Livraria da Folha

 
05/03/2010 - 12h33

Quarto volume de "House of Night" chega às livrarias brasileiras

da Folha Online

A saga de Zoey Redbird tem seu quarto capítulo debutando nas livrarias nesta sexta-feira. "Indomada" é o volume da série "House of Night", na qual vampiros convivem com humanos em sociedade e precisam passar por um treinamento para completar a transformação, iniciada na adolescência.

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Capa original de "Indomada"; série ocupou a lista de mais vendidos
Capa original de "Indomada"; série ocupou a lista de mais vendidos

Seguindo a história parada no final de "Escolhida", acompanhamos a protagonista em busca de uma solução para o problema de sua melhor amiga: ela está morta. Ou apenas a sua parte humana, já que agora Steve Ray está mais próximo do mito do vampiro conhecido pelo mundo do que antes.

E ainda enfrentar Neferet, sua mentora e Grande Sacerdotisa da Morada da Noite, escola para a qual são enviados aqueles que são marcados para tornarem-se vampiros. Zoey, descobriu que a vampira não era tão boa quanto aparentava e é a responsável pela morte e mudança de sua melhor amiga. Além de impedir que a guerra entre humanos e vampiros planejada pela sacerdotisa se cumpra.

Ainda, a garota precisa enfrentar a raiva de seus amigos que a consideram mentirosa e aliar-se à garota que mais odeia de toda a escola. Mesmo entre os jovens marcados, Zoey não se encaixa e continua tendo problemas para se adaptar.

A série é escrita por P.C. Cast e Kristin Cast, mãe e filha respectivamente, que criaram um universo de criaturas das trevas completamente diferente de qualquer outro. Elementos de magia, vampirismo e hormônios adolescentes misturam-se para dar cor aos seus personagens.

Passando semanas na lista de mais vendidos do "The New York Times", a série é sucesso nos Estados Unidos e uma adaptação cinematográfica já está em andamento. "Burned" é o sétimo volume previsto para ser lançado no final de abril, enquanto "Caçada" é o próximo a chegar em português. A previsão é de que sejam publicados nove volumes.

Leia abaixo o segundo capítulo de "Indomada".

*

Tudo bem, pensei que ela tivesse voltado a ser humana, mas mesmo de onde eu estava dava para ver que a Marca de Aphrodite tinha voltado. Seus olhos azuis frios percorreram o refeitório, dispensando um olhar de desprezo ao pessoal que estava olhando para ela, antes de se voltar para Darius e pousar a mão no peito do enorme guerreiro.

- Foi muita gentileza sua me acompanhar até a sala de jantar. Você tem razão. Eu não devia ter passado dois dias fora. Com toda essa loucura que está acontecendo por aqui, é melhor ficar no campus, onde estamos protegidos. E, como você disse que vai ficar de guarda na porta do nosso dormitório, este é com certeza o lugar mais seguro e atraente para se ficar - ela praticamente ronronou para ele. Nossa, ela era muito baixo nível. Se eu não estivesse tão surpresa em vê-la, teria feito os ruídos de vômito apropriados. Bem altos e óbvios.

- E eu tenho que voltar ao meu posto lá fora. Boa noite, minha lady - Darius disse. Ele fez uma mesura muito rápida para ela, o que o fez parecer um daqueles cavaleiros românticos de antigamente, mas sem o cavalo e a armadura reluzente. - É um prazer servi-la - ele sorriu para Aphrodite mais uma vez antes de dar meia-volta com agilidade e sair do refeitório.

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Zoey Redbird enfrenta problemas ainda maiores no quarto volume
Zoey Redbird enfrenta problemas ainda maiores no quarto volume

- E aposto que eu teria o maior prazer em servi-lo - Aphrodite disse com sua voz mais cachorra, assim que ele já estava longe e não podia mais ouvir. Então, ela se virou para os demais no recinto, que a olhavam perplexos. Levantou uma das sobrancelhas perfeitamente delineadas e lançou a todos o olhar antipático que era sua marca registrada.

