Livraria da Folha

 
28/03/2010 - 11h11

Baseado em pesquisas de textos bíblicos, romance investiga a biografia de Jesus

da Livraria da Folha

Divulgação
Arqueólogo viaja a Florença e lá descobre segredo sobre vida de Jesus
Arqueólogo viaja a Florença e descobre segredo sobre Jesus

Autor de 12 livros de autoajuda, entre eles "A Razão da Vida" e "Tudo Vai Dar Certo", o escritor Cesar Romão envereda agora por um caminho paralelo: em "Um Homem e seus Discípulos", seu novo livro editado pela Editora Planeta, há uma forte tinta religiosa, elaborada a partir de pesquisas em textos bíblicos. E muita ficção.

Também baseado em pesquisas sobre obras de arte e sociedades secretas, o romance é protagonizado por Ruiz, arqueólogo que se percebe extremamente fascinado pelo quadro "A Adoração dos Magos", de Leonardo da Vinci --ele percebe que ali há uma história imperceptível para a maioria.

De férias em Florença, o arqueólogo conhece um comerciante turco e o encontro o fará descobrir segredo histórico da vida de Jesus Cristo. A partir daí, Ruiz inicia um intenso percurso de descobertas sobre a biografia de Jesus e tenta desvendar personagens importantes que aparecem nela e em obras de arte.

Com o que descobre, Ruiz consegue compreender o processo de expansão do cristianismo ao longo dos séculos e, principalmente, renovar sua fé.

A seguir, leia o primeiro capítulo do livro:

*

Ruiz Martins, um arqueólogo renomado da Espanha, estava em férias na Itália, visitando a cidade de Florença pela primeira vez. Com o mapa na mão, posava de turista perto da Ponte Vecchio. A cidade de Florença foi construída no local de um povoado etrusco. Símbolo do Renascimento, atingiu o domínio econômico e cultural na região sob o domínio da família Medici, nos séculos XV e XVI. O destino de Ruiz era a Galleria degli Uffizi, berço de grandes mestres, como Giotto, Filippo Brunelleschi, Sandro Botticelli
e Michelangelo. Distraído com o movimento local e ajustando sua rota com o mapa na mão, não percebe e derruba a máquina de um homem que estava fotografando os arredores.
Pede desculpas e logo percebe uma reciprocidade e compreensão, pelo sorriso que o homem lhe dirige.

- Não foi nada, amigo, a máquina está ótima, esta cidade nos distrai mesmo com sua beleza e seus mistérios. Vejo que está com um mapa em mãos. Procura algum lugar em especial?
- Sim, a Galleria degli Uffizi.
- Bem, estava exatamente indo para lá quando parei para tirar umas fotos. Podemos ir juntos, se quiser, é só atravessar a Ponte Vecchio.
- Claro, será um prazer. O almoço depois é por minha conta, pelas fotos que atrapalhei. Meu nome é Ruiz Martins.
- Pode me chamar de Haniel!
Um aperto de mão selou aquele encontro, e ambos seguiram para a Galleria degli Uffizi. Depois de um longo tempo admirando o mundo da arte que ela abriga, Haniel notou que Ruiz estava parado tempo demais em frente a uma pintura, e aproximou‑se:
- Ruiz, algo especial nesta pintura que o atrai?
- É um lindo quadro, parece ter mais vida aos meus olhos do
que os outros que aqui conheci. Observe que interessante aquele
jovem sozinho, parecendo estar distante de tudo que acontece
na tela.
- Esta obra chama-se A Adoração dos Magos. Em 1480, Leonardo da Vinci recebeu do Monastério de São Donato, em Scopeto, aqui perto de Florença, um pedido para realizá-la. Um ano depois deixou a cidade e abandonou a obra, que ficou inacabada. Esta pintura representa os Três Reis Magos visitando Jesus no seu nascimento e sua mãe, Maria. Você observou bem: entre as 66 pessoas e 11 animais, ali está aquele jovem sozinho na extrema direita do quadro. Muitos historiadores acreditam que seja a imagem do próprio Leonardo da Vinci, que parecia ter habilidade para se colocar de alguma maneira em suas obras e deixar mistérios para os tempos que o sucederam.

As ruínas no fundo representam o declínio do paganismo, uma representação comum daqueles tempos. Esta obra foi submetida a uma verificação minuciosa, na qual o pesquisador usou raiosX, fotografias digitais de alta definição e radiação infravermelha e ultravioleta para produzir milhares de imagens detalhadas da obra, e se descobriu que existiam figuras construindo uma escadaria, que talvez fosse a representação do Renascimento. Ela sempre foi considerada uma das mais destacadas pinturas da Itália, até o dia em que um especialista conceituado em arte, Maurizio Seracini, atendendo a uma solicitação desta galeria, que pretendia restaurá-la, examinou cuidadosamente o
quadro para ajudar a planejar a limpeza e a restauração da pintura, cuja superfície apresenta estas manchas de verniz. Ele relatou que a obra era frágil demais para ser restaurada, e ainda, para espanto de muitos, revelou também, em entrevista ao New York Times e à BBC, que a tinta deste quadro não foi colocada por Leonardo da Vinci.
Essa teoria foi apoiada por outros estudiosos do assunto, como Carlo Pedretti, da Universidade da Califórnia, em Los Angeles. Estima- se que o estudo original de Leonardo da Vinci tenha sido apagado por um pintor anônimo.

- Ele é lindo para meus olhos, eu gosto muito desta tela. É um momento mágico da história. E quanto ao jovem solitário à direita, que parece um pastor observando tudo ao longe, ele não está ali ao acaso.
- Como assim, Haniel?
- Ele existiu, Ruiz. Leonardo, ao traçar esta tela, e o pintor anônimo, ao colocar a tinta, certamente conheciam uma história há muito contada na Turquia, minha terra-mãe, que nasceu no mundo árabe e ganhou as divisas territoriais romanas.
- Haniel, me fale dessa história!
- É muito longa, Ruiz, o tempo de nosso almoço não será suficiente, e ainda tenho algumas coisas para fazer na cidade. Vamos combinar o seguinte: estou hospedado no Hotel Alle Sull'Arno Ville. Fica a alguns minutos aqui do centro de Florença, é uma
construção do século XV com um ambiente externo muito agradável.
Que tal marcarmos um jantar às sete horas?
- Ótimo, Haniel, estarei lá.
No horário marcado, Ruiz chega ao hotel, encontra‑se com Haniel, falam um pouco da vida, sentados no jardim. Mas Ruiz não consegue conter sua curiosidade e pede para Haniel voltar ao assunto da história do jovem do quadro.
- Bem, Ruiz, a história que vou lhe contar já tem mais de dois mil anos e ainda é narrada entre as pessoas de fé e as pessoas que participam de ordens sagradas pelo mundo.
Aquele jovem do quadro realmente existiu. Sua retratação na tela foi uma maneira de sua história seguir adiante através das pessoas que de alguma maneira vivenciaram fragmentos da vida que ele levou.
- Nada é obra do acaso, Ruiz, nem mesmo este nosso encontro.
- O nome do jovem era Akim...

*

"Um Homem e Seus Discípulos"
Autor: Cesar Romão
Editora: Planeta
Páginas: 160
Quanto: R$19,90
Onde comprar: 0800-140090 ou na Livraria da Folha

 
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