Livraria da Folha

 
06/03/2010 - 14h18

Mauro Beting lança livro sobre seleções estrangeiras e enaltece Ronaldinho Gaúcho

JULIANA FARANO
colaboração para a Livraria da Folha

No ranking das Copas do Mundo, o Brasil está no topo, em primeiro lugar. Nenhuma outra seleção conseguiu o feito de erguer o caneco cinco vezes. Os números confirmam e são de conhecimento de todos. No entanto, apesar da supremacia canarinho, que nos rendeu o estigma de "país do futebol", há de se reconhecer o mérito dos adversários.

O escolhido para analisar os "rivais" e eternizar sua opinião em livro foi Mauro Beting. O jornalista, comentarista esportivo e palmeirense fanático acaba de lançar "As Melhores Seleções Estrangeiras de Todos os Tempos", pela editora Contexto.

"A obra tem a pretensão de servir para ser discutida em banco de treinador e em banqueta de bar, para ser apreciada sem moderação", define.

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Conheça as melhores equipes dos países rivais na Copa do Mundo
Conheça as melhores equipes dos países rivais na Copa do Mundo

Sete times foram escalados para ter seus méritos estampando as páginas da publicação: o da Hungria de 1954, da Inglaterra de 1966, da Holanda e da Alemanha --ambas de 1974, da Itália de 1982, da Argentina de 1986 e da França de 1998. Beting, que diz respirar futebol desde o útero de sua mãe, usou os seguintes critérios para escolher as seleções: ele precisava ter visto elas jogarem, "por isso, ficaram de fora as de 1950 para baixo", explica. As equipes tinham que ter disputado alguma Copa do Mundo, e, de preferência, terem se consagrado campeãs.

O livro é um verdadeiro guia que conduz os leitores pela história do futebol mundial, com narrativas empolgantes, imagens de várias Copas do Mundo, lista de convocados das seleções e um detalhamento de todos os esquemas táticos das equipes escolhidas.

Beting é um dos nomes mais respeitados da imprensa esportiva. Seu fanatismo pelo Palmeiras não impede os torcedores adversários de respeitá-lo e admirar seu trabalho. Os comentários sensatos vêm de sua dedicação e amor pelo esporte. "É uma paixão que não se explica, e como tenho a pretensão de tentar entendê-la, faço tudo que é possível. Fiz curso de treinador, de árbitro, e sigo estudando o futebol", conta o também autor de "Os Dez Mais do Palmeiras" e "O Dia em que Me Tornei Palmeirense".

Em entrevista à Livraria da Folha, o jornalista falou sobre o livro e, como não poderia deixar de ser em ano de Copa, disse o que pensa a respeito de Dunga e da participação do Brasil no próximo mundial. Veja abaixo.

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Livraria da Folha - Quando você começou a se interessar por futebol?
Mauro Beting - No útero. Ou melhor, antes disso. Sou filho do rádio. Meus pais se conheceram numa rádio. Sou neto, filho, sobrinho, afilhado, primo, padrinho e marido de jornalistas. Gostar de futebol foi natural. Vou ao estádio desde 1973. Aos estúdios, com meu pai, desde 1974. Aprendi a ler com a revista "Placar". É uma paixão que não se explica. E como tenho a pretensão de tentar entendê-la, faço tudo que é possível. Fiz curso de treinador, de árbitro, e sigo estudando o futebol.

Livraria da Folha - Como surgiu a oportunidade para escrever o livro? Você já tinha material pronto sobre o assunto?
Beting - Foi uma encomenda da editora Contexto, que já havia começado a produzir a obra-prima (e irmã) do Milton Leite, "As Melhores Seleções Brasileiras de Todos os Tempos". Eles me apresentaram o projeto, eu amei e, em pouco mais de dois meses, fiz o livro. A minha sorte é que escrevo rápido e já tinha muito material coletado. Mas só foi possível terminar a tempo com a ajuda dos jornalistas André Rocha e Dassler Marques, e do colecionador Gustavo Roman, que disponibilizou o seu acervo absurdo de jogos de futebol. Por conta dele, consegui ver os vídeos completos de todas as seleções a partir de 1966. E fui fazendo tudo isso enquanto mantinha meu ritmo insano de trabalho em jornal, internet, blog, revista, rádio, televisão e palestras.

