Livraria da Folha

 
02/04/2010 - 19h32

"[comprimidos]" traz dose diária de reflexão em textos curtos; veja trecho

da Livraria da Folha

Divulgação
Livro promete textos sinceros para animar ou aprofundar o seu dia
Livro promete textos sinceros para animar ou aprofundar o seu dia

"[comprimidos]" é um livro de nome e formato inusitado, criado pelo compositor e músico Carlos Henry. O autor também é médico, influência que o levou a criar esse livro com pequenos "comprimidos" para a alma, que afinal das contas necessita de saúde tanto quanto o corpo.

Os tais "comprimidos" do livro, alguns apenas de uma frase, são divididos entre Liberados, Sob Receita e Controlados, que vão indicando o tom dos textos. Se em Liberados são tratados assuntos como esperança, alegria, amizade e fé, quando se chega em Controlados nos deparamos com enterros, suicídios e esquecimento.

O prefácio é assinado pela atriz Mariana Ximenes, conhecida da família desde pequena que conta que passou por uma infância embalada pelas músicas do "tio Henry", cantando Beatles, Noel Rosa e composições próprias. "Lembrança: tio Henry na rede, com seu violão e se deliciando com meu bolo de cenoura. Isso é infância".

Leia abaixo algumas das 107 pílulas de humor e sabedoria contidas em "[comprimidos]".

-

Liberados

Disse-me uma amiga, certa vez, que o problema do casamento é que a intimidade acaba por gerar desprezo. O marido parecia não concordar com essa linha de pensamento. Nunca desprezou as boas rodadas de chope e bilhar às terças e sextas, e o velho futebol com cerveja e torresmos às segundas, quintas e aos sábados.

Frase de um amigo meu, Ataúba, muito feio, na cama com uma mulher: "Me beija, criatura, faz de conta que eu não estou aqui".

Penso, logo existo. Falo, logo me arrependo.

Sob Receita

Não sou do tipo corajoso, mas de poucas coisas tenho medo. Uma delas é morrer cedo de forma estúpida; outra é ficar velho demais, precisando que alguém me dê comida na boca.

São tantas as divergências, que vamos acabar convergindo por falta de espaço.

Existe uma língua, não lembro qual, que tem uma palavra, com doze sílabas, que quer dizer silêncio.

Controlados

Certa vez parei em frente a uma casa, de onde policiais retiravam o corpo de um suicida. Várias pessoas assistiam à triste cena, mas nenhuma chorava. Por um momento, pensei compreender aquilo tudo.

Certa ocasião, um amigo cego pediu-me que lhe explicasse o azul. Tínhamos dezessete anos. Ele ficou esperando e, simplesmente, enchi-lhe a cabeça com besteiras. Ele me ouvia, sorrindo, e apertava minha mão. Morreu antes de completar vinte anos. E eu nunca mais consegui mentir daquele jeito.

Tenho impressão de ter visto a saudade. Era um homem na calçada, com uma barba longa e descuidada, tentando proteger das moscas, que o perseguiam, um pequeno retrato de mulher.

*

"[comprimidos]"
Autor: Carlos Henry
Editora: Editora Europa
Páginas: 132
Quanto: R$ 10,90
Onde comprar: Pelo telefone 0800-140090 ou pelo site da Livraria da Folha

 
Voltar ao topo da página