Livraria da Folha

 
03/04/2010 - 15h11

Menina prostituída cria mundo imaginário para sobreviver em "O Caderno Azul"

da Livraria da Folha

Quando o médico norte-americano James A. Levine entrevistou como parte de uma pesquisa médica crianças abandonadas em uma rua onde menores de idade se prostituem em Mumbai, Índia, uma cena em particular chamou a sua atenção: uma menina escrevendo em um caderno do lado de fora do seu minúsculo quartinho. A imagem poderosa de uma jovem prostituta envolvida no ato de escrever deixou o médico assombrado e, a partir daí, ele mesmo começou a escrever este que é o seu romance de estreia.

Divulgação
Escrever em caderno azul é a única fonte de prazer de escrava sexual
Escrever em caderno azul é a única fonte de prazer de escrava sexual

Em "O Caderno Azul", uma prostituta indiana de 15 anos coloca seus pensamentos, sonhos e devaneios no papel como uma forma de sobrevivência. A obra narra a história de Batuk, menina que sai do campo para a cidade de Mumbai, onde é vendida pelo pai para uma casa de prostituição.

No livro, Batuk escreve seu diário em um caderno azul. Ela lembra de sua infância recente, conta como aprendeu a ler e escrever enquanto se recuperava de uma tuberculose, fala sobre sua vida na Common Street e como foi sua transformação de menina inocente a escrava sexual.

Para lidar com a dura realidade e com a brutalidade de suas relações, a pequena Batuk também cria histórias fantásticas sobre um leopardo com olhos prateados e fábulas baseadas nas pessoas que a cercam, como um texto sobre um pobre garoto que se sente um gigante com uma única moeda de ouro.

"O Caderno Azul" mostra como a escrita pode dar sentido à vida e ajudar a transcender as piores situações. É um lembrete da força do espírito humano.

 
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