Livraria da Folha - Quais critérios você usou para escolher as seleções retratadas?
Beting - Usei vários. Primeiro, teriam que ser seleções que pude ver, não as que li ou ouvi. Por isso, estão fora as equipes de 1950 para baixo. Todas as seleções deveriam ter participado de Copas do Mundo e, de preferência sido campeãs. A Itália de 78, por exemplo, era melhor que a de 1982, mas não ganhou a Copa. A Inglaterra de 1970 era melhor que a de 1966, mas também não levou. E, para não criar ainda mais problemas e polêmicas, resolvi escolher uma seleção por país. E ainda assim estou insatisfeito. Sempre há como discutir tudo. Uma coisa, porém, é indiscutível: entre as sete, estão as melhores que não foram campeãs: Holanda e Hungria.

Livraria da Folha - Entre elas, qual você considera a melhor, e por quê?
Beting - Prometi não abrir o jogo, mas acho que dei muita bola à Holanda e à Hungria.

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Mauro Beting é apaixonado por futebol desde o útero de sua mãe e jornalista desde 1990
Mauro Beting é apaixonado por futebol desde o útero de sua mãe e jornalista desde 1990

Livraria da Folha - Em sua opinião, qual foi o melhor jogador estrangeiro de todas as Copas?
Beting - Maradona foi o maior jogador do mundo de todos os tempos, porque o Pelé é de outro (mundo). Mas o Cruyff foi um gênio tático. Só que Diego foi, talvez, a única pessoa física campeã do mundo. Ele foi mais campeão em 1986 que a própria Argentina.

Livraria da Folha - E o brasileiro?
Beting - Como já disse, Pelé é de outro mundo. Fico com Garrincha, que desequilibrou em 1962.

Livraria da Folha - O que o leitor deve encontrar de mais interessante e curioso no livro?
Beting - Além de muitas entrevistas exclusivas, impressões e anotações dos jogos, o livro ainda traz a apresentação tática de cada partida e algumas boas histórias de bastidores. Creio que não há trabalho semelhante em língua portuguesa. Trata-se de Uma análise profunda tática de cada equipe é rara.

Livraria da Folha - Neste ano de Copa do Mundo diversos livros estão sendo lançados sobre futebol. Em sua opinião, qual é o papel da literatura na preservação da memória do esporte?
Beting - Como em tudo na vida, é essencial. E, como acontece muito no Brasil, ainda não passamos para o papel tudo que fizemos de brilhante em campo. Temos alguns "Pelés" na literatura, mas pouco espaço para eles mostrarem sua arte. O ótimo é que as editoras estão acordando e entrando em campo com categoria.

Livraria da Folha - O que você acha da seleção brasileira atual?
Beting - Como em 1994, o Brasil deve ser o melhor time da Copa. Mas poderia ser um time muito melhor. É só o Dunga dar a Ronaldinho uma nova chance, como Parreira deu a ele em 1994.

Livraria da Folha - Prefere Dunga como jogador ou como técnico? Fale um pouco da atuação dele à frente da seleção.
Beting - Ele teve uma das trajetórias mais cinematográficas do esporte: um profissional de valor que virou o jogo que parecia duro e acabado. E tem feito bonito como treinador. Muito melhor do que a encomenda.

Livraria da Folha - Você acha que a presença maciça de jogadores que atuam no exterior faz com que o povo perca um pouco da identificação com o time?
Beting - Um pouco. Mas é inexorável. Se isso acontece com a França, por que não com o Brasil?

Livraria da Folha - Quem você acha deve brilhar na Copa?
Beting - Torço por Ronaldinho Gaúcho. Tenho plena confiança em Kaká. Mas acredito que será uma Copa de conjuntos acima de craques. Mais ou menos como foi em 2006.

Livraria da Folha - Você aposta suas fichas no Brasil? Que outras seleções você acha que estão no páreo?
Beting - Brasil vai pra final contra Espanha, Argentina ou Inglaterra, que tem um bom time.

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"As Melhores Seleções Estrangeiras de Todos os Tempos"
Autor: Mauro Beting
Editora: Contexto
Páginas: 240
Quanto: R$ 33,00
Onde comprar: Pelo telefone 0800-140090 ou pelo site da Livraria da Folha

 
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