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08/02/2010 - 14h32

Historiador Tony Judt publica artigos mesmo completamente paralisado

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Historiador dita artigos que misturam lembranças, comentários e sua doença
Historiador dita artigos que misturam lembranças, comentários e sua doença

Conhecido por suas obras históricas monumentais, como "Pós-Guerra" e "O Século XX Esquecido", o historiador Tony Judt prossegue escrevendo artigos de reminiscências na revista "New York Review of Books", mesmo sofrendo de esclerose lateral amiotrófica. A enfermidade degenerativa lhe tirou a capacidade de mover praticamente todos os músculos de seu corpo, incluindo aqueles usados para respirar e engolir, informou o "NY Times".

Lembranças

Judt relembra desde o desenvolvimento de seu pensamento político pessoal desde a adolescência nos anos 60 em Cambridge nas memórias da "New York Review of Books" --em particular sua visão crítica com relação ao Estado de Israel-- assim como comentários sobre sua geração e até detalhes de sua luta contra a doença.

Ele relata, por exemplo, que as noites são os períodos mais difíceis. Quando preparado por sua enfermeira para se deitar, ele fica imóvel "como uma múmia moderna, sozinho em minha prisão corpórea, acompanhado pelo resto da noite apenas pelos meus pensamentos," escreveu Judt.

As memórias de Tony Judt são ditadas a um assistente e a ideia de publicá-las partiu do editor da "New York Review of Books", Robert B. Silvers, que classificou-as de um ato "heróico e de incomparável coragem".

Os obras

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A obra que apresenta as mudanças em todo o continente europeu
A obra que apresenta as mudanças em todo o continente europeu

"Pós-Guerra" é uma monumental obra de 880 páginas que traz um profundo e envolvente relato sobre a Europa a partir da queda de Berlim, no final da Segunda Guerra Mundial.

Judt se baseou em pesquisas em seis idiomas para narrar a tumultuosa e excepcional jornada de um continente após a devastação causada pela mais violenta guerra da História da humanidade.

Nenhum país, questão, indivíduo importante ou evento decisivo deixa de merecer o foco da narrativa, que é sempre brilhante, dinâmica, impulsionada pela força da voz do autor.

Espirituoso e repleto de observações novas e surpreendentes, o livro é rico em detalhes visuais, com mapas, fotos e charges instigantes.

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A necessidade de lembrar erros do passado para não repetí-los
A necessidade de lembrar erros do passado para não repetí-los

Já em "O Século XX Esquecido", o autor afirma que o mundo de hoje é tão diferente do que o de algumas décadas atrás que se perdeu a noção de nossas origens. Perdemos os laços com um período de três gerações de debate político internacional, de pensamento e ativismo social.

O resultado? Já não sabemos como discutir assuntos cruciais para as políticas públicas e caiu em esquecimento o papel dos intelectuais no debate, na transmissão e até na defesa das ideias que moldaram essa época.

Numa obra que se lê como um roteiro para se ter a noção da história, Tony Judt recupera assuntos tão díspares como o percurso de alguns intelectuais judeus e o desafio do mal, a interpretação da Guerra Fria, ou a memória do marxismo. O livro é importante para se perceber como é que a história deu lugar à criação de mitos, que se sobrepuseram ao entendimento e à memória.

 
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