - 10h35

"Espero que neste ano o Corinthians ganhe tudo que disputar", diz Olivetto

JULIANA FARANO
colaboração para a Livraria da Folha

"Salve o Corinthians". É com esta frase que Washington Olivetto encerra a entrevista concedida por e-mail à Livraria da Folha. A partir da consideração final do publicitário, é fácil saber do que se tratam as linhas que seguem abaixo. Ele fala sobre seu time do coração, o alvinegro do Parque São Jorge.

Pouco antes de 2009 chegar ao fim, Olivetto lançou "Corinthians X Outros", pela editora Leya. Ele, que já tinha páginas publicadas sobre o clube em "Corinthians: É Preto no Branco" (Ediouro, 2005), escalou a seleção de todos os tempos do Timão e criou embates imaginários com times adversários que, por sua vez, tiveram os jogadores escolhidos por torcedores ilustres.

Divulgação
Washington Olivetto narra partidas fictícias do Corinthians
Washington Olivetto narra partidas fictícias do Corinthians

Gilmar, Roberto Belangero, Zé Maria, Gamarra, Wladimir, Sócrates, Rivellino, Marcelinho Carioca, Neto, Ronaldo, Rincón, Casagrande, Dino Sani e Carlito Tevez formam a seleção alvinegra do publicitário. Para não desmerecer o suor que tantos outros craques e ídolos da nação corintiana derramaram pelo time, Olivetto criou um capítulo especial intitulado "Os Injustiçados", em que tece uma pequena biografia dos que ficaram de fora: Basílio, o que tirou o Corinthians do jejum em 1977; Cláudio, o maior artilheiro da história do clube; Luizinho, o eterno "Pequeno Polegar"; e Biro-Biro, o folclórico pernambucano que caiu nas graças da torcida.

Para escalar os rivais, o publicitário contou com uma seleção de craques de áreas diversas. Enquanto o jornalista Ricardo Kotscho formou sua equipe são-paulina de todos os tempos, Chico Pinheiro ficou incumbido do time do Galo. Ao governador de São Paulo José Serra coube a tarefa de escalar o Palmeiras, e ao líder do Skank, Samuel Rosa, a de colocar em campo o Cruzeiro. Participaram ainda João Moreira Salles (Botafogo), Pedro Sirotsky (Grêmio), Jorge Ben Jor (Flamengo), Luis Fernando Veríssimo (Internacional), Paulo Vinicius Coelho (River Plate), Sérgio Cabral (Vasco), Luis Bassat (Barcelona), Jô Soares (Fluminense), Alfredo Marcantonio (Manchester United) e Fausto Silva (Santos).

Leia trecho do livro em que Olivetto cria sua versão do clássico Corinthians x Palmeiras

Depois dos times devidamente formados, Olivetto passa a narrar partidas fictícias das quais o Corinthians, como já era de se esperar, sai sempre como vencedor. No entanto, não é só na ficção que a obra se sustenta. As "notas de roda-os-pés", escritas em parceria com o jornalista, pesquisador e também corintiano Celso Unzelte, mostram a verdade dos fatos. Além disso, todos os jogadores escalados pelo publicitário e alguns das seleções rivais ganharam biografias. O autor só abriu duas exceções. Ao invés de escrever sobre Garrincha, ele indica aos leitores "Estrela Solitária", de Ruy Castro. Já quando se trata de Pelé, ele escreve: "Pelé foi o Pelé". E nada mais.

Em entrevista à Livraria da Folha, Olivetto fala sobre o livro, conta como se tornou corintiano e relata suas expectativas para o ano do centenário.

*

LIVRARIA DA FOLHA - Como surgiu a ideia de escrever "Corinthians X Outros" ?
WASHINGTON OLIVETTO - A ideia surgiu de um jeito quase simplório: em 2008, meu filho Theo, na época com 4 anos de idade, ficou morrendo de ciúmes quando eu dediquei o livro "O Primeiro a Gente Nunca Esquece" para a sua irmã gêmea, a Antônia. E me perguntou por que eu não fazia um livro dedicado a ele. Fiquei com aquilo na cabeça e algum tempo depois tive a ideia do "Corinthians X Outros".

LIVRARIA - Como você chegou na escalação do seu Corinthians de todos os tempos?
OLIVETTO - Eu tinha que optar por algum critério. Optei por escolher os 14 que mais ficaram na minha memória afetiva entre os muitos que vi jogar. Só relacionei, analisei e escolhi os que vi jogar.

LIVRARIA - Entre os 14 jogadores que você selecionou, qual deles considera o grande ídolo do Corinthians?
OLIVETTO - Entre os 14, todos meus ídolos, tenho dois grandes ídolos: Rivellino e Sócrates.

LIVRARIA - Diferente do "Corinthians: É Preto no Branco", esse livro acaba falando não só do time do parque São Jorge. Por que você decidiu abrir essas "vagas" para os convidados escalarem as equipes rivais?
OLIVETTO - Optei propositalmente por não fazer um livro de corintiano só para corintianos. Queria algo que mexesse com torcedores de todas as equipes. Daí vem a presença dos convidados escaladores e das minibiografias de alguns geniais inimigos.

