Livraria da Folha

 
03/03/2010 - 16h42

Versão digital da Biblioteca Brasiliana USP vai homenagear Mindlin

PAULA DUME
colaboração para a Livraria da Folha

Divulgação
"Aprendi com dr. José que os livros são ciumentos", disse Pedro Puntoni
"Aprendi com dr. José que os livros são ciumentos", disse Pedro Puntoni

Além de um depoimento de José Mindlin logo na abertura do site, a versão digital da Biblioteca Brasiliana USP contará em breve com uma parte dedicada à memória do bibliófilo, segundo Pedro Puntoni, diretor da Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin, e coordenador adjunto do projeto virtual.

Em entrevista à Livraria da Folha, Puntoni explicou que a homenagem é como um preparativo para uma exposição permanente que deverá ocupar um espaço já destinado no novo edifício.

"Faremos isso com cuidado, preocupados que estamos em realizar a verdadeira homenagem para ele e dona Guita, que é construir essa nova casa para os seus livros e torná-los acessíveis à todos", disse.

Mindlin, que morreu no último domingo (28) em São Paulo, acompanhava de perto o projeto da Brasiliana Digital. "Ele era entusiasta da ampliação do acesso aos livros. Apesar de não ser um utilizador da internet, sempre acreditou no potencial de democratização desta nova tecnologia. Desconfiava, como todos nós, da ideia de que o livro pudesse ser substituído", esclareceu o coordenador.

Puntoni conheceu Mindlin em 1990, enquanto preparava sua dissertação de mestrado. À época, teve a oportunidade de poder trabalhar em sua biblioteca. Desde então, passou a frequentar sua casa como pesquisador e leitor dos livros.

A partir de 2007, por conta do envolvimento no projeto Brasiliana USP, coordenado pelo professor István Jancsó, Puntoni passou a ter um convívio mais próximo. O diretor declarou que admirava o intenso bom humor e graça de Mindlin. O "dr. José", nas palavras de Puntoni, era um homem generoso e muito emotivo.

Questionado sobre as obras raras que fazem parte do acervo da biblioteca, Puntoni revelou que o datiloscrito de "Grande Sertão: Veredas" tira lágrimas até do mais duro dos corações. Já o manuscrito de Gabriel Soares de Souza deixa o leitor sem fôlego.

"Aprendi com dr. José que os livros são ciumentos, e que escolher um significa deixar todos os outros meio tristes", declarou.

 
Voltar ao topo da página