Livraria da Folha

 
27/03/2010 - 16h34

No Dia do Grafite, artistas do spray contam como foi seu "batismo" nos muros

da Livraria da Folha

Sérgio Ripardo
"Ame São Paulo" em grafite da dupla Osgêmeos (Otávio e Gustavo Pandolfo) em prédio abandonado na av. São João
"Ame São Paulo" em grafite da dupla Osgemeos (Otávio e Gustavo Pandolfo) em prédio na av. São João

Hoje é comemorado o Dia Nacional do Grafite. Em São Paulo, os muros registram essa arte de rua, principalmente em bairros da região central, como Cambuci, berço da dupla de grafiteiros Gustavo e Otávio Pandolfo, conhecida como Osgemeos, Liberdade e Bela Vista.

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Nem sempre os trabalhos dos grafiteiros são valorizados. Às vezes, o poder público apaga muros que estampam obras de artistas renomados do grafite. Nas livrarias, é possível encontrar títulos sobre manifestações gráficas nas ruas.

Monte sua estante com obras sobre grafite

"Por Trás dos Muros - Horizontes Sociais do Graffiti" aborda esse gênero das artes visuais como uma ferramenta de transformação social. A jornalista Kátia Menezes entrevistou grafiteiros e coordenadores do Projeto Quixote, ligado à Universidade Federal de São Paulo, um dos vencedores do Prêmio Criança 1999, que desenvolve trabalhos com menores em situação de rua na capital paulista.

No livro, há ainda um olhar externo sobre o movimento com textos do cineasta Jon Reiss e da urbanista Raquel Rolnik. Além de mostrar fotos de grafites, a obra mostra ainda cena do processo de criação da turma do spray.

Otávio Pandolfo/Arquivo Pessoal
Prefeitura de SP apagou painel, elaborado em 2002 por artistas de carreira internacional
Prefeitura de SP apagou painel, elaborado em 2002 por artistas de carreira internacional

Para a realização do livro, foram entrevistados os grafiteiros Cuba (Marcelo Masaharu Nagatha), Ota (Otavio Fabro Boemer, que atuou com crianças de rua na região da Cracolândia, centro paulistano), Pastore (Bruno Pastore) e Wolpy (Fábio Luiz Pereira Nascimento).

A Livraria da Folha selecionou alguns trechos de "Por Trás dos Muros - Horizontes Sociais do Graffiti"

"Meu primeiro contato com o graffiti foi no Carandiru, um muro, acho que dos gêmeos. Depois disso, foi na rua, de começar a pichar, de experimentar umas letras. Graffiti só por alto, e depois fui vendo as pichações, fui criando umas letras, copiava as dos outros. Aí fui criando, foi rolando um interesse" (Pastore)

Divulgação
Um dos trabalhos da dupla de grafiteiros na exposição "Vertigem", encerrada neste domingo
Um dos trabalhos da dupla osgemeos na exposição "Vertigem", realizada em 2009, no Museu de Arte Brasileira, na Faap

"Foi no caminho da escola. Eu passava e via grafitti na rua, há muito tempo atrás. Comecei a fazer sozinho. Aprendi a fazer sozinho no papel. Depois de muito tempo, comecei a fazer na parede, sozinho" (Wolpy)

"Eu já gostava de desenhar, mas não tinha contato com nada do graffiti. Só conhecia alguns pichadores de bairro e gostava de fazer minhas pichações, mas não era pichador, eu só gostava de rabiscar. Pegava giz, spray, saía fazendo com os amigos, mais por diversão. Depois fiquei conhecendo o graffiti e comecei a reparar mais na rua" (Cuba)

"O desenho, foi desde criança que comecei. Tinha uma certa facilidade. Comecei a desenhar a minha mãe. Minha mãe dormia no sofá, cansada de cuidar da gente. Aproveitava para desenhar ela. Desenhava os cachorros em casa. Daí é um processo: você vai se envolvendo com as amizades na rua, começa a riscar uma parede aqui, outra ali. Aí tem acesso ao spray, que é aquela coisa mágica, uma tinta, com um toque que você dá, pode interferir no muro sujo" (Ota)

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Divulgação
Sem texto, livro só com desenhos narra o primeiro encontro de uma garotinha com o espelho
Sem texto, livro só com desenhos narra o primeiro encontro de uma garotinha com o espelho
 
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