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23/02/2010 - 08h03

Livro relembra jogo contra o Liverpool que deu o Mundial de Interclubes ao Flamengo

da Livraria da Folha

Divulgação
Jornalistas apresentam 51 partidas memoráveis do Flamengo
Jornalistas apresentam 51 partidas memoráveis do Flamengo

Pelas letras dos jornalistas Roberto Assaf e Roger Garcia, os torcedores do Flamengo irão viajar no tempo e percorrer a memória da rica história do clube com o livro "Grandes Jogos do Flamengo".

Os autores selecionaram 51 partidas históricas do time rubronegro, desde a fundação até a conquista do hexacampeonato no Brasileirão de 2009.

A obra recebeu edição de luxo, com fotos de todos os jogos, palavras do ex-presidente Márcio Braga e um resumo sobre o surgimento do clube. Os autores propõem em cada crônica a contextualização desses momentos inesquecíveis, além de destinarem parte do espaço aos depoimentos de um personagem da história, podendo ser desde o protagonista até um simples espectador.

No trecho abaixo, os autores narram de maneira emocionante a partida que aconteceu no dia 13 de dezembro de 1981, em Tóquio. Na ocasião, o Flamengo bateu o Liverpool por 3 a 0 e levou o Mundial de Interclubes.

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Fla é o único carioca campeão do mundo

Onde você estava na madrugada de sábado para domingo, 13 de dezembro de 1981? Se já era crescidinho e morava no Rio de Janeiro, não pôde ficar alheio ao carnaval que tomou conta das ruas da cidade, logo depois que o árbitro mexicano Rubio Vasquez deu por encerrado o espetáculo que teve palco o gramado do Estádio Nacional de Tóquio, onde o Flamengo, com um futebol de dribles desconcertantes e de irresistível toque de bola, goleou o Liverpool por 3 a 0, ganhando o título do Mundial Interclubes. Sem exagero, foi a maior festa que o Rio viveu depois que a Seleção Brasileira conquistou o tri em 1970, no México.

O Liverpool chegou à capital do Japão carregando a fama e o respeito alcançados com pelo menos oito títulos importantes obtidos desde 1976, quando o técnico Bob Paisley deu forma definitiva ao time: um da Copa da Uefa (1976), três da Europa (1977, 1978 e 1981) e quatro da Inglaterra (1976, 1977, 1979, 1980). Os ingleses também desembarcaram credenciados por eliminarem o Bayern Munique nas semifinais e pela vitória de 1 a 0 sobre o Real Madrid - de Stielike, Juanito, Santillana e Cunningham - na decisão continental daquele ano.

Vale lembrar para você, que é mais jovem, e para os que começaram a perder a memória, que não existia TV a cabo e internet, o que impossibilitava o torcedor - seja de onde for - de acompanhar de perto o que se passava um pouco além do seu nariz.

Assim, os jogadores do Liverpool entraram em campo e ficaram olhando para a rapaziada do Flamengo com indisfarçável ar de superioridade, certos de que não teriam muitas dificuldades para derrotá-los. Assim, todo rubro-negro deveria agradecer todos os dias ao esforço da TV brasileira, que transmitiu ao vivo, e a cores, uma das maiores exibições de um time de futebol. Pois é isso. No intervalo do duelo, o esquadrão de Zico praticamente liquidara o chamado "Exército Vermelho", sem dar-lhe oportunidade de reação. Nunes, em lançamento magistral do Galinho, tocou na saída de Grobbelaar, aos 13 minutos, fazendo 1 a 0. Adílio ampliou aos 36 aproveitando rebote do goleiro. E Nunes marcou mais uma vez, aos 42, com chute cruzado: 3 a 0.

O Liverpool bem que procurou a bola na etapa final. Mas como encontrá-la? Numa autêntica brincadeira de "barata voa", o Flamengo rolou a bola de pé em pé e pôs os gringos na roda. Na prática, valeu mais que enfiar um caminhão de gols.

Fim de jogo, resultado mantido, Phil Thompson, o capitão do Liverpool, ainda atordoado com as peripécias dos músicos da orquestra rubro-negra, e de Zico, o melhor em campo, e já distante do pedestal de antes da partida, admitiu que "em tempo algum" vira algo "tão diabólico". Paisley, conformado, também se rendeu ao óbvio. "A superioridade dos brasileiros foi incontestável". O Flamengo tinha, enfim, o melhor time de futebol do planeta. Em tempo: o Liverpool, com o grupo que perdeu por 3 a 0 naquele 13 de dezembro, em Tóquio, ainda ganhou os títulos da Inglaterra em 1982, 1983, 1984 e 1986, o do Europeu de 1984 - em cima do Roma de Falcão e Toninho Cerezo - e o da Copa da Inglaterra em 1986.

Se você é jovem, queira acreditar, é tudo verdade. Se você já está, digamos, mais veterano, não esqueça, nada disso é lenda. A maior prova é o Toyota que Zico ganhou, por ser o melhor em campo, e que está devidamente guardado em sua casa na Barra da Tijuca, como se fosse mais um troféu daqueles tempos. Quisera ser imortal, para viver a glória eterna do Flamengo.

Ponto de vista
Luiz Carlos Barreto

"Renovou-se em mim, naquele jogo em Tóquio, a sensação que tive quando era menino e ouvi pelo rádio o gol do Valido, que marcou o tricampeonato de 1944. Me vi novamente naquela situação, com o Flamengo no Japão e eu aqui, no Brasil. Logo me veio a mistura dos dois jogos e a lembrança do heroísmo do Valido, que estava afastado do futebol havia seis meses e jogou com 38 graus de febre, no jogo mais épico da história do Flamengo. Já a partida contra o Liverpool tinha o mesmo tom épico, pela sua importância, por tudo que representava. O time era uma orquestra, com seis ou sete jogadores geniais, comandado por Zico em campo e Carpegiani, no banco. Portanto, a final do Mundial de Clubes de 1981 me fez uma regressão. Vivi simultaneamente os dois jogos com a mesma emoção. A conquista em Tóquio constitui uma consagração rubro-negra internacional. O Flamengo é o clube mais popular do País e, desde então, passou a ser o clube brasileiro mais popular internacionalmente. Outro dia, recebi um e-mail de um rubro-negro sobre um time perto do Pólo Norte chamado Flamengo. Essa difusão pelo mundo se deve àquele momento e àquela geração de 81".

Luiz Carlos Barretp, ex-jogador amador do Flamengo e produtor cinematográfico, em depoimento ao jornalista Roger Gargia, em 2009.

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" Grandes Jogos do Flamengo"
Autor: Roberto Assaf e Roger Garcia
Editora: Panini Books
Páginas: 132
Quanto: R$ 39,90
Onde comprar: pelo telefone 0800-140090 ou pelo site da Livraria da Folha

 
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