da Livraria da Folha
Romance, contos, memória e ficção. No dia 27 de abril, a Companhia das Letras retoma a publicação de três volumes de uma das mais importantes escritoras brasileiras, Lygia Fagundes Telles. "As Horas Nuas", "A Estrutura da Bolha de Sabão" e "Durante Aquele Estranho Chá" são os escolhidos da vez.
Monte sua biblioteca com obras de Lygia Fagundes Telles
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Publicado em 1989, romance é tido como um dos mais sutis da autora |
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Contos examinam personagens tão frágeis quanto uma bolha de sabão |
Com posfácio de José Paulo Paes, As Horas Nuas percorre os amores de uma atriz decadente de teatro, Rosa Ambrósio. No romance, Lygia alterna pontos de vista e vozes, e retoma uma de suas principais características: a transição do fluxo interno de consciência para a narrativa em terceira pessoa. O movimento feminista, a cultura de massa, a Aids e as drogas compõem os destinos individuais dos personagens, dentre eles Miguel, Gregório e Diogo. O volume foi publicado originalmente em 1989 e é considerado um dos romances mais sutis da autora.
Alfredo Bosi esboça o prefácio dos oito contos de "A Estrutura da Bolha de Sabão". Os protagonistas destas histórias beiram à calamidade emocional e racional. Procuram centrar-se em si próprios, mas não conseguem chegar a um consenso. Envoltos em uma bolha de sabão simbólica, vemos que esses personagens encontram-se desconfortáveis nos ambientes que vivem. Secretos podres familiares, desenganos amorosos e vocações frustradas alternam-se no tom de contar da escritora. De descrições objetivas à fluxos de consciência, Lygia revela que a vida é mais frágil e menos translúcida do que a estrutura de uma bolha de sabão.
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Textos breves, de várias épocas, compõem rico painel de memórias |
"Durante Aquele Estranho Chá" agrupa textos breves, reunidos pela primeira vez em 2002 e que compõem um vívido painel de memórias de Lygia. Neles, participamos de seus encontros e diálogos com personalidades literárias que influenciaram a sua formação como contadora de histórias.
Por meio de fragmentos de memórias, conversas com os franceses Simone de Beauvoir e Jean-Paul Sartre, visitas a Jorge Amado e Zélia Gattai, até um estranho diálogo com o autor argentino Jorge Luis Borges, a autora revista momentos que enriqueceram sua sensibilidade artística e sua visão de mundo. O volume tem o posfácio assinado por Alberto da Costa e Silva.
Com essas três reedições, o leitor percebe a polifonia nos textos da escritora. Sob o olhar crítico e solidário da autora, as narrativas variam conforme a temperatura escrita que Lygia lhes imprime. Ela contemporiza experiências ficcionais para contar com serenidade e inquietação parábolas de vidas inanimadas pelo tempo.