Livraria da Folha

 
19/02/2010 - 15h22

Autobiografia inédita de Guillermo Cabrera Infante será lançada na Espanha

da Livraria da Folha

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"Não só a história, mas a geografia nos condena", segundo Cabrera
"Não só a história, mas a geografia nos condena", segundo Cabrera

O cubano Guillermo Cabrera Infante (1929-2005) tornou-se uma das maiores vozes contra o Castrismo. O escritor apoiou a primeira fase da Revolução Cubana, mas depois rompeu com Fidel Castro. Desde 1965, ficou exilado em Londres.

A autobiografia inédita "Cuerpos Divinos", de Cabrera Infante, será lançada na próxima semana na Espanha, pela Galáxia Gutenberg/Círculo de Lectores. A informação foi divulgada nesta sexta-feira (19) pelo jornal espanhol "El País".

O livro --que possui alto valor testemunhal-- estava, como tantos outros textos, notas e cadernos do autor em sua casa, localizada na Gloucester Road, em Londres, onde viveu até sua morte, em 22 de fevereiro de 2005.

O volume reproduz a dor do autor de "Três Tristes Tigres" e de "Fumaça Pura". São quase 600 páginas repletas de Havana, cinema, sexo, música, revolução e exílio.

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Havana, cinema, sexo, música, revolução e exílio em 600 págs.
Havana, cinema, sexo, música, revolução e exílio em 600 págs.

"Não só a história, mas a geografia nos condena. Nascemos em um oásis e em um estalo de dedos nos encontramos em pleno deserto", escreveu o cubano, que trabalhou quase toda sua vida nesta obra.

Em entrevista ao "El País", Toni Munné, diretor das obras completas do escritor, afirmou que "Cuerpos Divinos" é um volume fundamental dentro da obra de Cabrera Infante. "É um livro que o acompanhou durante toda sua vida. Se acompanharmos as entrevistas de Guillermo veremos que ele sempre esteve escrevendo 'Cuerpos Divinos'", disse Munné.

O autor pediu que sua mulher substituísse os nomes falsos que havia colocado no livro pelos verdadeiros, já que as pessoas das quais falava haviam morrido. Ernest Hemingway e o próprio Fidel Castro aparecem nomeados.

Na obra, Cabrera Infante fala que o homem é um animal geográfico e a história não é mais que geografia em movimento, uma sorte de ilha flutuante. "As ilhas tendem a dominar o continente", acredita.

 
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