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26/03/2010 - 17h21

Nazista matava famílias para evitar "insatisfeitos" em campo de concentração

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Eu sabia que depois de ter fuzilado ou torturado alguém até a morte, Göth mandava colher no fichário do campo os nomes e os números de detenção de toda a sua família, para executá-la também. Certa ocasião, ele observou: "Não quero ter pessoas insatisfeitas no campo."

Divulgação
Obra traz relato de sobrevivente que ajudou a criar a famosa lista
Obra traz relato de sobrevivente que ajudou a criar a famosa lista

O sobrevivente do Holocausto Mietek Pemper trabalhou para o diabo. Ou ao menos chegou o mais próximo possível, ao ser escrivão por 500 dias de Amon Göth, comandante de fama cruel até mesmo entre os carrascos nazistas, e que cometeu inúmeros assassinatos no campo de concentração de Plaszów.

Pemper foi também uma verdadeira ponte entre esse demônio e um anjo. Ele alimentou Oskar Schindler com informações indispensáveis para a criação do documento que salvou a vida de mais de mil judeus, além de participar de diversos estágios da sua elaboração. Em "A Lista de Schindler", ele conta a verdadeira história por trás da criação da lista, além de revelar as histórias que ficaram fora do filme de Steven Spielberg.

Talvez o mais chocante do livro seja a descrição dos atos e do caráter de Amon Göth, verdadeira personificação física da violência e do ódio nazista, e que apresentava um prazer particular por torturar pessoalmente as suas vítimas.

Depois de cem chicotadas, recebíamos uma pancada adicional na cabeça se não conseguíssemos pular da mesa a tempo. Logo depois de mim chegou a vez do detento Meitlis, um tipo idoso e fraco, que gritava terrivelmente. Ele já tinha recebido trinta golpes quando Göth deu a ordem de começar de novo a bater nele, para fazê-lo calar-se. E Meitlis ainda recebeu inúmeras pancadas na cabeça. Em seguida, começaram novamente, mas Meitlis gritava agora mais alto. Então, Göth pegou um tijolo e bateu tão forte na parte de trás da cabeça dele que o tijolo se partiu. Meitlis ainda recebeu outras cem pancadas. Depois da pancadaria, todos tinham que se apresentar a Göth, que perguntava se estávamos satisfeitos e se sabíamos por que havíamos sido punidos. Quando desceu da mesa, Meitlis se apresentou a Göth e depois se virou. Nesse momento, Göth puxou o revólver e atirou na cabeça dele. Depois, ordenou que ninguém fosse enfaixado ou desinfetado com tintura de iodo. Tínhamos o corpo estraçalhado pela pancadaria e estávamos sangrando. Mais tarde, recebemos ordem de sair para trabalhar.

O "crime" dos homens acima, neste trecho contido no livro do depoimento de Henryk Mandel no processo contra Amon Göth ao final da guerra, foi contrabandear um pouco de pão.

"A Lista de Schindler" narra toda trajetória pessoal do autor, da invasão da Polônia, à saída do gueto de Cracóvia, os trabalhos forçados no campo de concentração e o período que foi escrivão e tradutor do violento Amon Göth -trecho que traz até mesmo uma bucólica fotografia do carrasco tomando sol sem camisa junto de seu cão, Rolf.

A obra mostra também a contribuição de Pemper com Oskar Schindler, como deu a ele acesso ao conteúdo de documentos e correspondências secretas dos nazistas, e o final da guerra, com o julgamento de diversos carrascos -Amon Göth entre eles- e também como trabalhou como consultor do diretor Steven Spielberg para seu longa-metragem de 1993.

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"A Lista de Schindler"
Autor: Mietek Pemper
Editora: Geração Editorial
Páginas: 280
Quanto: R$ 34,90
Onde comprar: Pelo telefone 0800-140090 ou pelo site da Livraria da Folha

 
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