- O que foi? Parece até que vocês nunca me viram mais linda antes. Que inferno, só fiquei dois dias fora. Vocês podiam ter melhor memória de curto prazo, hein? Lembram de mim? Sou a lindíssima devassa que vocês todos amam odiar - ao ver que ninguém disse nada, ela revirou os olhos. - Ah, não importa - ela se voltou para o bufê e começou a encher o prato enquanto o barulho normal do refeitório explodia novamente, com o pessoal fazendo sons pouco educados e voltando a comer sem muito interesse.

Para quem não sabia de nada, tenho certeza de que Aphrodite parecia a mesma esnobe de sempre. Mas eu vi como estava nervosa e tensa na verdade. Que inferno, eu entendia exatamente como ela se sentia. Eu havia acabado de passar pelo mesmo corredor polonês. Na verdade, eu estava no meio dele, e com ela.

- Achei que ela tivesse virado humana de novo - Damien disse baixinho para todos nós. - Mas a Marca dela voltou.

- Os caminhos de Nyx são misteriosos - eu disse, tentando soar sábia como uma Grande Sacerdotisa em treinamento.

- Tô achando que os caminhos de Nyx são outra coisa que começa com M, gêmea - Erin disse. - Adivinha o quê?

- Maior zona? - Shaunee respondeu.

- Exatamente - Erin confirmou.

- São duas palavras - Damien retrucou.

- Ah, não banque o professor - Shaunee lhe disse. - Além do mais, o que importa é que Aphrodite é uma megera, e nós bem que estávamos torcendo para que Nyx desse um bom chute nela depois que aquela Marca desaparecesse.

- Mais do que torcendo, gêmea - Erin concordou.

Todo mundo ficou olhando para Aphrodite. Eu tentei forçar a salada garganta abaixo. Taí, esta era a situação: Aphrodite costumava ser a novata mais popular, poderosa e arrogante da Morada da Noite. Mas, depois que se indispôs com Neferet, a Grande Sacerdotisa, fora totalmente banida e reduzida a nada mais do que a novata mais arrogante da Morada da Noite.

É claro que ela e eu acabamos, meio que acidentalmente, nos tornando amigas ou, no mínimo, aliadas - o que era esquisito (e era a minha cara). Não que quiséssemos que a massa soubesse disso. Mesmo assim, fiquei preocupada quando ela desapareceu, apesar de Stevie Era ter ido atrás dela. Tipo, fazia dois dias que eu não tinha notícias delas.

Naturalmente, meus outros amigos - Damien, Jack e as gêmeas - a detestavam. Por isso, quando Aphrodite caminhou direto para nossa mesa e se sentou ao meu lado, dizer que eles ficaram chocados e nada satisfeitos seria minimizar de modo quase surreal o que realmente estava acontecendo - igual àquele cavaleiro do filme Indiana Jones que disse "ele escolhe mal" quando o vilão bebeu da taça errada e seu corpo se desintegrou.

- É falta de educação ficar encarando as pessoas, mesmo que seja alguém de beleza estonteante, como é o caso de moi - Aphrodite disse, antes de começar a comer a salada.

- Que diabo você está fazendo, Aphrodite? - Erin perguntou. Aphrodite engoliu em seco e piscou os olhos com falsa inocência para Erin: - Comendo, retardada - ela disse, docilmente.

- Isto aqui é zona livre de cachorras - Shaunee disse, finalmente recuperando a capacidade de falar.

- É, está escrito na placa - Erin disse, apontando para a placa inexistente atrás do banco em que estavam sentadas.

- Odeio ser repetitiva, mas neste caso vou abrir uma exceção. Então, vou dizer outra vez: die dorkamese gêmeas.

- É isso - Erin disse, mal conseguindo manter a voz baixa. - A gêmea e eu vamos arrancar essa droga de Marca da sua cara.

- É, quem sabe desta vez a gente apaga pra valer - Shaunee completou.