LIVRARIA - Quais critérios você utilizou para escolher os convidados?
OLIVETTO - Meu critério foi escolher fanáticos por outras equipes que verdadeiramente acompanham, gostam e entendem de futebol, apesar de não serem corintianos. A maior parte deles tem ainda um outro componente importante: são pessoas públicas, o que desperta e aguça a curiosidade do leitor.

LIVRARIA - Qual a "seleção" dos convidados que mais te impressionou? Você sentiu falta de algum "ídolo inimigo" que alguém tenha deixado de fora e que você considera essencial?
OLIVETTO - Como equipes, o Santos, do Fausto Silva; o Botafogo, do João Moreira Salles e o Fluminense, do Jô Soares realmente impressionam. Entre os jogadores não escalados, o que mais me chamou a atenção foi o Bellini, que não faz parte do Vasco de todos os tempos do Sérgio Cabral.

LIVRARIA - A ideia das figurinhas para ilustrar o livro foi sua também?
OLIVETTO - A ideia das figurinhas foi do brilhante diretor de arte Fábio Meneghini. Surgiu quando o Fábio criou a capa, mas era uma ideia tão boa que acabou sendo também o eixo de diagramação de todo o livro.

LIVRARIA - Qual é a sua primeira memória relacionada ao Corinthians? Como você se tornou corintiano?
OLIVETTO - Fui subornado para ser corintiano aos dois anos de idade pelo meu tio Armando que me comprou um uniforme completo, igualzinho ao do Gilmar dos Santos Neves.

Divulgação
Publicitária coloca sua seleção de todos os tempos contra os rivais
Publicitária coloca sua seleção de todos os tempos contra os rivais

LIVRARIA - Você usou alguma artimanha para que seus filhos se tornassem corintianos ou foi uma coisa natural para eles?
OLIVETTO - Usei com meus filhos todas as artimanhas. Uniformes. Entradas em campo com a equipe em jogos fáceis, em que a vitória é praticamente garantida. Jogos assistidos nas cabines das rádios com empolgantes locutores narrando os gols do Corinthians. Etc., etc., etc.

LIVRARIA - Você costuma ir ao estádio com frequencia? Gosta de sentir a torcida de perto e as outras emoções que só o futebol "in loco" pode proporcionar?
OLIVETTO - Costumava ir sempre ao estádio. O futebol ao vivo, no estádio, é incomparável. Tanto sob o ponto de vista da emoção quanto sob o ponto de vista da análise técnica. Mas, assim como aconteceu com muitos outros torcedores, a violência nos estádios acabou me afastando desse prazer. Hoje vou raramente.

LIVRARIA - Entre os jogos que assistiu, qual mais te marcou? Por quê?
OLIVETTO - Corinthians 4, Palmeiras 3 na estreia do Adãozinho.

LIVRARIA - Hoje em dia, alguns torcedores dizem que o São Paulo tomou o lugar do Palmeiras no posto de maior rival dos corintianos. Você também pensa assim?
OLIVETTO - O São Paulo e os são-paulinos adorariam tomar o lugar do Palmeiras como nosso inimigo de estimação, mas não tomaram nem vão tomar.

LIVRARIA - Qual é a sua opinião sobre a decisão de André Sanches de não jogar mais no Morumbi?
OLIVETTO - Acho uma decisão muito emocional e pouco negocial.

LIVRARIA - Em sua opinião, o que representa para o futebol, de uma maneira geral, o retorno de craques como Ronaldo e Roberto Carlos para o Brasil?
OLIVETTO - O retorno do Ronaldo e do Roberto Carlos não é bom apenas para o Corinthians; é bom para todo o futebol brasileiro, que começa a perceber que através de um bom trabalho mercadológico é possivel manter os grandes ídolos e talentos.

LIVRARIA - Você viu os primeiros jogos da equipe no Campeonato Paulista? O que achou do desempenho do time?
OLIVETTO - Vi os primeiros jogos e acho a análise de qualquer time (não só do Corinthians), neste momento, precipitada.

LIVRARIA - Quais são suas expectativas para este ano, o do centenário? Diferente da maioria dos torcedores, você não considera a conquista da Libertadores tão importante. Fale um pouco sobre isso.
OLIVETTO - Espero que neste ano do centenário o Corinthians ganhe absolutamente tudo que disputar. Aliás, espero a mesma coisa também para todos os outros anos depois do centenário. Quanto à Libertadores, ela sinceramente não me encanta, por, em muitas oportunidades (obviamente com exceções), privilegiar o antifutebol. Acho ruim e perigosa essa obsessão do Corinthians pela Libertadores, mas como esse é um sonho da maioria eu torço pela maioria.

LIVRARIA - Tem alguma outra consideração sobre o Corinthians, o livro, o futebol ou a publicidade que deseja comentar?
OLIVETTO - Apenas duas palavras como últimas considerações: Salve o Corinthians.

*

"Corinthians X Outros: Os Melhores Nossos Contra os Menos Ruins Deles"
Autor: Washington Olivetto
Editora: Leya
Páginas: 228
Quanto: R$ 39,90
Onde comprar: Pelo telefone 0800-140090 ou pelo site da Livraria da Folha

 
Voltar ao topo da página