- Parem com isso - eu disse. Quando as gêmeas olharam para mim "p" da vida, senti um nó no estômago. Será que elas me odiavam tanto quanto parecia? Só de pensar nisso me doía o coração, mas empinei o queixo e olhei para elas. Se eu completasse a Transformação para vampira, um dia seria sua Grande Sacerdotisa, e isso significava que era melhor que elas me ouvissem. - Já passamos por isso antes. Aphrodite faz parte das Filhas das Trevas agora. Ela também faz parte do nosso círculo, pois tem afinidade com o elemento terra - hesitei, imaginando se ela ainda tinha a afinidade ou se a perdera ao passar de novata a humana, e depois, pelo jeito, à novata outra vez, mas a coisa era confusa demais, então não perdi tempo. - Vocês sabem que concordaram em aceitá-la e em não ficar com xingamentos nem agressões verbais.

As gêmeas não disseram nada, mas a voz de Damien, soando inesperadamente inexpressiva e fria, veio do outro lado.

- Nós concordamos com isso, mas não aceitamos ficar amigos dela.

- Eu não disse que queria ser sua amiga - Aphrodite respondeu.

- Digo o mesmo, cachorra! - as gêmeas disseram juntas.

- Não tô nem aí - Aphrodite disse, preparando-se para pegar sua bandeja e sair.

Quando abri a boca para dizer a Aphrodite que se sentasse e para mandar as gêmeas calarem a boca, um ruído bizarro veio ecoando pelo corredor e chegou às portas abertas do refeitório.

- Que diabo...? - comecei a dizer, sem formular a pergunta inteira, e um bando de, no mínimo, uma dúzia de gatos entrou correndo no refeitório, chiando e cuspindo como doidos.

Bem, na Morada da Noite os gatos estão por toda parte. Literalmente. Eles ficam seguindo o novato de sua escolha, dormem com a gente e, no caso de Nala, minha gata, reclamam um bocado também. Uma das primeiras coisas legais que aprendemos na aula de Sociologia Vamp é que faz muito tempo que os gatos são chegados aos vampiros. Ou seja, estávamos todos bem acostumados a ter gatos por toda parte. Mas eu jamais os vira se comportando de maneira tão insana.

O enorme gato cinza das gêmeas, chamado Beelzebub, pulou bem no meio delas. O paquidérmico gato, cujos pelos estavam tão arrepiados que haviam dobrado de tamanho, ficou olhando para a porta aberta da sala de jantar com os olhos cor de âmbar apertados de raiva.

- Beelzebub, baby, o que foi? - Erin tentou acalmá-lo.

Nala pulou no meu colo, pôs as patinhas brancas no meu ombro e deu um grunhido psicótico e assustador, também olhando para a porta e para o barulho caótico que ainda vinha do corredor.

- Ei - Jack disse. - Eu conheço esse som.

Então me ocorreu na mesma hora: - São latidos de cachorro - eu disse.

Então entrou no refeitório algo mais parecido com um enorme urso amarelo do que com um cachorro. Atrás do urso-cão vinha um garoto, seguido por vários professores com expressões peculiarmente exauridas, inclusive Dragon Lankford, nosso instrutor de esgrima, e Lenobia, nossa instrutora de equitação, bem como pelos guerreiros Filhos de Erebus.

- Te peguei! - o garoto gritou quando alcançou o cachorro e agarrou sua coleira, dando uma derrapada e parando, não muito longe de nós (reparei então que a coleira era de couro cor-de-rosa cercada de pregos de prata), para então encurtar a rédea com habilidade. No momento em que se viu encoleirado, o cachorro parou de latir, soltou o traseiro redondo no chão e ficou olhando, arfante, para o garoto. - Isso, ótimo. Agora você vai se comportar - eu o ouvi murmurar para o cão, que parecia sorrir abertamente.

Apesar de cessados os latidos, os gatos no refeitório não paravam mesmo de surtar. A chiadeira ao nosso redor estava tão forte que lembrava o barulho de ar escapando de uma câmara de ar furada.

- Viu, James! Era isso que eu estava tentando lhe explicar - Dragon Lankford disse enquanto olhava de cenho franzido para o cachorro. - Este animal não vai dar certo na Morada da Noite.

- É Stark, não James - o garoto disse. - E, como eu estava tentando lhe explicar, a cadela tem que ficar comigo. É assim que é. Se me quiser, ela tem que vir junto.

Achei que aquele garoto tinha qualquer coisa de incomum. Não que ele estivesse sendo abertamente mal-educado nem desrespeitoso com Dragon, mas também não estava falando com o respeito, e às vezes puro medo, com que a grande maioria dos novatos recém-Marcados falava com os vampiros. Reparei na frente de sua camiseta vintage com estampa do Pink Floyd, sem nenhum emblema indicando a turma, de modo que eu não fazia ideia de qual ano ele estava cursando e há quanto tempo era Marcado.

- Stark - Lenobia estava dizendo, obviamente tentando argumentar com o garoto -, simplesmente não é possível integrar um cão a este campus. Você está vendo como os gatos estão angustiados.

- Eles se acostumam. Também se acostumaram na Morada da Noite de Chicago. Ela não é de ficar correndo atrás deles, mas aquele gato cinza realmente a provocou; ele não parava de chiar e de arranhá-la.

- Hum-hum - Damien sussurrou.

Nem precisei olhar, deu para sentir as gêmeas bufando como baiacus.

- Minha Deusa, que barulheira é esta? - Neferet entrou no salão, linda, poderosa e totalmente no controle da situação.

Vi que os olhos do garoto se arregalaram quando ele se deparou com sua beleza. Era tãããããão irritante ver que todo mundo ficava automaticamente de quatro só de olhar para nossa Grande Sacerdotisa, e minha adversária, Neferet.

- Neferet, perdoe-me a baderna - Dragon levou o pulso ao coração e fez uma respeitosa mesura para a Grande Sacerdotisa. - Este é meu mais recente novato. Ele acabou de chegar.

- Isso explica a presença do novato. Mas não a presença daquilo

- Neferet apontou para o cão ofegante.

- Ela está comigo - o garoto disse. Quando Neferet lhe voltou seus olhos cor de musgo, o garoto reproduziu a saudação de Dragon. Quando terminou a mesura, fiquei totalmente perplexa ao vê-lo dirigir a Neferet um sorriso de canto de boca bem abusado. - Ela é o meu gato.

- É mesmo? - Neferet levantou uma das sobrancelhas castanho-avermelhadas. - O estranho é que ela mais parece um urso. Ha! Então eu não estava mesmo exagerando na descrição.

- Bem, Sacerdotisa, ela é uma labradora, mas não é a primeira vez
que a comparam com um urso. Suas patas são tão grandes quanto as
patas de um urso. Dá só uma olhada.

Não acreditei quando o garoto deu as costas completamente para Neferet e disse à cadela: - Bate aqui, Duca - a cadela levantou a pata gigantesca obedientemente e bateu na mão de Stark. - Boa menina! - ele disse, afagando as orelhas moles do animal.

Tá, eu tive que reconhecer. O truque era bonitinho.

Ele se voltou novamente para Neferet.

- Mas, cadela ou ursa, ela e eu estamos juntos desde que fui Marcado quatro anos atrás, o que faz dela meu gato.

- Um labrador? - Neferet andou ao redor da cadela de modo teatral, observando-a. - Ela é grande demais.

- Bem, é, Duca sempre foi grandona, Sacerdotisa.

- Duca? É este o nome dela?

O garoto assentiu e sorriu e, apesar de ele ser um sexto-formando, fiquei novamente surpresa de ver a facilidade com que falava com um vamp adulto, especialmente em se tratando de uma poderosa Grande Sacerdotisa.

- É apelido de Duquesa.

Neferet olhou para a cadela e para o garoto e apertou os olhos: - Qual é o seu nome, garoto?

- Stark - ele disse.

Será que só eu vi Neferet trincando o maxilar?

- James Stark? - Neferet perguntou.

- Deixei de usar meu primeiro nome faz uns meses. É só Stark - ele disse.

Ela o ignorou e voltou-se para Dragon: - Ele é o novato da Morada da Noite de Chicago cuja transferência estávamos aguardando?

- Sim, Sacerdotisa - Dragon confirmou. Quando Neferet olhou novamente para Stark, vi seus lábios se abrirem em um sorriso calculado.

- Já ouvi falar muito de você, Stark. Nós dois teremos uma longa conversa muito em breve - ainda observando o novato, Neferet se dirigiu a Dragon: - Providencie para que Stark tenha acesso vinte e quatro horas a todo e qualquer equipamento de arco e flecha que ele queira usar.

Notei uma leve contração no corpo de Stark. Sem dúvida Neferet também viu, pois seu sorriso se ampliou e ela disse: - É claro que já sabíamos de seu talento antes de você chegar, Stark. Você não deve parar de praticar só porque trocou de escola.

Pela primeira vez, Stark pareceu desconfortável. Na verdade, pareceu mais do que isso. Bastou ouvir falar em arco e flecha e sua expressão perdeu o ar gracioso e ganhou algo de sarcástico, malvado até.

- Quando eles me transferiram, eu lhes disse que havia parado de competir - Stark falou com uma voz controlada, e suas palavras mal chegaram à nossa mesa. - Mudar de escola não vai mudar a situação.

- Competir? Está falando daquelas competições banais de arco e flecha entre Moradas da Noite? - a risada de Neferet me deixou arrepiada. - Pouco me importa se você vai competir ou não. Lembre-se, eu sou porta-voz de Nyx aqui e estou dizendo que é importante você não desperdiçar o talento que a Deusa lhe deu. Nunca se sabe quando Nyx pode chamá-lo. E não. Neste caso não se trata de nenhum concurso idiota.

Senti o estômago revirar. Eu sabia que Neferet estava se referindo à sua guerra contra os humanos. Mas Stark, que não fazia a menor ideia disso, pareceu aliviado ao saber que não teria de competir de novo, e sua expressão voltou à mistura de indiferença e ousadia.

- Tudo bem. Não me importo de praticar, Sacerdotisa - ele disse.

- Neferet, o que deseja que façamos com o, ahn, cão? - Dragon perguntou.

Neferet parou por um breve instante; então se agachou graciosamente em frente à labradora amarela. As orelhas grandes do animal se empinaram para a frente. Ela levantou o focinho molhado e farejou com óbvia curiosidade quando Neferet lhe estendeu a mão. Do nosso lado, Beelzebub chiou ameaçadoramente. Nala rosnou no fundo da garganta. Neferet levantou o rosto e olhou para mim.

Tentei manter meu rosto inexpressivo, mas não sei se realmente consegui. Fazia dois dias que não via Neferet, desde que ela me seguira para fora do auditório após anunciar a guerra entre humanos e vampiros que queria começar em resposta à morte de Loren. Naturalmente, nós batemos boca. Ela era amante de Loren, e eu também. Mas isso era irrelevante. Loren não me amava. Neferet havia armado tudo entre mim e Loren, e eu sabia disso. Ela também sabia que eu sabia que Nyx não aprovava o que ela vinha fazendo.

Basicamente, ela magoara demais meus sentimentos e eu odiava Neferet quase tanto quanto a temia. Torci para que nada disso transparecesse em meu rosto quando nossa Grande Sacerdotisa se aproximou de nossa mesa. Com um gesto discreto de mão, ela fez Stark e sua cadela seguirem-na. O gato das gêmeas chiou alto de novo e saiu correndo. Eu acariciei Nala freneticamente, na esperança de que não perdesse a cabeça totalmente quando a cadela se aproximou. Neferet parou em frente à nossa mesa. Seus olhos passaram de mim para Aphrodite e pararam em Damien.

- Que bom que você está aqui, Damien. Gostaria que você mostrasse a Stark seu quarto e o ajudasse a se ambientar no campus.

- Será um prazer, Neferet - Damien disse logo, e seus olhos brilharam quando Neferet lhe deu um daqueles seus sorrisos de agradecimento de cem watts.

- Dragon o ajudará com os detalhes - ela disse. Então, seus olhos verdes se voltaram para mim. Eu me preparei. - E Zoey, este é Stark. Stark, esta é Zoey Redbird, a líder de nossas Filhas das Trevas.

Eu e ele nos cumprimentamos com um movimento de cabeça.

- Zoey, como você é nossa Grande Sacerdotisa em treinamento, deixarei o problema da cadela de Stark para você resolver. Confio que uma das muitas habilidades que Nyx lhe concedeu vá ajudá-la a acomodar Duquesa em nossa escola - seus olhos frios estavam fixos nos meus, e diziam algo bem diferente do que aquela voz adocicada e gentil dava a entender. Eles diziam "lembre-se de que quem manda aqui sou eu, e você não passa de uma garota".

Quebrei o contato visual com ela e dei um sorriso tenso para Stark.

- Será um prazer ajudar sua cadela a se ambientar.

- Excelente - Neferet arrulhou. - Ah, Zoey, Damien, Shaunee e Erin - ela sorriu para meus amigos e meus amigos sorriram para ela como completos idiotas. Ela ignorou Aphrodite e Jack por completo.

- Convoquei uma reunião extraordinária do Conselho para esta noite, às dez e meia - e olhou para seu relógio de platina cravejado de diamantes.

- São quase dez horas agora, então vocês precisam acabar de comer, pois também quero que seus Monitores estejam lá.

- Estaremos! - eles gorjearam como passarinhos ridículos.

- Ah, Neferet, isso me lembra algo - eu disse, levantando a voz para que todos na sala ouvissem. - Aphrodite irá conosco. Como ela ganhou de Nyx a afinidade com a terra, todos nós concordamos que ela também seja Monitora Sênior - prendi a respiração, esperando que meus amigos não me contradissessem.

Felizmente, a não ser pelo grunhido que Nala soltou para Duquesa, ninguém disse nada.

- Como Aphrodite pode ser Monitora? Ela não é mais membro das Filhas das Trevas - a voz de Neferet ficara fria.

Irradiei inocência.

- Eu me esqueci de lhe contar? Sinto muito, Neferet! Deve ter sido por causa de todas as coisas terríveis que aconteceram recentemente. Aphrodite voltou para as Filhas das Trevas. Ela jurou a mim e a Nyx que respeitará nosso novo código de conduta e eu a aceitei de volta. Quer dizer, achei que você gostaria disso, de vê-la voltando para nossa Deusa.

- É verdade - Aphrodite soou peculiarmente subjugada. - Eu aceitei as novas regras. Quero consertar meus erros do passado.

Eu sabia que Neferet pareceria má e cruel se rejeitasse Aphrodite publicamente depois de ela deixar claro que estava disposta a mudar. E, para Neferet, aparências eram tudo.

A Grande Sacerdotisa sorriu para todos no recinto, sem olhar para Aphrodite nem para mim.

- Quanta generosidade de nossa Zoey aceitar Aphrodite de volta no seio das Filhas das Trevas, especialmente se considerarmos que ela será responsabilizada pela conduta de Aphrodite. Mas nossa Zoey não foge das grandes responsabilidades - Neferet olhou para mim e o ódio em seu olhar fez o ar parar na minha garganta. - Cuidado para não acabar asfixiada com tanta pressão, Zoey querida - então, como se tivesse ligado um botão, seu rosto se encheu de doçura e luz outra vez e ela sorriu para o garoto recém-chegado. - Bem-vindo à Morada da Noite, Stark.

*

Indoamada
Autora: P. C. Cast, Kristin Cast
Editora: Novo Século
Páginas: 368
Quanto: R$ 39,90
Onde comprar: Pelo telefone 0800-140090 ou pelo site da Livraria da Folha

 
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